Poder e Cotidiano em Sergipe
MPF e OAB encaminham carta ao Governo de Sergipe pela criação e garantia de autonomia de órgãos de combate à tortura 21 de Julho 12H:50
PODER

MPF e OAB encaminham carta ao Governo de Sergipe pela criação e garantia de autonomia de órgãos de combate à tortura

Documento foi aprovado durante a Audiência Pública realizada pelo MPF e OAB, em parceria com DPU, DPE, MP/SE, MPT, UFS, Seias e MNDH/SE

 

O Ministério Público Federal em Sergipe e a Ordem dos Advogados do Brasil em Sergipe encaminharam nesta terça, 20, ao governador de Sergipe, Belivaldo Chagas, a Carta de 14 de Julho, para que sejam adotadas providências que garantam a implantação do Comitê e do Mecanismo de Prevenção e Combate à Tortura em Sergipe.

O documento foi proposto e aprovado na audiência pública “Os desafios do combate à tortura: a importância da implementação do Comitê e do Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura”, realizada na última quarta-feira (14/07). Os órgãos foram criados há cinco anos pela Lei Estadual n. 8.135/2016 com o objetivo de monitorar os espaços de privação de liberdade, mas não chegaram a ser implantados.

A audiência pública foi organizada pelo Ministério Público Federal em Sergipe e pela Ordem dos Advogados do Brasil em Sergipe, em parceria com a Defensoria Pública da União, a Defensoria Pública do Estado, o Ministério Público do Trabalho em Sergipe, o Ministério Público do Estado de Sergipe, a Universidade Federal de Sergipe e Secretaria de Estado da Inclusão e Assistência Social de Sergipe e o Movimento Nacional de Direitos Humanos, regional Sergipe.

Durante o evento foram debatidas as dificuldades encontradas para a prevenção e combate à tortura em espaços de privação de liberdade em Sergipe, em especial a necessidade de implementar, estruturar e garantir efetiva autonomia ao Comitê e ao Mecanismo de Prevenção e Combate à Tortura de Sergipe. As conclusões foram reunidas em uma Carta contendo sete providências que precisam ser adotadas pelo Estado para cumprir os compromissos previstos no Protocolo Facultativo da ONU contra a Tortura e na legislação nacional.

Na Carta de 14 de Julho, foi solicitado ao governo do Estado que lance os editais para formação do Comitê e que esteja atento a estabelecer requisitos adequados à realidade local, evitando que ocorra problemas registrados nos editais anteriores, que não tiveram candidaturas. O documento propõe ainda que seja oferecido apoio técnico e de formação ao Comitê, com a realização de cursos de capacitação para seus membros.

Outro ponto em destaque na carta é a necessidade de garantir a autonomia institucional e a independência dos membros do Mecanismo, que é a principal ferramenta de prevenção e combate à tortura, responsável por planejar e realizar visitas regulares e não avisadas a locais de privação de liberdade. Para isso, é necessário prever dotação orçamentária específica e adequada para funcionamento do Mecanismo, além de remuneração aos três membros a serem selecionados para sua composição, como já acontece nos Estados de Pernambuco, Rio de Janeiro e Rondônia e no Mecanismo Nacional.

Audiência - O evento foi realizado de forma on line, através da plataforma Zoom, com transmissão pelo canal do MPF em Sergipe no Youtube e teve 70 participantes.

Entre as palestrantes, Sylvia Dias, consultora Jurídica Sênior da Associação para Prevenção da Tortura no Brasil, apresentou um panorama da criação dos órgãos de combate e prevenção à tortura no Brasil e os desafios estratégicos desses órgãos. Já Graziela Sereno, membro do Mecanismo de Prevenção e Combate à tortura do Estado do Rio de Janeiro, trouxe experiências da rotina do Mecanismo, destacando a importância da interlocução com o Poder Legislativo para avançar nas medidas preventivas em relação à proteção das pessoas privadas de liberdade.

Patrícia de Oliveira da Silva trouxe uma visão do problema em duas faces: como familiar de vítima de violência e ativista pelos direitos humanos, tendo sido membro do Comitê e do Mecanismo de Prevenção e Combate à tortura do Rio de Janeiro. Em sua fala, Patrícia destacou a importância de garantir a instalação dos órgãos de prevenção e combate à tortura em Sergipe neste momento, que a palestrante considera de “retrocessos na proteção dos direitos humanos” e lembrou da sua experiência nesses órgãos: “Estar toda semana no sistema prisional muda sua visão sobre tema. É importante ter familiares e pessoas que passaram pelo sistema no mecanismo, que tragam suas perspectivas e possam contribuir para os resultados do trabalho”, completou.

Lídia Anjos, diretora de Inclusão e Direitos Humanos da Secretaria de Estado da Inclusão e Assistência Social de Sergipe, reafirmou, na audiência, o compromisso do Governo do Estado na criação dos órgãos e na garantia da autonomia dos integrantes do Comitê e do Mecanismo. “Vamos buscar experiências para garantir autonomia para esses integrantes e essas integrantes que, afinal de contas, vão estar numa posição de visibilidade, dentro de uma conjuntura de recrudescimento de perda de direitos”, destacou.

Confira aqui a íntegra da Carta de 14 de Julho

Texto e arte: Ascom/MPF

Comentários

  • Seja o(a) primeiro(a) a comentar!

Deixe seu comentário

Imagem de Segurança
* CAMPOS OBRIGATÓRIOS
Whatsapp

Receba notícias no seu Whatsapp.

Cadastre seu número agora mesmo!

Houve um erro ao enviar. Tente novamente mais tarde.
Seu número foi cadastrado com sucesso! Em breve você receberá nossas notícias.