Poder e Cotidiano em Sergipe
Empresários demitem trabalhadores que não votaram em Aécio 10 de Novembro 17H:44

Empresários demitem trabalhadores que não votaram em Aécio

Ainda vai levar um tempo para curar as marcas deixadas pelo segundo turno da eleição presidencial. Movidos por um sentimento agressivo e antidemocrático de vingança, estimulado por mensagens que circulam pela internet, diversos empresários estão demitindo funcionários que votaram em Dilma Roussef (PT), por pura retaliação. Outros estão diminuindo (ou cortando de vez) vários tipos de doações e benfeitorias que costumavam dedicar aos funcionários mais humildes.

Esses empresários, mais enraivados com a derrota de Aécio Neves (PSDB) nas urnas, chegam a dizer: “agora vocês vão pedir a presidente que vocês reelegeram”. A atitude é lamentável por diversos motivos.


Além de revelar a verdadeira face de muitos falsos democratas, essa tentativa de amedrontar os trabalhadores, para que eles votem no candidato que seus chefes desejam, cheira a um coronelismo que não cabe na nossa sociedade.


Muito mais do que revelar um choro de perdedor, o fato também mostra uma extrema falta de sensibilidade. Pessoas bem sucedidas, que destinavam alguma preocupação aos subalternos de baixa instrução, sucumbiram ante o acirramento e estão caindo nesta verdadeira armadilha.


Patrulha ideológica
Mas há ainda outro alerta: demitir ou contratar funcionários de acordo com suas crenças políticas, religiosas ou sexuais, não parece ser a forma mais eficiente de selecionar bons colaboradores - que possam inclusive alavancar as empresas em que atuam.


Os empresários que estão cegos pelo ódio do acirramento político e agora se dedicam a esta verdadeira patrulha ideológica podem se arrepender disso em breve, percebendo o erro da pior maneira possível: funcionários que lhe sejam submissos politicamente, mas que para a empresa, sejam um fardo – ou seja, que não tenham competência adequada para trabalhar.


E há ainda outro porém. O mundo vive uma crise econômica que não deverá arrefecer no próximo ano, o Brasil cresce a índices tímidos, mas alguns setores continuam se expandindo e o governo vem conseguindo manter as taxas de desemprego entre as mais baixas do mundo.


Resultado: quem demitiu funcionário por motivos políticos, provavelmente terá que fazer novas contratações, pra substituir quem deixou a firma. Mas não há mão-de-obra em abundância no mercado.


Desemprego baixo e maior acesso ao ensino técnico e superior é uma combinação que faz com que muitos trabalhadores possam escolher onde vão querer trabalhar – e não o contrário. Por isso, o empresário inteligente deveria se preocupar em manter bons trabalhadores nos quadros da sua firma, ao invés de expurgar eleitores do PT. Em breve eles estarão precisando de gente para suprir as vagas abertas com as demissões, mas muitos não vão conseguir.


Correm inclusive o risco de ficar com a fama de coronéis empresariais que querem influir nos votos dos seus trabalhadores – tornando suas empresas a última opção de emprego. O cara só irá procurar trabalho por lá, se não conseguir em outro canto.


O Brasil precisa de paz e democracia. Os que chegaram agora ao debate político e foram derrotados pela maioria devem aprender a exercer o papel que lhes cabe: a contestação do governo e o questionamento dos atos administrativos, além de, é claro, apontar soluções. Tudo na paz, sem retaliações.

Comentários

  • Seja o(a) primeiro(a) a comentar!

Deixe seu comentário

Imagem de Segurança
* CAMPOS OBRIGATÓRIOS
Whatsapp

Receba notícias no seu Whatsapp.

Cadastre seu número agora mesmo!

Houve um erro ao enviar. Tente novamente mais tarde.
Seu número foi cadastrado com sucesso! Em breve você receberá nossas notícias.