Vinicius Mazza*
Independência do Brasil! Após o grito de “Independência ou morte” de D. Pedro I, as margens do Rio Ipiranga em 07 de Setembro de 1822, a Petrobras foi o símbolo de dois, dos raros momentos de nossa historia, em que foi aflorado o sentimento de independência da nossa república, já que para muitos, só poderia ser alcançada com a exploração do petróleo brasileiro.
Tanto em 1953 no seu nascimento, governo de Getúlio Vargas auge do nacionalismo Brasileiro, quanto em 2007 na descoberta do pré-sal quando o governo acenou com a possibilidade de que 100% dos royalties iriam para a educação, o que impulsionaria o "futuro do País", a expectativa sempre foi de que a Petrobras seria a solução de boa parte dos problemas brasileiros.
Poucos anos depois, contudo, o cenário de euforia foi substituído por um ambiente de desalento. Com investigação sobre corrupção, renúncia de diretores, ingerência política, represamento do preço do combustível, sobe e desce de ações, queda do preço do petróleo no mercado internacional, desvalorização cambial, a Petrobras passa por uma fase turbulenta, acarretando em mais um trimestre de resultado negativo – Déficit de R$ 3,759 Bilhões de Jul à Set 2015.
Alguns números divulgados atualmente elucidam a situação real da empresa. A dívida líquida da Petrobras subiu 43% em nove meses, para R$ 402,3 bilhões no final de setembro. No final de 2014, o endividamento total era de R$ 282 bilhões. As ações preferências da Petrobras tiveram uma queda de mais de 23% no acumulado do ano.
Em valor de mercado, a companhia encolheu mais de R$ 15 bilhões em 2015, saindo de R$ 127 bilhões no final de 2014, para os atuais R$ 112 bilhões avaliados na bolsa. Para se ter uma idéia, de quanto esse número é baixo, no auge, em maio de 2008, o conjunto de ações da Petrobras na Bovespa somou R$ 510,4 bilhões.
A interferência política nas operações da empresa tem causado um total descompasso no resultado. Começando pela operação Lava Jato, que mostrou o quanto o aparelhamento político da estatal, em detrimento a escolha de técnicos capacitados na administração, trouxe uma perda calculada com corrupção de R$ 6,2 Bilhões – a Polícia Federal estima que esse valor possa chegar a R$ 40 Bilhões.
Além, da interferência “eleitoral” no ano passado que no intuito de controlar a inflação, decidiu por congelar o preço do combustível, levando com isso, a um prejuízo da companhia por quatro meses consecutivos de R$ 0,20 por litro pago.
Outros fatores externos também influenciam os números apresentados. O Primeiro deles é o preço do barril do petróleo que hoje se encontra próximo dos US$ 50,00 – O valor já chegou a US$ 120,00 em Mar/2012. Como o petróleo do pré-sal, tem um custo muito alto para sua extração, já que o mesmo se encontra a mais de 6 km de profundidade – estima-se US$ 45,00 por barril -, o lucro hoje na exportação do barril passou a ser bem menor do que o idealizado na época da descoberta do mesmo. Outro fator importante é a desvalorização do Real frente ao Dólar.
Como 70% da dívida da Petrobras estão atreladas a moeda americana, quanto maior a desvalorização da nossa moeda, maior será a dívida da empresa. Estima-se que a cada R$ 0,10 de valorização do dólar, a dívida da estatal aumenta em R$ 10 bilhões.
Apesar da previsão da venda de alguns ativos no próximo ano, e dos números de produção e exportação da companhia terem aumentado, o cenário nesse momento é nebuloso. A relação risco-retorno no curto prazo não se apresenta favorável diante dos fatores apresentados. Já para um horizonte mais distante, o papel pode ate se tornar uma boa opção, mas para isso, a companhia precisa reverter seus problemas financeiros rapidamente, e assim, sobreviver a esse momento conturbado.
*vinicius@mazzaconsultoria.com.br
Engenheiro, Consultor SEBRAE Nacional