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Aracaju 167 anos: memórias afetivas acompanham aracajuanos que moram fora da cidade 29 de Março 7H:04
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Aracaju 167 anos: memórias afetivas acompanham aracajuanos que moram fora da cidade

A capital sergipana é reconhecida por ter um espírito acolhedor. Quem visita Aracaju, carrega consigo o desejo de voltar. Para quem nasceu ou fincou raízes na capital e, por algum motivo, teve que tomar outros rumos, o sentimento saudosista fica expresso na memória, no cheiro, na cor, no sabor. Quem parte, mantém o afeto e leva para onde vai a saudade dos tempos em que Aracaju foi morada e deu aconchego de lar.

A comunicadora Letícia Sobral mora há dez anos fora das terras aracajuanas. Foi crescendo num lar com os pais e quatro irmãos que ela criou os primeiros vínculos com a cidade que, hoje, guarda parte significativa do seu afeto. Morando, atualmente, em Budapeste, na Hungria, Letícia reconhece os valores adquiridos na capital sergipana.

“Sou o que sou porque eu nasci em Aracaju. Hoje, morando há tanto tempo fora, olho para a minha cidade com um olhar muito mais amoroso, e valorizo muito mais a oportunidade de ter nascido e voltado diversas vezes à cidade”, ressalta Letícia.

Em sua experiência longe de Aracaju, vivenciado a rotina em outras cidades, ela lembra o que aguça a saudade da capital sergipana, além da sua grande família.

“Uma das coisas que adoro, em Aracaju, é o passeio pro rio e assistir o sol se pôr, em Matapuã. Sempre que vou com alguém que não conhece Aracaju, levo a Matapuã, e sempre tem um pôr do sol muito bonito. Gosto de pedalar pela cidade e, como a cidade tem muitas ciclovias, conseguimos pedalar do Centro até a praia de bicicleta. Outra coisa que eu gosto é poder ir a um show mais intimista e encontrar muita gente conhecida, amigos que não via há um tempo, e isso é muito aconchegante", diz.

Essa facilidade em encontrar as pessoas é um diferencial, como observa Letícia. "Em 15 minutos consigo encontrar meus amigos. Como morei em São Paulo, lá temos que marcar com antecedência para o encontro acontecer. Em Aracaju, não. Basta falar com a pessoa no mesmo dia que é possível. Essa relação mais próxima com as pessoas é muito bacana. Ir a um médico que conhece a sua família. Deixa tudo mais familiar”, relata a comunicadora.

Esse ar familiar é justamente uma das coisas que fazem o arquiteto Ítalo Leal permanecer, de alguma forma, em Aracaju. Há quase quatro anos ele arrumou as malas e partiu rumo ao Canadá, onde reside até hoje, mas deixou nas terras aracajuanas uma parte de si que enraizou.

Nascido na Bahia, Ítalo se mudou para Aracaju aos 15 anos e por aqui viveu mais tempo do que em sua terra natal. “As famílias dos meus pais são de Aracaju e, quando me mudei para estudar Arquitetura, a cidade passou a ter um gosto de férias, mesmo quando passei a morar nela. Aracaju é uma cidade que me acolheu, que me deu projeção, que ajudou a construir a minha carreira e, hoje, morando fora, sigo com o mesmo olhar, um olhar de férias, de uma cidade que acolhe. Se eu pensasse em voltar para casa, a minha casa é Aracaju”, revela Ítalo.

Ao lembrar da sua rotina na capital sergipana, o arquiteto recorda o trajeto que fazia de um bairro a outro e o gosto em poder desfrutar da brisa da Orla da Atalaia para espairecer durante os dias mais corridos.

“Um dos lugares que acho mais bonito, em Aracaju, é a avenida Ivo do Prado, em direção ao Centro, quando a gente olha pro Rio Sergipe e vê a Barra dos Coqueiros. Para mim, é a vista mais bonita da cidade. Durante os meus cinco anos da faculdade, quando eu saia da Coroa do Meio para ir ao Centro, onde estudava, o trajeto de ônibus era gratificante: cruzar pela ponte, ir pela 13 de Julho, passar pela Ivo do Prado e ver os primeiros raios de sol do dia. Essa é uma das memórias mais fortes que tenho”, lembra Ítalo.

Para ele, o grande diferencial da “pequena” é ser uma capital que ainda consegue manter as pessoas próximas. “Por mais que tenha o seu desenvolvimento, conseguimos encontrar as pessoas com facilidade, nos deslocar de Norte a Sul da cidade com agilidade e encontrar o que precisamos. Quando a gente mora fora, passa a dar valor a pequenas coisas que Aracaju tem como diferencial, como ir ao supermercado e encontrar algum conhecido. Parece ser uma coisa boba, mas quando se mora fora e não se tem uma rede de amigos próximos, isso faz falta. Se hoje estou em Vancouver não é porque eu não estava feliz em Aracaju, mas, sim, porque Aracaju me deu as ferramentas para eu poder crescer profissional e pessoalmente”, destaca.

Em 2017, João Camilo assumiu as funções após ter passado em um concurso, no interior da Bahia. Pouco depois, em 2019, ao passar em outra prova, arrumou as malas e partiu para Brasília, onde passou a residir desde então. Além dos familiares e amigos, o servidor público sente as circunstâncias que tornaram suas visitas a Aracaju mais espaçadas.

“Sinto falta de tudo o que me lembra Aracaju. Primeiramente, da família e dos amigos, mas também dos lugares. As praias, os bares, as festas juninas. Até do céu de Aracaju eu sinto falta. Infelizmente, as restrições da pandemia diminuíram minhas visitas à cidade desde 2020, mas, agora, pretendo retomá-las com uma frequência maior”, almeja João.

Em sua linha do tempo, ele recorda que cresceu observando, em paralelo, o desenvolvimento da capital sergipana com olhar vívido. “Os cenários de Aracaju me marcaram em diferentes fases e épocas da vida. Na infância, as ruas do bairro onde morei. Uma das satisfações foi ter visto o crescimento dos shoppings da cidade, que ressaltavam o desenvolvimento. Já na juventude, os bares, no período de faculdade, dos shows e das festas. Mas o grande diferencial mesmo de Aracaju está nos aracajuanos porque foi com eles que estabeleci os maiores e melhores laços da minha vida", completa.

Foto: Pedro Leite

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