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57% dos brasileiros acreditam que bandido bom é bandido morto, diz pesquisa do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 3 de Novembro 8H:40

57% dos brasileiros acreditam que bandido bom é bandido morto, diz pesquisa do Anuário Brasileiro de Segurança Pública

A maior parte dos brasileiros (64%) acredita que os policiais são caçados pelos criminosos, de acordo com pesquisa realizada pelo Datafolha a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). O que justificaria o elevado número de policiais mortos em 2015: 393. A percepção é ainda maior nas regiões Sudeste (66% dos brasileiros têm a mesma opinião), Norte (67%) e Centro-Oeste (69%). Também chama a atenção que entre as famílias com renda mensal superior a dez salários mínimos, a concordância é de 72%. Os números, alarmantes, integram o 10° Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que será divulgado hoje, dia 3.

 

Segundo o Datafolha, 63% dos brasileiros acreditam que as polícias não têm boas condições de trabalho, contudo, 52% afirmam que a polícia civil faz um bom trabalho esclarecendo crimes e 50%, que a polícia militar garante a segurança da população. Ou seja, mesmo com problemas, as polícias brasileiras são reconhecidas como essenciais pela população. Porém, a forma como elas atuam não é bem avaliada pela maioria.

 

De acordo com a pesquisa, 70% da população sente que as polícias cometem excessos de violência no exercício da função. Entre os jovens de 16 a 24 anos de idade, essa sensação é ainda mais nítida, sedo que 75% deles acreditam que os policiais exageram no uso da violência. Além disso, 53% dos brasileiros (60% dos jovens de 16 a 24 anos de idade) têm medo de ser vítima de violência por parte da polícia civil e 59% (67% dos jovens de 16 a 24 anos) temem ser agredidos por policiais militares.

 

 

“O fato de mais brasileiros terem medo de ser agredidos pelas polícias do que aqueles que consideram o seu trabalho eficiente é um forte indicativo de que precisamos repensar o modelo de atuação vigente, aproximando os policiais da população”, alerta Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do FBSP. “Tanto para que a população se sinta mais segura, quanto para que o policial se sinta mais valorizado e não precise, por exemplo, esconder a farda para voltar do trabalho para casa, com medo de ser assassinado. Os dados mostram que falar deste quadro não é, como muitos defendem, falar mal da polícia, mas sim valorizar o policial e proteger sua vida.”

 

Vida esta que, para o FBSP, tem que estar no centro das políticas públicas no Brasil, mesmo quando a violência é, muitas vezes, legitimada. Isso porque, ainda de acordo com os dados do Datafolha, 57% dos brasileiros acreditam que “bandido bom é bandido morto” (62% em municípios com menos de 50 mil habitantes).

 

Um pensamento que certamente influencia o comportamento das polícias que, da mesma forma que morrem em níveis inaceitáveis, com uma quantidade que representa o dobro de mortes em relação aos policiais dos EUA, também matam muito. Enquanto a taxa de mortes decorrentes de intervenção policial no Brasil é de 1,6 para cada grupo de 100 mil habitantes, em Honduras, país mais violento do mundo, ela é de 1,2 mortes por 100 mil habitantes e, na África do Sul, essa mesma taxa é de 1,1.

 

Ainda acreditamos que a violência do criminoso justifica a violência do Estado e caímos na armadilha de fazer uso da mesma linguagem do crime, confundindo papéis e erodindo a confiança nas instituições”, diz Samira Bueno, diretora-executiva do FBSP. “Precisamos ser mais inteligentes do que o crime.”

 

Sobre o FBSP

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública foi constituído em março de 2006 como uma organização não-governamental, apartidária, e sem fins lucrativos, cujo objetivo é construir um ambiente de referência e cooperação técnica na área de atividade policial e na gestão de segurança pública em todo o País. O foco do FBSP é o aprimoramento técnico da atividade policial e da gestão de segurança pública. Por isso, avalia o planejamento e as políticas para o setor; a gestão da informação; os sistemas de comunicação e tecnologia; as práticas e procedimentos de ação; as políticas locais de prevenção; e os meios de controle interno e externo, dentre outras; sempre adotando como princípio o respeito à democracia, à legalidade e aos direitos humanos. O FBSP faz uma aposta radical na transparência enquanto ferramenta de prestação de contas e de modernização da segurança pública.

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