Poder e Cotidiano em Sergipe
Zezinho Sobral: “O grande desafio da Saúde é melhorar a gestão de tudo o que temos hoje” 21 de Setembro 15H:49

Zezinho Sobral: “O grande desafio da Saúde é melhorar a gestão de tudo o que temos hoje”

Secretário José Sobral diz que já existem duas máquinas de radioterapia "compradas"

 
 
O secretário de Estado da Saúde, José Macedo Sobral, afirma que houve um grande aumento no número de leitos nos hospitais gerenciados pelo governo do estado. Para ele, o grande desafio agora é gerir melhor essas vagas – daí a importância da Central de Regulação de Leitos.


Nesta entrevista ao BLOG DO MAX / JORNAL DA CIDADE ele disse que com a regulação, a secretaria conseguiu reduzir as demandas judiciais por leitos de UTI. Também explicou que com a regulação, houve uma melhora no Huse, que hoje funciona como um hospital que absorve a demanda e a distribui aos demais. “Aí ele passa a ser gerenciável”, falou o secretário.


José Sobral ainda disse que o estado não comprará uma nova máquina para radioterapia porque já existem duas compradas. Entenda essa informação conferindo a entrevista completa.
 

BLOG DO MAX – Qual é hoje o maior problema da Saúde em Sergipe, qual é o seu maior desafio?
José Sobral – O maior desafio da saúde hoje é melhorar a sua gestão. Sergipe possui um hospital, o Huse, que em 2007 tinha 270 leitos e hoje possui 570. Hoje temos seis hospitais regionais, que não existiam. Quatro deles estão em funcionamento. Estância já com 60% da sua capacidade e Glória atendendo a urgência e emergência, mas aguardando terminar a obra. A maternidade Nossa Senhora de Lourdes, que foi entregue, mas não estava funcionando, hoje tem 172 leitos funcionando. O grande desafio da Saúde é melhorar a gestão de tudo o que temos hoje.
 

BM - Quando o senhor fala em gestão, está se referindo a questões de ordem administrativa?
JS – Estou falando em gestão de Saúde. Nós tínhamos 17 leitos de UTI no HUSE, hoje temos 67. E as UTIs continuam lotadas. Por que isso acontece, mesmo com o aumento do número de leitos? Porque temos que melhorar a gestão de leitos. Hoje implementamos a Central de Regulação de Leitos, que já discutimos e apresentamos aos secretários municipais, à sociedade médica, ao sindicato dos médicos. E todos compreenderam a sua existência. Com essa regulação reduzimos as demandas judiciais por leitos de UTI. Nós aumentamos os leitos, mas continuava tendo a demanda. Hoje a demanda diminuiu porque para que o paciente acesse a UTI ele passa por um sistema de critérios objetivos, criados por médicos, para dizer como o paciente entra, e quando sai da UTI. A maternidade N. Sra. de Lourdes, por exemplo, este ano nós tivemos apenas uma queixa de superlotação.
 

BM – Então podemos dizer que o problema da superlotação nos hospitais e maternidades está resolvido?
JS – Posso dizer que ele está dentro do limite aceitável. O que é esse limite? Por exemplo, se acontecer hoje uma catástrofe, com múltiplas vítimas em um acidente, com 100 pessoas. O Huse ficaria superlotado. Dois a quatro dias depois ele voltaria a ficar normal. Ou seja, ele desempenhou a sua função, assistiu todo mundo e em seguida volta à pulsação normal. Em alguns finais de semana dão entrada até 60 acidentes de moto. Durant a semana mandamos os pacientes para o HPM, Itabaiana e Estância, analisando durante a semana. O Huse funciona como um hospital geral, absolve toda a demanda e em seguida distribui na rede. Aí ele passa a ser gerenciável, equilibra a qualidade de trabalho dos profissionais, melhora a limpeza, a assistência.
 

BM – E essa distribuição está funcionando?
JS – Está funcionando, na UTI, está funcionando no SAMU. Hoje quando um paciente entre na ambulância do Samu já sabe qual é o hospital que ele vai ser levado. Não vai ser levado só para o Huse. Ele pode ser levado para Itabaiana, Lagarto, pro Cirurgia, ou outro hospital que esteja apto a recebê-lo.
 

BM - Mas ainda vemos algumas queixas de superlotação. A que se deve isso.
JS – Nós temos hoje apenas duas áreas no Huse que são mais críticas. A primeira delas é o verde-trauma. Ela é sempre a mais tensionada. Primeiro, por conta do volume. Temos hoje mais de 600 acidentes de moto por mês, no estado de Sergipe, que vão para o Huse – fora os que vão pro regional. Temos hoje uma fratura exposta por hora, dando entrada. No fim de semana, isso dobra. 
 

BM - E o que a Secretaria tem feito para tentar melhorar o atendimento, mesmo com um número tão grande de ocorrências?
JS – Esses números são o resultado de um trabalho desenvolvido com as equipes dos hospitais, objetivando o gerenciamento e controle de leitos. Eu agora observo pra onde encaminho pacientes, qual a maior demanda, onde é preciso fazer mais cirurgias e qual é a situação que a gente enfrenta. Tudo isso tem contribuído para melhorar. 
 

BM - A quimioterapia é outro setor que continua problemático? Por que?
JS – Esse é outro caso importante de regulação. Nós tínhamos a flata de medicamentos para quimioterápicos. Hoje a quimioterapia é feita dentro do prazo  de 60 dias e a remarcação por falta de medicamento saiu de 80% para 20%. Hoje o paciente pode não fazer quimio por questões pessoais, por não estar apto a fazer, mas o medicamento está disponível. À exceção daquilo que falta no mercado.
 

BM - Então hoje não há mais falta de medicamentos para a quimioterapia?
JS – Não. O que acontece é quando um laboratório não fabrica mais determinado medicamento, quando o distribuidor é exclusivo e atrasou o fornecimento – e quando isso acontece, notificamos, abrimos processos administrativos para analisar esses casos. Multamos um e excluímos outro de processo licitatório. Isso tudo está controlado, dentro de um processo de gestão. Então hoje o Huse está menos tensionado, a maternidade N. Sra. de Lourdes teve apenas uma reclamação este ano, de superlotação – que foi superlotação de sies pacientes. 
 

BM - Você acha que a população já está sentindo essa melhora?
JS – Veja, tive duas audiências na Justiça federal e os dois juízes que estavam lá testemunharam que a demanda de procura pela Justiça, através da população, tinha caído significativamente. Eles disseram que houve uma melhoria na assistência. Digo objetivamente, do ponto de vista de demandas apresentadas. Hoje praticamente não recebemos mais nenhuma demanda judicial para leitos de UTI, por exemplo, é muito rado. Isso porque o sistema de regulação é quem regula os leitos.
 

BM - Mas ainda existem questões judiciais na área da quimioterapia e fornecimento de medicamentos...
JS – Veja, estamos trabalhando com estatísticas. Eu tive três reclamações este ano de fornecimento de medicamento. Um leite que não é o padrão, utilizado. As demandas judiciais para que o governo adquira, incluem às vezes produtos importados, que não estão liberados pela Anvisa. Precisam de despacho aduaneiro, são coisas complexas. Alguns produtos possuem fabricantes e distribuidores exclusivos, e às vezes temos problemas de compras. Então são problemas pontuais e muito setorizadas. Veja o que também acontece: recebi há pouco tempo um whatsapp com a foto de uma criança de Lagarto, dizendo que aquela criança tinha ido no Case  buscar medicação, que estava em falta. Passei para a nossa rede de regulação, que me deu um retorno. Era uma criança que tinha uma prescrição para um medicamento que nós possuímos, mas só é distribuído pelo Huse, através da quimioterapia. E o protocolo não entrega a medicação, tem que ser administrada lá e manter o paciente internado. Ou seja, não faltou medicação. Temos mostrado que em 17.400 pacientes de reclamações, tivemos esse ano quatro ou cinco intervenções, todas frutos de demanda judicial.
 

BM - E quanto ao tratamento dos pacientes com Câncer, houve avanços? A população ainda reclama
JS – Hoje a radioterapia e a quimioterapia estão sob a supervisão da nossa central de regulação. Hoje, todos os pacientes que vão fazer quimioterapia estão cadastrados conosco. E quem estabelece qual vai ser a prioridade na fila, não é só o tempo, é também a condição clínica do paciente. Existem diferentes tipos de câncer, a idade do paciente também é determinante, ou seja, existem critérios objetivos, criados pela medicina, onde profissionais médicos dizem qual tratamento deve ser ministrado para o paciente qual é a prioridade dele em relação aos demais. Nós tínhamos 570 pacientes em janeiro para fazer radioterapia 3D. Hoje temos 250. Evoluímos, reduzimos pela metade a fila. 
 

BM - E quanto à radioterapia, existem máquinas suficientes? È grande a fila para o tratamento?
JS - Temos duas Unacons em Sergipe, uma do Estado, no Huse, outra da Prefeitura, no Cirurgia. A da prefeitura faz tratamento em 2D, tem 47 pacientes em tratamento, dois na fila e não tem problemas para atendimento, está dentro do protocolo. Há uma outra máquina de radioterapia no Huse, que não é o 3D, e se chama braqueoterapia. Ela possui cerca de 100 pacientes na fila, todos fazendo seu tratamento normal, dentro do protocolo de 60 dias. Havia problema em todas elas, quando chegamos, por isso tinha 570 na fila e baixamos para 250. Gerenciamos e zeramos a fila (para dentro do protocolo, que é 60 dias) e agora estamos trabalhando na 3D. Antes tínhamos 30 pacientes por dia e hoje temos 80 pacientes, o que sobrecarrega a máquina – e ela quebra mais.           
 

BM – E porque o estado não compra mais uma máquina?
JS – Existem duas máquinas compradas e as pessoas não sabem. O então senador Almeida Lima disponibilizou uma emenda para o Hospital de Cirurgia, que possui uma máquina de 3D comprada, para importar. E tem uma segunda máquina com o Ministério da Saúde, que em 2013 baixou uma portaria, com o compromisso de instalar 80 novas máquinas de radioterapia no Brasil – sendo que Sergipe é prioridade. Já apresentamos o lugar para ser instalado e todas as licenças necessárias. E o Ministério precisa instalar, então não temos que comprar uma máquina, temos que buscar o ministério e cobrar. É competência dele, o ministério tem que fazer. Pra que vou comprar uma máquina se já tem uma para ser instalada. Todos devemos oficiar o Ministério da Saúde, o próprio Ministério Público Federal pode fazer isso.       
 

BM - Mas existe alguma previsão para a instalação dessas duas máquinas?
JS – Essa portaria identifica o que deve ser implantado, e nós estamos na relação do que deve ser prioridade. O ministério nos disse que hoje [sexta-feira, dia 18] iria homologar a licitação para determinar a implantação. Estão cobrando unicamente do estado, quando a responsabilidade é do ministério. Toda a classe política e órgãos de controle podem pedir a aceleração desse processo.
 

BM – Mas há possibilidade de entrega dessa estrutura, a curto prazo.
JS – Sendo o processo iniciado nos próximos 90 dias, a previsão é de um ano, porque o processo é complexo. A compra, deslocamento, parecer da Comissão de Energia Nuclear. O ministério da saúde fez uma visita técnica em Sergipe, no mês passado, para analisar o local e a área. O ministério anunciou então que em 60 dias iniciaremos a instalação do segundo acelerador linear para o tratamento de radioterapia em 3D em Sergipe. Precisamos reforçar esse pedido.         

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