“Sou contra a prisão para que se delate, isso é equivalente à tortura”, diz José Eduardo Cardozo

Para o ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, muitas vezes a delação premiada é utilizada em um contexto abusivo. Para ele, não é correto que se prenda uma pessoa para que ela delate.

“Uma pessoa só pode ser presa em dois casos: depois de ter sido acusada, apresentado as provas e condenada. A outra hipótese é a determinação da prisão por meio de prisão preventiva caso a pessoa comece a destruir provas, pressionar testemunhas, etc. Mas, o pretexto utilizado é o de prender para que delatem. Não posso prender para a pessoa deletar, isso é comparado à tortura. Esse método é um problema, pois o preso pode até falar mentiras para poder sair. Por isso, sou contra a prisão para que se delate”, opinou.

Sobre a reforma política, Cardozo afirmou que a discussão está muito confusa. Apesar de ser a favor de mudanças no sistema eleitoral, o ex-ministro não concorda com a maneira que ela está sendo tratada.

“O sistema político atual gera ingovernabilidade, mecanismos de cooptação, é um sistema anacrônico. Mas, a forma como o modelo está sendo discutido é uma vergonha. O financiamento público, por exemplo, tem gente que vai querer ser candidato só pelo dinheiro. Isso é uma situação totalmente reprovável”, continuou.

Recall de mandato
Uma situação defendida pelo ex-ministro, durante a entrevista, foi o recall do mandato. Para ele, a população deve ser chamada sim para decidir se o político que elegeu deve ou não permanecer com o mandato. “Acho justo o recall tanto paro o Executivo, quanto para o parlamento. Os políticos precisam assumir os compromissos e a população pode votar novamente para desconstituir o mandato daquele que elegeu e não está cumprindo com o prometido”, considerou.

O ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, está em Sergipe para uma palestra no Tribunal de Contas de Sergipe. Hoje pela manhã ele concedeu entrevista ao radialista Gilmar Carvalho, na Mix FM, de onde as informações foram extraídas.