Menos de 25% estão satisfeitos com o salário; só 28% se sentem valorizados
Só 3,5% dos juízes de Direito em Sergipe são negros. Metade dos magistrados que atuam na Justiça Estadual sergipana não nasceram aqui, e só 24,7% deles estão satisfeitos com o salário que recebem - considerando o trabalho que executam. Essas e outras informações constam no Censo Judiciário, realizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), no segundo semestre de 2013. Os dados revelados acabam com alguns mitos e estabelecem um perfil dos juízes que atuam no estado.
O censo identificou, por exemplo, que apenas 8,1% dos juízes sergipanos acreditam que o volume de trabalho que possuem permite que as tarefas sejam concluídas nas suas jornadas regulares de trabalho. Talvez por isso eles afirmaram que trabalham em média
9 horas e 29 minutos por dia. Como resultado, só 28,2% se sentem valorizados pelo exercício da magistratura.
Perfil
54,4% dos magistrados que atuam no Tribunal de Justiça de Sergipe responderam a pesquisa. A amostra revelou que entre eles, apenas 50,6% nasceram em Sergipe. Os dados revelam que temos um judiciário jovem: a maior parte ingressou na carreira entre os anos de 2005 a 2009 (27,9%), sendo que 42,4% possuem ente 30 e 39 anos (são 21,2% de 30 a 34 anos de idade e 21,2% de 35 a 39).
As informações divulgadas pelo CNJ mostram que o judiciário sergipano precisa pensar em um tema: inclusão. Hoje, só 2,3% dos magistrados sergipanos possuem algum grau de deficiência. Além disso, só 3,5% afirmaram que são de cor preta, enquanto 27,9% se declararam pardos e 68,6% de cor branca.
A informação é muito relevante, tendo em vista que de acordo com o último Censo do IBGE, 69% da população sergipana é composta por negros e pardos. Ou seja, no Judiciário há uma inversão desta pirâmide, onde a população negra claramente não consegue galgar cargos.
Trabalho e salários
A pesquisa também quis saber sobre a satisfação da categoria no trabalho, e detectou que apenas 24,7% estão satisfeitos com o salário que recebem - considerando o trabalho que executam. Mesmo com vários deles trabalhando com expedientes até as 13 horas da tarde, a pesquisa apontou que em média, um juiz em Sergipe trabalha 9 horas e 29 minutos por dia.
Apesar disso tudo, 56,5% estão satisfeitos com a carreira; 80% estão satisfeitos com o resultado dos trabalhos prestados aos cidadãos e 91,7% satisfeitos com a escolha profissional que fizeram. Eles também acham que precisam de mais auxiliares, pois só 41,7% estão satisfeitos com o numero de servidores da unidade judiciária em que trabalham.
Preocupa saber que só 39,3% da importante categoria diz possuir tempo e disposição para aprimorar seus conhecimentos a respeito dos temas com os quais trabalham. Talvez isso explique porque só 18,6% dos juízes sergipanos tenham mestrado completo – e nenhum deles tenha doutorado ou pós-doutorado completo.
De toga e batom
A pesquisa também ouviu as mulheres da magistratura sergipana. Os números revelam uma realidade aparentemente melhor que a de mulheres em outras profissões, mas deixam claro que ainda existem muitos desafios a serem superados. 13% das juízas já vivenciaram reações negativas por parte dos jurisdicionados, por serem mulher. Outros 27% já vivenciaram reações negativas por parte de outros profissionais do sistema de jurisdição, por serem do sexo femino.
De acordo com as entrevistas, 27% acham que enfrentam mais dificuldades no exercício da magistratura do que os colegas juízes homens e 52% avaliam que têm sua vida pessoal afetada em maior medida que os colegas juízes homens.
Os dados positivos: Somente 8,8% acham que enfrentam mais dificuldades nos processos de remoção e promoção que os colegas do sexo masculino e 97,1% concordam totalmente que os avaliadores são imparciais em relação candidatas mulheres.
Confiram nos gráficos outros dados disponíveis no último Censo Judiciário, que pode ser acessado também no site do CNJ - www.cnj.jus.br