Nesta entrevista que concedeu ao BLOG DO MAX / JORNAL DA CIDADE o deputado federal e presidente estadual do PT, Rogério Carvalho, não vetou de imediato uma possível entrada do DEM na aliança que apoiará a reeleição do governador Jackson Barreto (PMDB). Rogério disse que Jackson é quem escolhe a composição e caso isso realmente aconteça, o PT irá discutir e avaliar. Ele defendeu a permanência do PT na chapa majoritária e sobre a permanência de Valadares no grupo, Rogério lembra que a candidatura de Eduardo Campos a presidência provavelmente exigirá a construção de um palanque local para apoiá-lo. O deputado ainda fez uma avaliação do programa Mais Médios (do qual foi relator, na Câmara) e critica o que chamou de “Máfia das órteses e próteses”. Leia a seguir.
JORNAL DA CIDADE - Sua candidatura ao Senado é irreversível?
Rogério Carvalho - Fui escolhido pela militância do Partido dos Trabalhadores no Encontro Estadual que aconteceu em 22 de março deste ano, com o apoio de todas as tendências e agrupamentos do PT, para ser o representante na Chapa Majoritária.
JC - Além do seu partido, o PT, alguma outra sigla da base aliada já confirmou apoio à sua candidatura ao Senado?
RC- Estamos conversando com diversos partidos, como o PMDB, PSD, PDT, PRÓS, PRB entre outros.
JC - O PC do B mantém Edvaldo Nogueira como candidato ao Senado. O que você acha disso? Edvaldo lembra sempre que vocês aparecem empatados nas pesquisas.
RC – Todos os partidos da base aliada podem lançar candidatos, não somos nós do PT que vamos vetar. No entanto, o PT é o partido da base aliada que tem mais parlamentares, dois federais e quatro estaduais. Em 2012 o PT abriu mão da candidatura própria a prefeitura de Aracaju. Portanto, é mais do que justo que agora estejamos presentes na chapa majoritária. Um outro fato, é que em 2010 eu nem aparecia nas pesquisas e fui o deputado federal mais bem votado da história de Sergipe, com mais de 116 mil votos. E em 2012, na última pesquisa divulgada pelo instituto Única, em junho, eu estava à frente de Valadares Filho e ele foi candidato, apoiado por toda base governista.
JC - O senhor acredita que Jackson Barreto conseguirá manter unidos todos os partidos que estiveram na aliança da última eleição? Qual será o destino do PSB do senador Valadares?
RC- Jackson tem experiência e habilidade politica e com certeza conduzirá o processo de forma eficaz. Em relação a Valdares, a candidatura de Eduardo Campos a presidência da república provavelmente exigirá a construção de um palanque local para apoiá-lo.
JC - O PT é contra a chegada do DEM à aliança? Se Jackson Barreto fechar um acordo com o DEM, o PT estará automaticamente fora da chapa? JB terá que escolher entre DEM ou PT?
RC- Quem escolhe a composição é governador Jackson Barreto. Caso isso aconteça, nós iremos consultar a militância, discutir, avaliar e definir a posição.
JC - O senhor conseguiu aprovar na Câmara criação da CPI das órteses e próteses. Quais são os problemas verificados? É verdade que médicos e hospitais recebem altas comissões?
RC - O fornecimento desse tipo de material enfrenta problemas por causa dos altos preços cobrados pelos fabricantes. E digo mais, existe uma verdadeira “máfia das órteses e próteses” atuando no Brasil. Inclusive nos hospitais faltam vagas para operar pacientes que não utilizam órteses e próteses. No caso contrário, existe vaga para usar a sala cirúrgica e o critério é a lucratividade que o procedimento pode gerar para o estabelecimento e para o profissional. Existem casos que médicos recebem cartões de créditos corporativos vinculados aos lucros que eles geram para os fabricantes. Também chamam atenção os hospitais que recebem os produtos em consignação e ganham entre 20 e 30 por cento das empresas para armazenar e repassar órteses e próteses. Entre outros problemas.
JC - O PT estará mesmo unido na eleição de 2014? Ainda existem rusgas do último PED?
RC- Sim, está unido. O PT é um partido que não tem dono e trabalha com divergências. Estas são publicas, inclusive, o que causa estranhamento na sociedade, infelizmente, desacostumada com processos que não são democráticos como o nosso. O PED foi superado, estamos juntos em prol da unidade e do fortalecimento do Partido nesse novo momento em que estamos.
JC – Por falar em unidade, O PT de Sergipe lançou na semana passada as Caravanas Estaduais, a exemplo do Rio e Janeiro, São Paulo e outros Estados. O que as caravanas sergipanas propõem e como a militância está participando destes atos?
RC – As Caravanas são eventos que discutem as contribuições dos mandatos do PT, em nível municipal, estadual e federal, tanto nos governos como nos parlamentos, para a sociedade e as mudanças significativas lideradas pelo PT, mas que contou com o importante apoio dos partidos aliados que estiveram conosco nesse tempo. A militância está bastante animada com estes eventos e com a condução do partido nesse processo, uma vez que, nós estamos constantemente reunidos, avaliando, discutindo. Posso dizer que as Caravanas, que também contam com o apoio e presença de representantes de partidos aliados, são um exemplo prático do exercício de unidade do PT e da aglutinação de forças.
JC - O senhor foi muito criticado por ser escolhido o relator do Mais Médicos, e hoje o programa tem estatísticas que parecem boas. Mas o problema da Saúde, segundo muitos, ainda está longe de ser resolvido. O que o senhor tem a dizer sobre isso?
RC- O programa Mais Médicos foi um ato de coragem da Presidenta Dilma, que dialogou com a sociedade e buscou uma solução rápida e que atendesse os anseios da população que precisava de médicos. E isso foi feito. Segundo o último balanço são mais de 33 milhões de Brasileiros beneficiados pelo programa, 13.235 médicos atuando em 4.040 cidades. Outra coisa que sugeri no relatório foi o aumento em mais de 11mil vagas para cursos de medicina e também em residências médicas. São 12 mil 400 vagas que serão abertas de residências médicas, das quais mais de 2000 já estão disponíveis. É um grande avanço. O problema da Saúde, só será resolvido com mais recursos para que, além de médicos a gente ofereça no SUS estrutura física, mais profissionais e serviços para a população. No meu mandato, eu sugeri a reforma estrutural do SUS, a reorganização dos Recursos Humanos e fui o relator da Comissão de Financiamento da Saúde que buscava outras formas de financiamento. Ou seja, no meu mandato eu mantive o compromisso com a Saude Publica e realizamos um trabalho importante para a área na qual sou militante desde 1986.
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