“Qualquer candidato do grupo que deseje disputar o Senado precisa ter números em pesquisas”, diz Jony Marcos

Nesta entrevista concedida ao BLOG DO MAX/JORNAL DA CIDADE o deputado federal Jony Marcos confirmou que o seu partido, o PRB, trabalha para indicar Heleno Silva para disputar uma vaga para o Senado.

Ainda assim ele diz que o grupo não fecha portas e não descarta o interesse pela indicação do vice numa possível chapa encabeçada por Belivaldo Chagas.

Jony ainda disse que o ex-presidente Lula seria um excelente candidato à presidência, e que o povo do interior do estado tem grande preferência pelo petista – mas ele acredita que não deixarão o ex-presidente ser candidato.

O deputado ainda fala que o governo federal tem abandonado Sergipe e falou sobre a situação dos produtores rurais endividados por conta da seca. Confira!

BLOG DO MAX - Quando o seu grupo pretende definir se terá candidato ao Senado?
Jony Marcos – O grupo do PRB luta, tem trabalhado para conseguir uma vaga no majoritário. Certamente nós acreditamos que a vaga para o Senado seria mais interessante para o PRB, por conta das pesquisas que apontam que o pastor Heleno hoje tem sido um grande nome para enfrentar uma eleição para o Senado. As pesquisas mostram que há um interesse do eleitorado que vota em Heleno em vê-lo no Senado. Nas cidades no interior, na capital, ele aparece bem em várias pesquisas. Mas o PRB não fechou porta nenhuma. Da mesma forma que o PRB trabalha para encontrar porta aberta, o PRB também não fecha nenhuma porta. Então nós poderíamos discutir sim a possibilidade de participação do PRB numa indicação numa vaga majoritária como vice-governador. Enfim, nós temos grande nomes no PRB, que poderiam ocupar um espaço desses, numa possível candidatura,

BM- O anúncio do governador Jackson Barreto de que irá disputar o Senado dificulta a indicação de Heleno Silva para a mesma vaga? O grupo teria interesse em indicar o vice numa chapa encabeçada por Belivaldo Chagas?
JM – Olha, eu acho que o anúncio do governador Jackson Barreto, de que ele irá concorrer ao Senado, não atrapalha nem dificulta uma possível candidatura do Heleno. Até porque nós temos duas vagas para o Senado. Nós temos quatro vagas para a disputa majoritária: uma para o governo, outra para vice e duas para o Senado. Eu vejo de forma positiva que a escolha do Heleno como pré-candidato ao Senado só deve ocorrer se os números nas pesquisas apontarem isso, como qualquer outro candidato do grupo que deseje disputar o Senado: precisa ter números pra isso.

BM - O senhor disputará a reeleição? Jairo de Glória continuará sendo o nome do grupo para estadual?
JM – Eu sou pré-candidato à reeleição e Jairo é pré-candidato à reeleição também. Jairo é o nosso pré-candidato no sertão. No sertão de Sergipe o grupo do PRB, de Jony e Heleno, acompanha Jairo. Como nós temos outros pré-candidatos em outras regiões do estado. A professora Adriana Leite no centro-sul. O nosso amigo Monteirinho, vice-prefeito de Rosário do Catete. No baixo São Francisco nós temos candidatos que são ligados à Polícia Militar. Nós temos pré-candidatos em vários seguimentos e o PRB deverá ajudar cada um deles.

BM - O senhor já defende ou simpatiza com alguma candidatura presidencial em 2018? Qual? Por que?
JM – Eu acredito que não vão deixar que Lula seja candidato a presidente. Mas ele seria um grande nome para disputar a presidência. O PRB aguarda a decisão da Executiva Nacional. Em Sergipe temos uma grande simpatia por Lula. O nosso grupamento, liderado pelo governador Jackson Barreto já fez uma aproximação grande com o Lula. E a gente espera desenrolar a política, saber como as coisas vão acontecer, para que a gente possa tomar as nossas decisões e encontramos um caminho para a presidência da República. Mas hoje a simpatia é muito grande pela possibilidade da candidatura de Lula.

BM- O senhor acredita que Lula tem chances de ganhar a eleição, caso ele possa candidatar-se? O senhor, que caminha pelo sertão e pelo interior do estado, sente alguma predileção do povo?
JM – Meu partido, como eu disse, ainda não fechou questão. Agora, no interior do Estado, acompanhando números de pesquisas e opinião popular mostram que o povo do interior quer votar em Lula. Canindé do São Francisco, por exemplo, na última pesquisas que nós fizemos agora, Lula tinha 79% das intenções de voto de Canindé. Isso mostra realmente que existe uma intenção do povo do interior de acompanhar uma pretensa candidatura dele.

BM - As chuvas que caíram recentemente no sertão aliviaram a seca? Como está a situação dos agricultores que perderam a safra? Há famílias ainda em dificuldades por causa da última seca?
JM - Olha, as chuvas que caíram no sertão foram muito boas. Quem plantou milho por exemplo, conseguiu fazer os seus silos, tem silagem suficiente para cuidar dos seus animais durante muito tempo. As barragens ficaram cheias, graças a Deus todas as barragens encheram, enfim. Mas o que tem acontecido com o povo do sertão, com os produtores rurais principalmente, é que a seca foi tão grande durante seis anos, que deixou uma situação muito difícil para quem tomou empréstimo. Muitos produtores que tomaram empréstimos, precisam de ajuda para pagar este empréstimo. Estamos inclusive trabalhando em Brasília para conseguirmos mais prazo, mais tempo, para que os produtores consigam quitar as suas dívidas junto aos bancos. Inclusive a nova decisão, um decreto do presidente, que é uma batalha de todos os deputados que trabalham na Comissão de Agricultura, o Banco do Brasil decidiu não seguir. Ou seja, os débitos, as dívidas no Banco do Brasil, que precisam de mais prazo, parcelamento, o Bando do Brasil decidiu não aderir à esta decisão do governo. Então a gente está trabalhando muito, porque o que aconteceu é que muitos pegaram o empréstimo e hoje não estão pagando porque tiveram prejuízos contínuos, seguidamente, através dos seis anos que houve essa seca terrível e perdas no sertão. Agora que o produtor rural começou a receber um fôlego, por conta da chuva, com o parcelamento das dívidas e novos prazos, a gente tem esperança de que tudo vá ser resolvido.

BM - Qual é a realidade das prefeituras do sertão sergipano? Todas enfrentam dificuldades e falta de recursos? As prefeituras do sertão estão quebradas, financeiramente? O que pode ser feito para ajudá-las?
JM – Sobre as prefeituras, nós temos realidades diferentes entre prefeituras. Mas uma coisa é certa: Nenhum prefeito hoje tem facilidade. Nenhum prefeito tem facilidade hoje para gerir os seus municípios, falta recursos ,diminuiu muito o Fundo de Participação dos Municípios, impostos arrecadados, produção, ISS. Com o desemprego veio muitas dificuldades para os municípios. E hoje a grande maioria dos prefeitos do interior não conseguem cumprir as metas da Lei de Responsabilidade Fiscal. Outros já tem uma situação um pouco mais tranquila. Dou um exemplo claro em relação a Poço Redondo e Canindé do São Francisco, que são muito próximos. Poço Redondo cumpre a Lei de Responsabilidade Fiscal, porque tem a folha de pagamento dos servidores do município bem aquém do que manda a Lei. Já Canindé do São Francisco tem uma folha muito além do que manda a Lei de Responsabilidade Fiscal. Isso tudo por conta de uma queda brusca de arrecadação que aconteceu em Canindé do São Francisco. É preciso que ghaja um novo pacto federativo, nós trabalhamos para isso aqui em Brasília. Eu sou um deputado municipalista, que defende que uma maior parte dos recursos arrecadados pela União seja passado para os municípios – e não fiquem na União. Porque a União fica com boa parte dos recursos, mas os problemas estão localizados nos municípios. Então, se nós tivermos uma melhor divisão dos recursos arrecadados pela União e a maior parte seja passado para os municípios, vamos sanar muitos problemas que os municípios enfrentam hoje, não só em Sergipe, mas no Brasil todo.

BM- Na votação que analisou a abertura do inquérito contra o presidente Michel Temer, o voto do senhor foi bastante comentado, por ter sido considerado contundente. Qual foi o motivo disso?
JM – O meu voto, quando fomos autorizar a abertura do inquérito contra o presidente Temer, foi bastante contundente. E se fala muito, no Estado de Sergipe, que foi o voto mais contundente. Inclusive, na Câmara, dizem que foi um dos mais contundentes do Brasil, porque eu cobrei muito que ele não diminuísse recursos das Universidades Federais, que não fechasse agências do INSS, cobrei a falha que ele teve, que foi terrível, de ter anunciado o aumento do Bolsa Família e depois não ter cumprido. Foi desautorizado pelo ministro Osmar Terra, que disse que não teria condições de pagar o aumento que o próprio presidente já tinha anunciado. E no final disse: cuide do meu estado de Sergipe, que o senhor, abandonou. E por que eu disse isso? Porque enquanto Alagoas recebeu no mesmo período um bilhão de reais em recursos, Sergipe recebeu apenas R$ 100 milhões. E mesmo assim, grande parte desse dinheiro foram de emendas parlamentares que são impositivas e o governo não pode deixar de pagar. Então é claro, há um descaso com o estado de Sergipe. O governo federal não tem tido bons olhos para o estado de Sergipe. E por isso a minha cobrança contundente do governo. Votei daquela forma e cobrei daquele jeito porque entendo que o governo federal abandonou Sergipe. Porque no mesmo período a Bahia e Alagoas (que é quase do tamanho de Sergipe), recebeu dez vezes mais recursos. E o governo federal não mandou muito recurso para Sergipe, isso mostra um claro descaso. E mais, não teve nada que ele pudesse me oferecer que me pudesse fazer mudar de ideia e votar contra ele. Não aceitei cargo não aceitei emendas extras no orçamento. Votei contra ele porque entendo que ele não tem sido bom com o meu estado.