A advogada Roseline Morais acredita que
a composição entre os advogados Henry Clay Andrade e Inácio Krauss é uma evidência da força do seu nome na disputa pelo comando da OAB. Nessa entrevista ao BLOG DO MAXC / JORNAL DA CIDADE ela classificou a união dos seus adversários como “politicagem” e disse que os advogados não deverão engolir isso.
Roseline foi dura e afirmou que
dois grupos antagônicos, que viviam se digladiando, uniram-se pela sede de poder e para tentar ganhar a Ordem a qualquer preço, rateando cargos e sem propostas. Confira a conversa completa.
BLOG DO MAX - Como a senhora vê a composição entre os dois pré-candidatos a presidente da OAB, Inácio Krauss e Henri Clay?
ROSELINE MORAIS - Em primeiro lugar, como evidência da força que o meu nome adquiriu como possível concorrente à Presidência da OAB. Nosso grupo veio conquistando terreno, apresentando propostas, discutindo ideias com os advogados e cada vez mais agregando um número sempre maior de interessados em juntar-se a nós para fortalecer a entidade.
O acordo entre os dois só comprovou isso, porque se eles estivessem se sentindo fortes, em condições de disputar, não iriam lançar mão de uma composição dessas, difícil de explicar e engolir. É decepcionante ver o que está acontecendo. Porque são grupos antagônicos, que viviam se digladiando e agora, movidos pela sede de poder, abrem mão de suas posições para tentar ganhar a Ordem a qualquer preço.
BM – Por que essa visão de que seus adversários querem ganhar a Ordem a qualquer preço?
RM - De um lado, o que nós estamos assistindo é a capitulação de Inácio Krauss. Ele dizia que iria renovar a Ordeme retirar dela um grupo que, segundo ele, estaria na OAB há 18 anos, mas o que vimos foi ele cair na mais completa subserviência a um representante deste mesmo grupo, ao ponto de ceder o lugar de candidato a presidente. Ele orgulhava-se de não pertencer a esse "malfadado" grupo.
Cadê a coerência? Cadê a renovação? Cadê o compromisso com os advogados? Do outro lado, o que vemos é uma tentativa de ser presidente da OAB pela terceira vez. Ele que se dizia a terceira via, a verdadeira oposição e cujo interesse é apenas conseguir o terceiro mandato. Uma negociação feita à base do rateamento de cargos, toma lá dá cá. Cadê as propostas? Não tem, porque não tem como juntar óleo e água, porque é uma negociação feita à base do interesse de cada um. Será que não já chega? Não é hora de, realmente, dar vez a novas pessoas?
BM – Eles afirmam que a união foi para o bem maior da OAB.
RM - Esse é o discurso com que eles vão tentar se justificar para a sociedade e o conjunto dos advogados que não engolem essa traição. O que eles fizeram foi negociar com a OAB, com a nossa entidade, com cargos e posições dentro de uma diretoria e conselhos, em favor dos seus projetos políticos e de seus projetos pessoais. Querem mangar da inteligência dos advogados. Isso é feio. A gente vive criticando os políticos, as negociatas, os conchavos de gabinete. Uma verdadeira pantomima digna dos conchavos mais indignos.
BM – A senhora acredita que essa composição pode alterar o quadro da disputa pela OAB?
RM - Sim, a meu favor, porque os advogados sergipanos não engolem essa politicagem na nossa entidade, nem quer vê-la entregue a pessoas com condutas desse tipo. Desde que esse acordão foi anunciado, tenho recebido centenas de mensagens condenando essa atitude, mostrando desacordo com a forma e, sobretudo, o conteúdo dessa composição e expressando apoio ao meu nome.
São inúmeras defecções que já ocorreram do grupo deles e acreditamos que ocorrerão mais. Chamou-me especialmente a atenção a mensagem de áudio que tive conhecimento, em que um jovem advogado (cuja identidade quero preservar), que decepcionado com o que aconteceu, diz algo mais ou menos assim: “Rose acabou de ganhar mais um voto, o meu, viu. Como é que Inácio lança uma proposta e chega agora, desiste de tudo que ele pregou de renovação, se alia a Henri Clay e ainda cede a presidência a Henri Clay? Que renovação é essa?”. Essa mensagem singela, sincera e legítima resume o sentimento que toma conta da alma e dos corações de milhares de advogados. Eu fico feliz em representar a esperança para todos eles e para os demais.
BM – Essa composição poderia ter ocorrido com o seu grupo?
RM - Jamais. O grande drama de alguns nesse processo é que nós nunca topamos nos submeter às ordens de um chefe exterior à OAB/Sergipe para perpetuar quem quer que seja. Nosso compromisso não é o de perpetuar grupos, mas fazer da Ordem uma entidade autônoma, independente, apartidária, cujo compromisso principal é com os advogados sergipanos e a sociedade sergipana. Por isso, enfrentamos a oposição de uma pequena minoria dentro da própria entidade e injunções externas de quem nunca se conformou em não continuar mandando na OAB/Sergipe.
BM – O que a senhora gostaria de dizer aos advogados sergipanos?
RM - Quero dizer aos meus colegas advogados que esse episódio só fez reforçar em mim a crença nos ideais de luta dos advogados, só fez reforçar ainda mais meu compromisso com a causa dos advogados e da advocacia. Quero dizer aos meus pares que estou pronta para o embate. Aceito colocar meu nome para representar as causas de uma OAB autônoma, independente e apartidária, casa legítima e inquestionável dos advogados sergipanos e instituição guardiã dos valores da democracia, da justiça e da liberdade.
Quero chamar meus colegas advogados a juntarem-se ao nosso grupo por esse perfil de OAB. Pedir aos mais experientes, os que já passaram pela entidade e já têm uma longa estrada, que me ajudem, me ensinem, compartilhem comigo seus conhecimentos. E dizer aos mais novos, aos jovens advogados, que nós podemos fazer diferente. Não precisamos reproduzir no nosso órgão de classe as velhas práticas que tanto condenamos. Não vamos deixar que a OAB sirva de instrumento nas mãos de quem não tem compromisso com os advogados, porque para nós a OAB é inegociável. Como dizem os versos imortalizados na voz de Elis, “o novo sempre vem”. Nós somos esse novo.