Ela elogiou programas sociais do PT. Aécio disse que seu programa e de Marina são parecidos
Candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT) disse ontem que recebeu telefonema de Marina Silva (PSB), com quem disputou o primeiro turno das eleições nesse domingo (5), cumprimentando-a pelo resultado que a levou ao segundo turno com o candidato Aécio Neves (PSDB). Segundo a presidenta, ainda é cedo para prever quem a ex-adversária vai apoiar no páreo final, no próximo dia 26 de outubro. Dilma citou a criação, em seu governo, do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), indicou que a estratégia do PT de ressaltar os avanços sociais de seu governo será mantida.
“Recebi um telefonema extremamente gentil e civilizado da candidata Marina. Ela me cumprimentou pela eleição. Agradeci o cumprimento e disse que tinha certeza de que nós lutávamos por melhorar o Brasil, em que pese nossas diferenças”, relatou Dilma. Acrescentou que “hoje seria uma temeridade” qualquer sinalização dos apoios para o futuro. Para a candidata, essa decisão não depende apenas de uma pessoa, mas sim de várias instâncias. Afirmou ter certeza de que parte dos votos de Marina Silva será dividida entre ela e Aécio.
Em entrevista a jornalistas, Dilma Rousseff repetiu a meta de ofertar mais 12 milhões de vagas em cursos técnicos e de nível médio do Pronatec. Elas se somarão às mais de 8 milhões de matrículas confirmadas desde 2011. Hoje, o twitter de sua campanha divulgou um quadro com 13 “ideias novas” para um eventual segundo mandato, incluindo promessas do primeiro turno, como a integração das forças de segurança pública e a reforma do ensino médio.
Em referência às gestões de Fernando Henrique Cardoso, Dilma voltou a afirmar que a antiga lei proibia o governo federal de construir escolas técnicas. Conforme a candidata, o investimento em escolas técnicas é a base para “assegurar produtividade”.
Informou não estar surpresa com o resultado das eleições, que apontaram diferença entre ela e Aécio Neves menor do que previam as pesquisas de intenções de voto. “Não acreditamos nessa infalibilidade das pesquisas”, declarou. Citou a eleição, em primeiro turno, do governador da Bahia, Rui Costa (PT), como outra disparidade das pesquisas.
Respondendo a perguntas sobre mais uma polarização entre PT e PSDB, que poderia gerar, por parte do seu partido, a tentativa de divisão entre ricos e pobres, avaliou que a “culpa sempre cai na conta dos pobres”. “Acho que a gente tem de reconhecer que mais da metade do Brasil que recebemos deles era composta de pobres e miseráveis. Hoje, está diferente. De cada quatro brasileiros, três estão na classe média, majoritariamente, ou nas classes A e B”, assegurou, afirmando que essa “substantiva” mudança gerou mais benefícios nos estados do Nordeste.
Hoje, Dilma terá reuniões com governadores eleitos no primeiro turno pelo PT e com senadores eleitos e governadores que disputsarão o segundo turno em estados onde não há conflitos entre candidatos de sua base aliada. De acordo com a presidenta, ainda é preciso avaliar os próximos passos da campanha, mas é possível que as viagens comecem pelo Nordeste e Sudeste.
Aécio recebe ligação de Marina, mas diz que não falaram de apoio
O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, voltou a agradecer, na tarde de ontem, em São Paulo, os votos que o levaram a ficar com a segunda vaga para a disputa do segundo turno, no dia 26 de outubro. Em entrevista, Aécio destacou que espera um segundo turno propositivo e respeitoso e que teme “os monstros do presente”, que são a “inflação alta, recessão e corrupção”.
O senador mineiro revelou ter recebido, na manhã desta segunda-feira, uma ligação da ex-ministra Marina Silva, cumprimentando-o por ter chegado ao segundo turno. Candidata do PSB à Presidência, Marina ficou na terceira posição. Aécio ressaltou que eles não conversaram ainda sobre um possível apoio de Marina à sua campanha no segundo turno.
Em entrevista coletiva, ele disse, porém, que seu programa para o Brasil guarda muitas semelhanças com o de Marina e que está pronto para conversar sobre um projeto para o país.
“Vejo neles [pontos dos programas de Marina] absoluta convergência com aquilo que pensamos e que queremos para o Brasil. Há muito mais pontos convergentes do que divergentes. Vou aguardar, com serenidade, a manifestação dos partidos que não puderam estar conosco no primeiro turno e de quem disputou a eleição. E estou aberto, obviamente, para conversar em torno de um projeto para o Brasil. As propostas estão aí e sempre poderão ser aprimoradas.”
Hoje, o candidato reuniu-se com membros do seu partido. No fim da tarde, concedeu entrevista coletiva na sede do comitê de campanha a capital paulista. Também participaram da entrevista o governador reeleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o ex-governador José Serra, que venceu a eleição para o Senado. Alckmin e Serra voltaram a agradecer os votos recebidos e disseram que vão apoiar Aécio no segundo turno.
Agência Brasil