Poder e Cotidiano em Sergipe
MACHADO: 24 de Novembro 1H:58

MACHADO: "Tem espaço para Valadares na oposição"

Vice prefeito de Aracaju diz ainda que estado não possui capacidade nenhuma para fazer investimentos

O Estado de Sergipe está quebrado, não possui capacidade nenhuma para realizar investimentos. Essa é avaliação do vice-prefeito de Aracaju, José Carlos Machado (PSDB), que vai mais além: o estado não tem capacidade nem para dar a contrapartida em obras realizadas com recursos federais. Nesta entrevista ao BLOG DO MAX / JORNAL DA CIDADE Machado também falou sobre política e deixou claro que a oposição gostaria de ter ao seu lado o senador Antônio Carlos Valadares (PSB). O tucano ainda afirmou que Jackson tem a obrigação de ajudar Aracaju e adiantou um fato importante: em 2015 o Plano Diretor deverá necessariamente ser discutido na Câmara de Vereadores. Leia a seguir.

BLOG DO MAX – João Alves é candidato a reeleição?
José Carlos Machado –
Se depender de mim é. João é nosso candidato e vamos ganhar as eleições.


BM – Algumas pessoas avaliam que o senhor pode ser o próximo candidato, no lugar de João Alves.
JM –
Não me excluo, mas isso não é coisa de se discutir agora.


BM – E João tem discutido as eleições de 2016?
JM –
Não. Ele nunca me disse, nunca me confessou de forma clara se é ou não candidato. Mas ele sabe que as coisas estão se invertendo, o grupo que dominava a Prefeitura agora domina o estado, e vice-versa. Nós temos que necessariamente começar a fazer política, voltada sobretudo para os mais pobres, os mais necessitados. Afinal, prefeitura é o cargo político mais difícil de ser exercido.


BM – O senhor quer dizer então que é hora da prefeitura “mostrar serviço”?
JM –
Não, não é mostrar serviço. É procurar se voltar sobretudo na busca de soluções simples para resolver problemas complexos. Uma delas, por exemplo, foi estender o horário de funcionamento dos postos de saúde até às 20 horas, o que deixou a população muito satisfeita. O povo se preocupa com o buraco na rua, a demora na espera pelo ônibus, a falta de abrigos de ônibus adequados.


BM – Falando em Saúde, o prefeito João Alves prometeu na campanha resolver o problema da Saúde em seis meses. O que já foi feito e o que falta fazer?
JM –
A saúde é o problema que mais preocupa João Alves. Neste período de dois anos, três ou quatros secretários passaram pelo posto. Ele tentou alternativas, vimos a OS funcionando bem em Salvador, tentamos implantar aqui, mas a Justiça proibiu. As coisas estão andando e acredito muito na capacidade de João. Algumas coisas boas estão acontecendo. O atual secretário tem dialogado com a diretoria dos hospitais Cirurgia, HU, São José, HPM – que tem 60 leitos desativados. Sem parcerias e sem criatividade as coisas não se resolvem.


BM – E a implantação dos pontos eletrônicos, funciona? O vereador Agamenon denuncia que vários médicos continuam sem ir trabalhar.
JM –
O fato de ser médico não dá privilégio para ninguém. O ponto tem que ser para todos. O ponto é uma forma de inibir a falta, mas acho que o problema não está no médico, a grande maioria está disposta a colaborar. Se um ou outro abusa de atestados, uma junta médica tem que avaliar isso. Ponto eletrônico é para valer, tem que ser da servente à coordenadora, passando por médicos e enfermeiras. O prefeito instalou um sistema de imagens que dá possibilidade para ele e o secretário acompanharem oi serviço em qualquer posto, o que também foi importante.


BM – Plano Diretor foi outra promessa de João Alves. A Prefeitura tem alguma novidade?
JM –
Sem novidades, o prefeito está esperando algumas conclusões que estão sendo encaminhadas pelo escritório do Jaime Lerner. Ele confia muito em Lerner, que é um dos maiores urbanistas do mundo. Acho que a partir de 2015 esse assunto necessariamente terá que ser discutido na Câmara. Porque hoje reclama o empresário do ramo imobiliário, reclamam os vereadores. Não é uma coisa simples de resolver, os interesses da população se chocam com os interesses do mercado imobiliário. O mercado quer mais lotes e um interesse não pode prevalecer sobre o outro. Veja que a qualidade urbanística de um conjunto como o Augusto Franco é muito superior à da 13 de julho: ruas mais largas, áreas verdes, canteiros centrais etc. Não existe nos bairros ricos de Aracaju uma avenida como a Canal 4, no Augusto Franco, que proporciona qualidade de vida. Eu era engenheiro da Cehop naquele tempo, e quando projetamos, prevaleceu o interesse público. É um conflito que deve ser mediado pelo gestor, pelo prefeito e vereadores, na Câmara. Acho que necessariamente as discussões retornam em 2015.


BM – Como estão as parcerias entre a Prefeitura e o Estado, principalmente depois das declarações polêmicas dadas pelo governador e pelo prefeito? A avenida perimetral oeste, por exemplo, será afetada por uma falta de sintonia entre os dois?
JM –
Eu não valorizo essas declarações de Jackson, às vezes o cara está afobado e fala o que não deve. Todas as vezes que eu e o prefeito João Alves conversamos com Jackson, até 30 de junho (quando se definiu as candidaturas), havia da parte de Jackson uma extrema boa vontade em relação aos problemas de Aracaju, que nós vínhamos discutindo desde o tempo de Marcelo Déda. As duas grandes soluções que nos envolvem hoje: uma delas é a avenida perimetral oeste, onde há um convênio para o estado repassar R$ 50 milhões e o compromisso do estado construir a parte da avenida que fica em São Cristóvão – onde a prefeitura de Aracaju não pode agir.


BM – O senhor acredita que o governador vá cumprir esse compromisso?
JM –
Tenho absoluta certeza, não tenho dúvida nenhuma. Outro problema que está sendo bem encaminhado é o consórcio para administrar o sistema de transporte da grande Aracaju. A prefeitura da capital reivindica a gestão do consórcio, já que vai investir R$ 140 milhões, mas já está sendo tudo resolvido.


BM – E falando nisso, quando sai a licitação para o transporte urbano de Aracaju?
JM –
Estamos nos últimos detalhes, as coisas estão andando.


BM – Como o senhor avalia a situação financeira do estado?
JM -
Isso nem o governador esconde, recentemente parcelaram até o salário dos servidores. Ele precisa reorganizar esse estado. Não sou especialista em orçamento – muito embora tenha coordenado a oposição no Congresso Nacional, na comissão de orçamento. Os números que tenho na cabeça indicam que o estado está quebrado. Vejamos: O limite prudencial para gastos com pessoal é de 50% dos recursos, sendo que deve investir 25% na Educação e 12% na Saúde. A soma dá 87%. Mas há ainda o déficit da previdência, que no próximo ano vai representar 12% da receita. Ou seja, 99% dos recursos. Acabou o dinheiro do estado.


BM – Quem quebrou a previdência do Estado? O governador Marcelo Déda falava que recebeu o Ipes com um grande rombo.
JM –
Se você for falar com João Alves ele vai dizer que recebeu com déficit de governos passados. A busca de culpados não resolve o problema. E esse será o maior problema para o governador Jackson Barreto, se ele não resolver isso não terá um tostão para fazer investimentos. Há ainda o serviço da dívida, pagando o que deve. Foram seis empréstimos de Déda e dois de Jackson – João não tomou nada, porque não permitiam. O estado não possui capacidade nenhuma para fazer investimento. E o mais grave, não tem capacidade nem para dar a contrapartida, se a obra for com recursos do governo federal. É preciso cortar gastos, não tem jeito.


BM - O senhor acredita que a oposição chega unida às eleições de 2016 e 2018?
JM –
Não tenho dúvidas, é uma questão de sobrevivência. Veja que enquanto Jackson vivia separado de Déda, brigando com Valadares, não chegaram ao poder. Veja que para o PT chegar ao poder foi necessário Déda fazer eleição com Jackson e Valadares. Então a oposição que aí está, João, Amorim e Valadares (acho que Valadares deve vir fazer parte da oposição), deve se unir, por uma questão de sobrevivência.


BM – O senhor acredita que Valadares vai mesmo para a oposição? Tem espaço para ele neste grupo?
JM –
Eu acho, eu gostaria. Tem espaço para Valadares na oposição.


BM – O senhor pretende conversar como senador Valadares?
JM –
Eu converso com ele por telefone quase que semanalmente. Na próxima semana vamos conversar, inclusive porque agora já começam as discussões para as apresentações das emendas. Aliás, Jackson precisa entender que para as emendas serem aprovadas precisa ter assinaturas de 2/3 dos deputados federais e dois senadores. Então precisa de seis federais e dois senadores.


BM – Sim, mas além de discutir emendas, o senhor pretende discutir política com Valadares?
JM –
Claro, Valadares é o coordenador da bancada e João vai conversar com ele sobre as emendas de interesse a Aracaju. Jackson precisa de humildade, porque ele precisa ter as assinaturas dos deputados e senadores. Manifesto essa preocupação, mas a classe politica sempre agiu em conjunto, quando está em jogo os interesses de Sergipe. Nunca tivemos problemas com isso. O que está em jogo são os interesses de Sergipe e Aracaju. Jackson tem a obrigação de ajudar Aracaju, como tem obrigação de ajudar Itabaiana, Socorro e os outros municípios. Tenho certeza que se João precisar de Jackson, para acompanhá-lo até a presidência da república ou ministros, ele não vai negar. João conhece todos os ministros de Dilma, não tem dificuldade para ter acesso. O difícil é liberar os recursos.

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