Apesar dos recentes debates via imprensa, o deputado federal eleito João Daniel garante que não há nenhuma mágoa, nenhuma ferida dentro do PT. Para ele o debate envolvendo as correntes internas do partido serão superados, porque ele sempre foi comum à sigla. Sobre sua atuação na Câmara Federal, Daniel diz que seguirá deliberações dos movimentos e levantará bandeiras de temas como a reforma agrária, urbana e política. Para Sergipe, ele tentará buscar avanços na área da moradia popular, segurança pública, saúde, recursos hídricos e projetos importantes como o Canal Xingó. Sobre os processos movidos pelo MPF, envolvendo as verbas de subvenção da Assembleia Legislativa, ele disse que ainda não foi citado. Leia a conversa do deputado como BLOG DO MAX.
BLOG DO MAX - As feridas internas do PT não irão cicatrizar nunca? Parece que ficaram mágoas, resultado da eleição para a presidência. Isso é ruim para o partido?
JOÃO DANIEL – Não há nenhuma mágoa, nenhuma ferida. Existem questões que foram debatidas e tudo vai se resolvendo com o decorrer do tempo, debates e projetos. Acredito que isso será superado. O PT sempre teve várias discussões e debates internos, diferente de outros partidos. Sempre tem questões públicas colocadas. Mas nosso projeto é muito maior e com o debate, a discussão, a crítica e a autocrítica, com as instâncias funcionando, com a militância e filiados participando tudo está sendo superado.
BM - Na próxima legislatura o PT de Sergipe elegeu menos deputados federais. Isso pode dificultar as coisas para você?
JD – O ideal seria que o PT tivesse eleito mais deputados federais, afinal, tínhamos outros três bons candidatos. Mas foi um projeto que disputamos, e nesse projeto não era só o PT. Estava com prioridade a candidatura da presidenta Dilma Rousseff, a candidatura de Jackson Barreto ao governo do Estado e a candidatura de Rogério Carvalho para senador. Com isso, nós vamos trabalhar com muito empenho para manter o nosso partido, o Partido dos Trabalhadores, com uma boa atuação e junto com a militância, os filiados e o Estado de Sergipe, dentro de tudo que for possível, fazermos um ótimo mandato federal. Acho que não teremos dificuldades, temos apoio, articulações e trabalho prestado. Isso vai nos ajudar a superar o que vier a ocorrer.
BM - Como será a sua atuação na Câmara, como o senhor está pensando o seu mandato?
JD – Atuaremos seguindo as deliberações dos movimentos sociais que ajudaram a nos eleger e do nosso Partido dos Trabalhadores. Não temos um projeto específico, temos compromisso com a classe trabalhadora do campo e da cidade, com o governo Jackson Barreto e com o governo da presidenta Dilma Rousseff para continuar avançando num projeto que ajude cada dia mais na distribuição da riqueza, na melhoria da educação, saúde e as grandes reformas, que serão a nossa bandeira, a reforma agrária, urbana, política, que são grandes bandeiras dos movimentos sociais, sindical, popular e do nosso partido, que vêm sendo debatidas nos últimos anos. Entre os temas importantes que estaremos defendendo na Câmara dos Deputados estão a questão da moradia popular, a segurança pública, saúde, recursos hídricos e projetos importantes como o Canal Xingó.
BM - Sendo um representante do MST, o senhor defenderá em Brasília uma pauta de reforma agrária e outros pontos que interessem ao movimento?
JD – Com certeza defenderemos a reforma agrária como uma das principais bandeiras, mas lutaremos em todas as frentes. Seja na área da agricultura, especialmente a agricultura camponesa, familiar, comunidades quilombolas, indígenas, e outras bandeiras, a exemplo dos movimentos urbanos, seja sindical, popular e de moradia.
BM - Como está o processo de reforma agrária no governo Dilma?
JD- O governo da presidenta Dilma, no primeiro mandato, teve questões muito importantes na área da reforma agrária. Podemos citar uma das grandes conquistas a renegociação das dívidas, incluindo áreas da reforma agrária e pequenos agricultores. Foi uma grande conquista e um grande avanço. Em Sergipe tínhamos assentados que desde primeiro governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso estavam inadimplentes que não conseguiam renegociar essas dívidas e agora tiveram essa possibilidade. Tivemos também avanços na proposta que está em implementação de crédito para as áreas de reforma agrária. Incluiu-se assentamentos no Programa Nacional de Habitação Rural e isso foi muito importante. Hoje estão sendo construídas nas áreas de assentamento casas dignas, grandes e com qualidade. Na questão das desapropriações e novos assentamentos ficou a desejar. Acredito que nem tanto por vontade da presidenta, mas pela correlação de forças. As forças conservadoras tiveram muita força contrária à questão da reforma agrária nos últimos anos.
BM - Como o senhor avaliou a indicação da senadora ruralista Kátia Abreu para o ministério da Agricultura?
JD – O Ministério da Agricultura sempre foi ligado ao empresariado rural. Portanto, foi uma escolha da presidenta Dilma e há uma crítica dos movimentos sociais com relação ao nome.
BM - Através do PT, o MST indicou para a Secretaria de Agricultura um dos seus quadros, Esmeraldo Leal. O que esperar dele à frente da pasta?
JD – A indicação de Esmeraldo Leal foi feita pelo Partido dos Trabalhadores. É uma pessoa que tem uma longa história de compromisso social e capacidade técnica para a área. Tenho certeza que o Governo do Estado está com um secretário capaz de articular tanto as políticas estaduais como as políticas nacionais para o Estado de Sergipe e tenho certeza que será um grande secretário. Nós vamos dar apoio em todas as ações possíveis para que Sergipe diminua cada vez mais a pobreza rural, possa ter um grande programa que ajude na inclusão, principalmente da população mais pobres, seja pescadores, comunidades quilombolas, indígenas, posseiros, e que o nosso Estado que tem uma força muito grande da agricultura familiar e camponesa possa cada dia mais produzir alimentos com qualidade e saudáveis, especialmente trabalhando a questão da agroecologia e fortalecendo um projeto de desenvolvimento respeitando a questão ambiental e ajudando o Estado de Sergipe.
BM - Por conta das denúncias do MPF, envolvendo o uso das subvenções, o senhor e o deputado federal eleito Adelson Barreto podem perder os mandatos. O que achou das denúncias? Acredita que poderá ser cassado?
JD – Não recebemos nenhuma notificação até o momento, portanto não conheço as denúncias. Com relação à verba de subvenção, durante os quatro anos de mandato fiz o mais correto possível. Tenho a minha consciência tranquila de que não cometi nenhuma irregularidade.
BM - O PT está satisfeito com o espaço obtido no governo de Jackson Barreto?
JD – Nós estamos contemplados sim e ajudaremos no projeto liderado por Jackson Barreto para que possa ser feito um grande governo para o povo sergipano.