Poder e Cotidiano em Sergipe
Fantasma do grau especulativo volta a assustar a economia brasileira 2 de Novembro 18H:53

Fantasma do grau especulativo volta a assustar a economia brasileira

Vinicius Baudouin Mazza
vinicius@mazzaconsultoria.com.br*

Nos últimos meses, nos acostumamos a ouvir falar que o Brasil está perdendo seu grau de Investimento. Infelizmente, essas notícias são motivadas diante dos sucessivos rebaixamentos nas notas que as agências classificadoras de risco atribuem ao País.


Mas no final das contas, o que isso afeta a vida da sociedade brasileira? Qual o impacto na nossa economia? Qual a influencia no desemprego?  

 
A avaliação de risco, nada mais é, do que um selo de qualidade com linguagem padrão que classifica, de uma forma global, se um País é ou não bom pagador, fazendo com que estrangeiros apostem em países que tenham um grau de investimento, e não em países com grau especulativo, ou seja, baixo e de alto risco. 
 

Vamos dar um exemplo prático: uma forma de o governo conseguir dinheiro é vendendo títulos ao mercado. Com isso, os investidores compram os papéis com a promessa de receberem o dinheiro de volta no futuro – e com juros.


Quando um governo tem avaliação ruim, considera-se que há risco de dar um calote e não pagar esses investidores. Se houver desconfiança sobre essa devolução, fica difícil conseguir vender esses títulos.


Já quando o País tem o chamado grau de investimento, o que significa que ele tem baixo risco de dar calote e que as aplicações financeiras feitas por investidores estrangeiros terão risco próximo a zero. 


 
Para as três principais agências internacionais de classificação de risco – Fitch Ratings, Standard & Poor’s e Moody’s – tomarem a decisão de aumentar ou baixar as suas respectivas notas, elas adotam critérios fundamentais de análise, como instabilidade política, equilíbrio fiscal, indicadores econômicos, entre outros.  
 
 
O Brasil conquistou o seu grau de investimento há sete anos, quando duas das três agências, nos seus respectivos aumentos de nota diante do bom cenário político, fiscal e econômico da época, tiraram o País da faixa do grau especulativo. Entretanto, o cenário atual não é os dos melhores.


Na política nacional, vemos o planalto e o congresso em total desalinhamento; no fiscal, vimos o Executivo mandar o orçamento de 2016 para aprovação do congresso com déficit – despesas maiores que a receita –; e no econômico, estamos prevendo uma contração de até 3% do PIB para o ano de 2015, além das previsões de fecharmos este ano com a inflação próximo de 10 %, índice bem acima do centro da meta do governo de 4,5%. 
 
 
Diante da realidade atual, e da baixa possibilidade de solução desses problemas em um período curto de tempo, as agências de risco começaram a baixar suas notas.


Tanto a Modddy’s quando a Flitch, em agosto e na última quinta-feira, 15, respectivamente, rebaixaram suas notas, contudo ainda mantiveram o grau de investimento para o Brasil. Já a Standard & Poor’s, em setembro, levando a nota de BBB- para BB+, acabou sendo a primeira agencia a retirar o selo brasileiro de bom pagador e a colocar o País à beira do grau especulativo – é preciso que duas agências tirem o grau de investimento para que o País seja visto como mal pagador.
 

O fantasma que nos assombra, agora, é o fato de que, se recebermos mais um rebaixamento, o Brasil perderá o grau de investimento que tanto demorou a receber, fazendo com que voltemos ao patamar de 2008.


Esse cenário faria com que os investidores estrangeiros retirassem seu capital do Brasil, já que a maioria deles tem o selo de bom pagador dentro de suas condicionantes para continuar aplicando seus recursos no País.
 

Essa retirada de dinheiro culminaria em recessão da economia e desemprego em níveis maiores do que os patamares que já estamos vivenciando hoje; um ambiente com o dólar tendendo a aumentar diante da escassez da moeda; a bolsa de valores em queda, já que os investimentos seriam direcionados a outros países, e uma taxa de juros mais alta na tentativa de manter alguns investidores, compensando o risco maior de um país mal pagador.


O certo é que ainda não perdemos o selo de bom pagador, e temos que evitar esse fantasma para que ele não venha nos assombrar. 


*Consultor (Mazza Consultoria Empresarial e do Sebrae Nacional), e Ex presidente da Junta Comercial do Estado de Sergipe e da Associação Nacional de Presidente de Juntas Comerciais.

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