Ex-deputado fala que irmãos Amorim mandavam no DEM

Arnaldo Bispo pediu desfiliação do DEM

O ex-deputado estadual Arnaldo Bispo confirmou ontem com exclusividade ao JORNAL DA CIDADE que está pedindo a sua desfiliação do Democratas (DEM), agremiação onde ingresson há dez anos, quando ainda se chamava PFL. Arnaldo não gostou de ver a sua candidatura sendo barrada na última eleição e afirmou que os irmãos Amorim (que são seus adversários no município de Itabaiana) estavam mandando no partido – que ao menos oficialmente tem em Sergipe o prefeito João Alves Filho como maior liderança.


Arnaldo solicitou sua desfiliação na última sexta-feira e amanhã estará entregando a documentação na sede da Justiça Eleitoral de Itabaiana. Questionado pela reportagem sobre qual o motivo da sua desfiliação, ele foi direto: “Por que eu estaria num partido que não me quer?”, disse ele, afirmando que a sigla não ofereceu legenda para a sua candidatura e que ele teve que buscar a Justiça para isso.


O ex-democrata destacou ainda que foi vitorioso na Justiça Eleitoral, ganhando ações no Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe (TRE/SE) e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Apesar de conseguir o direito à candidatura, sem tempo para fazer campanha, Arnaldo obteve 132 votos.


João e Amorim
Questionado por que o partido lhe negou a legenda para participar das eleições, Bispo disse que essa resposta só uma pessoa poderia dar: o prefeito de Aracaju, João Alves Filho. Quando perguntado se ele tinha certeza de que a orientação partiu diretamente de João Alves, ele foi ainda mais direto.


“Tenho certeza absoluta que a orientação partiu dele, tenho tanta certeza como hoje estou vendo o dia claro e o céu azul. Ele me disse pessoalmente que não me daria o direito de me candidatar, falou que não daria porque os irmãos Amorim, que ele chamou de meus conterrâneos, não queriam”, disse Arnaldo Bispo.


O ex-parlamentar contou ao JORNAL DA CIDADE detalhes do diálogo que teria tido com João Alves. “Perguntei se quem mandava no partido era Amorim. Mas Amorim era tão forte que mandava em João. Não sei por que os Amorim não queriam me ver candidato, nunca tive nada contra nenhum dos dois. Sempre tive uma convivência cordial”, disse Arnaldo, destacando que todas essas informações estão também nos autos do processo que correu na Justiça Eleitoral.


Traição
Quando a reportagem perguntou se ele guardava mágoas de todo esse processo, Arnaldo Bispo disse que não tem nem o que falar sobre os irmãos Amorim, mas ressaltou que estranhou o comportamento de João, tendo em vista a sua fidelidade ao grupo político.


“Me estranha pela fidelidade que sempre tivemos ao partido. Ficamos na oposição, eu e mais alguns deputados, como Venâncio Fonseca, dando sustentação ao grupo. E o prefeito simplesmente me rejeitou, me disse que isso fazia parte da política. Mas na minha concepção de política a traição não faz parte nem se justifica”, afirmou Arnaldo, dizendo ainda que seria mais elegante se tivesse sido chamado antes da convenção e fosse comunicado que o grupo não o queria mais na sigla.


Sem partido, Arnaldo Bispo disse que não está pensando na eleição de 2016 e que não tem pretensão de retornar à política, avisando que vai cuidar da sua vida particular e anunciando que ganhou do seu filho um belo pijama, para a aposentadoria.