Poder e Cotidiano em Sergipe
“Eu nunca segurei o projeto do BRT” 4 de Janeiro 7H:45

“Eu nunca segurei o projeto do BRT”

Na primeira entrevista do ano, BLOGO DO MAX/JORNAL DA CIDADE conversou com o governador Jackson Barreto. Ele reconheceu que não conseguiu superar alguns problemas gerados pela crise financeira, como o pagamento dos servidores. Mas registrou diversos avanços, como as 120 obras que estão em andamento.


Ele disse ainda que quem observa os problemas na Saúde do Rio de Janeiro, vê que houve melhoras no setor em Sergipe. Jackson garantiu que enxugou a máquina do estado e que faz um governo simples, sem ostentação.


Para concluir, disse que nomes como André Moura e Eduardo Amorim agem com oportunismo político, ao defender o impeachment de Dilma, e fez duras críticas ao prefeito de Aracaju, João Alves Filho (DEM), a quem chamou de mentiroso. E mais, na próxima semana, ele pretende conversar com Eliane Aquino sobre a sucessão municipal em Aracaju. Leia a seguir a entrevista.

BLOG DO MAX– Como foi o ano de 2015 para Sergipe?
Jackson Barreto – Um ano muito difícil para o Estado de Sergipe, para ao país, para a sociedade como um todo. Na área pública, a crise da economia criou para todos nós dificuldades intransponíveis. Compromissos com os servidores, não puderam ser cumpridos; salários que tiveram de ser adiados; dificuldades no pagamento do 13º. Eu diria que nessa área do servidor público nós tivemos dificuldades e reconhecemos que não fomos capazes de superá-las. Não por falta de vontade pessoal, mas em função da crise e da perda de receita que o estado teve durante este ano. Tirando a questão do servidor público, eu acho houve grandes avanços em Sergipe.


BM – Em que áreas o senhor considera que houve avanços?
JB – Na execução de obras. Acho que o estado, mesmo com as dificuldades da crise, foi capaz de superar algumas questões, em função de investimentos que nós trouxemos. Investimentos do Governo Federal e investimentos externos. Neste exato momento temos em andamento 120 obras em nosso estado. Não é fácil, em um ano de crise, apresentar um saldo positivo como este. Terminamos o ano com uma vitória, que foi a federalização do hospital regional de Lagarto, que foi muito elogiado pelo Governo Federal. Essa federalização vai permitir que o hospital seja ampliado, triplicando o número de servidores, melhorando a assistência a toda região centro-sul, que possui maior densidade demográfica do estado. Avançamos com a instalação do campus da UFS no sertão, promessa nossa, de campanha, e que conseguimos junto ao governo federal, já funcionando, com quatro cursos vocacionados para a região do sertão. Recebemos empresas do porte da Saint Globain, da Apodi – investimento de R$ 1 bilhão. Recebemos a vitória do leilão da termoelétrica do grupo Gen Power. Acho que o nosso estado conseguiu manter seus índices elevados na área da economia, possuindo o maior PIB per capta do Nordeste. Melhoramos muito os índices de desenvolvimento humano no estado. Acho que avançamos. Evidente que o estado não é um oásis, não somos uma ilha e sofremos do mesmo mal que o país está sofrendo neste momento, dificuldades de ordem econômica, que nos impedem de avançar em diversos projetos que nós tínhamos previsto.


BM -
Já era possível prever uma situação difícil para o Estado, do ponto de vista financeiro? O senhor inclusive disse que recebeu o governo já em uma situação meio complicada...
JB – Meio não, muito complicada. Eu inclusive fui pra São Paulo comunicar a Marcelo Déda e disse que precisava fazer algumas mudanças no secretariado. Conversei com ele no apartamento que ele tinha alugado, ao lado de Eliane. Tomamos café juntos. Nesse encontro eu falei que precisava mudar a área do planejamento e da fazenda. E ele concordou. Assumi o governo do estado no dia 27 de maio e no dia 1º de junho nosso amigo Oliveira Júnior, que continua no Governo, nos informava que não tinha dinheiro para pagar a folha. Tomei um susto. Contei isso a Marcelo Déda. A partir de junho, meu tempo quase todo era voltado para a questão da folha do pessoal. Não foi fácil sair de junho de 2013 e chegar a dezembro de 2015. Só quem estava vivenciando esses problemas será capaz de avaliar o quanto nós temos sofrido e quantas dificuldades temos passado. Mas somos acostumados a vencer desafios, não baixamos a cabeça, e por isso sobrevivemos. E 2016, só Deus sabe, seja o que Deus quiser.


BM - Qual a perspectiva que o senhor tem para 2016?
JB – Se for pensar em melhorar a liberação de recursos do Governo Federal para 2016, não acredito na melhora. Se você imaginar que os recursos constitucionais, definidos em lei, não sofrerão perdas, não acredito. Acredito na nossa capacidade de colocar em andamento obras, com os recursos que temos, e buscar recursos da área externa. Estamos com dois grandes projetos na Secretaria do Tesouro Nacional, de financiamento externo. A presidente ficou de conseguir liberar esses recursos no mês de janeiro, para aprofundar projetos na área da saúde, como o Proredes e o DPL2. Durante o ano vamos ter que ter recursos externo, sob pena de não conseguir honrar seus compromissos. E eu diria que o compromisso número um agora é a Saúde. Quem está vendo o que está se passando no Rio de Janeiro, olha pra Sergipe, vê a saúde, que não está boa ainda, mas sabe que melhorou muito. E para avançar mais, precisamos de recursos, precisamos que recursos sejam mantidos.


BM - Saúde será a prioridade para o próximo ano, então?
JB – Sim, Saúde e Segurança. Na Educação, temos melhorado muito a qualidade das escolas. Temos 364 escolas e mais de 200 escolas já foram reformadas, entre o governo de Déda e o nosso. Escolas foram reformadas, ampliadas, receberam quadras de esporte. Queremos agora ampliar, acho que em Aracaju precisamos construir duas grandes escolas, no extremo norte, entre o Santos Dumont, Soledade e Lamarão, e no extremo sul, a partir do bairro Santa Maria.


BM- E a Segurança governador? Essa tem sido uma das áreas mais criticadas
JB – A população reclamava da falta de recursos humanos. Mas no mês de fevereiro estaremos completando mais de mil novos policiais, que ingressaram na polícia através do concurso que realizamos na nossa gestão, em 2015. Serão mais de mil novos soldados na Polícia Militar, e fizemos concurso para Polícia Civil, perícia técnica, IML. Avançamos tanto que o Ministério da Justiça ficou satisfeito com o cumprimento de nossas metas, principalmente na área de perícia. Nenhum governo do Nordeste fez tantos investimentos como Sergipe. Infelizmente ainda temos índices altos de homicídios, mas esperamos que com a aprovação pela assembleia de um projeto elaborado pela SSP e com base em estudos, haja melhoras. Vamos dividir o Estado em áreas, garantindo uma ação de maior presença e maior vinculação com a sociedade. Assim, a população saberá quem procurar, quem é o oficial e o delegado – que também saberão o tamanho da sua área de atuação. Vamos estar mais presentes, delimitando o espaço, a área da polícia militar e da civil.


BM - Este mês houve atrasos nos repasses para o Ministério Público e Judiciário. O que houve?
JB - Falta de recursos. Não há porque fazer divagações. O governo sabe da sua obrigação constitucional dos repasses, o que não pode acontecer é que se não tem o recurso, o governador sozinho seja responsabilizado. Há muito tempo se discute a questão da aposentadoria dos poderes Legislativo e Judiciário e das instituições como Tribunal de Contas e Ministério Público. Há muito tempo que o estado vem colaborando com os poderes e instituições, está no momento de que cada um assuma a sua responsabilidade, dado as dificuldades financeiras que estamos vivenciando. Essa situação atinge o Executivo e demais poderes e instituições.


BM -
Entre os servidores, há o temor de que chegue um momento em que o estado não pagará seus vencimentos. O senhor teme isso?
JB – Acho que o temor é de todos, mas estamos trabalhando para que isso não aconteça. Eu não posso prever, e isso não significa má gestão - até porque o governo tem sido extremamente ético do ponto de vista de buscar diminuir os custos da máquina pública, inclusive fazendo mais do que o dever de casa, nos ajustes, corte de cargos e secretarias, enxugamento de despesas do dia a dia como água, papel, energia, combustível. Nós temos feito a nossa parte, estamos nos preparando para todas as dificuldades. E foi com essa visão que conseguimos chegar até dezembro. Somos um governo de uma simplicidade que a população observa. As pessoas dizem que os gestos do governador são humildes e eu respondo sempre que quem governa um estado humilde tem que ser humilde. Faço economia com as coisas mais simples do governo, quem acompanha o dia a dia vê que sou um governador que administra sem vaidades e ostentações.


BM -
O governo está mesmo revisando contratos, visando economizar? Em que pé está isso?
JB- Estamos fazendo, mas precisamos aprofundar. Sabemos que é possível diminuir um pouco as despesas com contratos. Mas é uma questão que demanda tempo e pessoas qualificadas, e não concluímos ainda uma análise qualificada do que se pode economizar.


BM -
O senhor se declarou contra o Impeachment da presidente Dilma. Como avalia o posicionamento de nomes como André Moura, Eduardo Amorim e Laércio Oliveira, que defendem o impeachment?
JB – Oportunismo político, de todos. Cada um preocupado com seus interesses pessoais. Laércio enquanto empresário, representando o pensamento do setor empresarial do país, que nunca apoiou Dilma, votou em Aécio e até hoje estão chorando com a derrota de Aécio, não se conformaram. André Moura, um pé no governo e um pé na oposição. Consegue resolver seus pleitos junto ao governo, e vai conseguindo liberar recursos federais, do governo da presidente Dilma Roussef. O Eduardo Amorim é uma incoerência permanente. Fala em ética, mas responde a um processo no STF, em segredo de Justiça. Processo de quando ele foi secretário da Saúde do governo de João Alves. Processo daquela época, que as carretas de medicamentos comprados não chegavam, mas chegavam as notas fiscais e os recibos. Daí porque ele foi demitido por João. Falta de coerência quando o Senador Amorim vai procurar um partido que é da base do governo, para nomear o presidente da Codevasf de Sergipe. O governo é surpreendido com um adversário fazendo indicações no Estado, e tivemos que anular. Aí ele fica contrariado, ele quer fazer papel de oposição e situação ao mesmo tempo. Por outro lado, não tem como dar assistência aos seus liderados, porque depende do governo federal para liberar recursos. Faz um jogo político no Congresso, que até hoje não foi para o PSDB, fica manipulando o PSDB de fora. Essas pessoas precisam ter mais coerência.


BM –
E porque o senhor é contra o Impeachment?
JB – Eu assumo que sou contra o impeachment, por uma questão de princípios. Nenhum deles conheceu o que foi a ditadura militar. Nenhum deles passou o mínimo de dificuldades durante a ditadura militar. Comeram bem, viveram bem, usufruíram, tiveram tudo e não foram incomodados. Mas para quem foi preso político, quem participou de uma geração que deu os melhores anos da sua vida para reconstruir a democracia no país, para quem conheceu a cadeia e o julgamento numa auditoria militar, torturas e exílio, é diferente. Essas pessoas não fazem parte dessa história, não defenderam a democracia contra a ditadura. Sou contra o impeachment. Vejo aqui no estado, quem fazia as negociatas, estão todos aí soltos. E Dilma não roubou, porque vai perder o mandato? Porque está impopular? Porque o governo não está bom? Se for para tirar do governo porque não é popular, porque a economia tá mal, vamos tirar todos aqueles que estão impopulares, dr. João Alves está impopular também. Acho que Dr. João tem que julgado pelo povo, não quero golpe. Não quero golpe pra João, pra Jackson nem pra Dilma. Quero a legalidade democrática, e só tem condições de falar em legalidade democrática quem ajudou a reconstruir a democracia em nosso país.


BM - O PMDB terá candidato em Aracaju? Vai apoiar outro partido? Houve avanços nessas conversas?
JB – O PMDB tem um nome, mas ainda não houve avanços, não conversei com ninguém de forma específica, só vamos conversar lá para o mês de março. Desejo que a gente tenha um candidato que possa derrotar o prefeito João Alves, em nome de um novo projeto para a capital. Dr. João foi prefeito na década de 70, são 50 anos, ninguém aguenta mais. Na semana que vem marcarei uma conversa com Eliane Aquino, para saber o que ela está pensando, conversar sobre sucessão, sobre composição. Será que o partido vai liberar Eliane para participar do processo eleitoral? Eu acho que Eliane poderia dar uma boa contribuição. Não estou lançando candidatura dela, porque não tenho autoridade para isso, o partido dela é um e o meu é outro. Estou apenas comentando que ela tem um potencial. Se o partido dela quiser participar do processo eleitoral, o nome dela pode surgir em qualquer composição.


BM – Como candidata majoritária ou como vice?
JB – Como majoritária. Vou também conversar com os vereadores Gonzaga e Bigode. Não é possível estar no PMDB, assumindo a responsabilidade do ônus do governo de Dr. João. Acho que o PMDB tem uma outra pauta. Vou mostrar que nós temos um caminho, uma coligação. E temos que ter responsabilidade com essa coligação agora, para sermos respeitados em 2018, quando eu pendurarei minhas chuteiras


BM -
O senhor reafirma isso então?
JB - Já disse dez mil vezes. Quem for meu amigo vai me desejar o bem, que eu vá pra casa. Só penso nisso.


BM - O prefeito João Alves disse em uma entrevista que o BRT não saiu “porque o governo segurou”. Isso é verdade?
JB – Dr. João é um mentiroso e eu lamento isso. Um velho mentiroso é a pior coisa que pode acontecer. Ele é mentiroso, demagogo, prometeu o que não podia fazer e vai querer na hora da eleição, culpar o governo. Cadê o projeto do BRT, onde estão os recursos do BRT? Por onde o BRT vai passar? Cadê a discussão da BRT? Em nenhum momento Dr. João trouxe o projeto do BRT, eu nunca segurei o projeto do BRT. Dr. João sempre foi um grande mentiroso e um grande oportunista do momento eleitoral. Ele assinou, mas nunca discutiu com os municípios essa questão dos detalhes da obra. O que ele discutiu foi o consórcio. Dr. João nunca disse ao governo do estado que estava fazendo um projeto de BRT. O consórcio, o governador do estado liberou, junto com os demais municípios. Fiz um ato aqui no palácio, com a presença de Dr. João, José Carlos Machado e os prefeitos da grande Aracaju, com relação ao consórcio que Dr. João nos pediu. Mas Dr. João não teve competência para fazer o projeto, nunca teve recursos para executar o projeto, e agora que nos responsabilizar? Vou chama-lo de mentiroso no jornal, nos rádios, nas televisões e no palanque. E vou dizer a ele, me respeite. Ele vai me encontrar nessa campanha eleitoral com vontade de olhar para a cara dele, para chamá-lo de mentiroso. Eu exijo que Dr. João me respeite, se ele pensa que vou ficar calado, ele vai encontrar o que espera.


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