Poder e Cotidiano em Sergipe
13 de Junho 18H:58

"É bem possível que eu dispute a reeleição", diz João Alves Filho

Em entrevista concedida ao BLOG DO MAX/JORNAL DA CIDADE, o prefeito de Aracaju, João Alves Filho (DEM), admite pela primeira vez que poderá disputar a reeleição.

 

Questionado pelo BM ele respondeu: “Minha tendência é essa”. João disse que em breve anunciará sua decisão e elogiou o trabalho de Maria do Carmo com a população mais pobre e disse que se ela quisesse disputar a prefeitura, teria tido a sua preferência.

 

João diz também que faz uma boa gestão e que sua administração não passa por uma rejeição tão grande, como dizem alguns. Ele fala ainda que está disposto a dialogar com seus adversários, porque não faz política com ódio. Leia a seguir a entrevista.



BLOG DO MAX - A senadora Maria do Carmo continuou secretária e não se desincompatibilizou do cargo. Sendo assim, ela não poderá ser candidata em 2016. O senhor chegou a analisar ou debater com a senadora a possibilidade de ela disputar a Prefeitura de Aracaju?
JOÃO ALVES FILHO - Não. Na realidade, não. Se ela quisesse, teria a minha preferência. Ela goza de uma simpatia e respeitabilidade com o povo de Aracaju extraordinária, e tem uma visão de vida pública e das necessidades da periferia da capital, uma visão aprofundada. Mas isso não foi ventilado em momento algum.



BM - Falando nisso, como está o trabalho de Maria do Carmo como secretária? Ela será um cabo eleitoral importante se o senhor decidir disputar a reeleição?
JAF - Evidente que Maria do Carmo, com o prestígio que ela tem, seria um cabo eleitoral extremamente qualificado para qualquer candidato. Pelo trabalho que ela desenvolveu desde a época em que fui prefeito de Aracaju. Nós sempre tivemos uma visão de melhorar de vida os menos favorecidos, desde as extinções das casas de taipa, convênio para levar luz elétrica, a inúmeros outros benefícios que os mais antigos sabem do compromisso com o bem-estar social e a saúde, com a criação do Pró-Mulher que já foi premiado internacionalmente e gerou um benefício enorme na prevenção do câncer do colo de útero. E agora então, como secretária da Família e Assistência Social, Maria sai de casa cedo, visita os Centros de Referência de Assistência Social (Cras) de surpresa, conversa com a população que frequenta os locais, as assistentes sociais, conversa com as pessoas mais carentes, atende a todos aqui na prefeitura sem exceção alguma. Ninguém fica sem ser atendido por Maria, do mais necessitado ao vereador e deputado e tudo de porta aberta, as pessoas ficam encantadas.

 


BM-  O senhor vai disputar a reeleição?
JAF - É bem possível que sim. Eu não gosto de fazer planejamento a longo prazo, porque política é algo extremamente volúvel. Hoje está de um jeito, amanhã de outro. Por isso, evito fazer esses planos. Mas, pelo bem que quero ao povo de Aracaju e isso não vem de agora. Nossa cidade é muito bem vista por todo mundo. Esta semana tive contato com muitas pessoas de fora devido à conferência da Unale, realizada em nossa cidade na última semana, e à medida que eu encontrava com essas pessoas, mais de mil representantes além dos familiares, todas elogiavam Aracaju e o povo da nossa cidade. Então, tudo que eu puder continuar a fazer em benefício do povo de Aracaju, farei. Embora não possa dizer agora se farei isso, pois estamos há alguns meses de um início de campanha. Mas eu diria que minha tendência é essa.

 

BM - Quando deverá anunciar sua decisão, de tentar ou não a reeleição?
JAF - Em breve, dentro do que a lei me permite, todos saberão. Nem cedo, nem tarde. Com a mercê de Deus, no momento que tem que ser. Eu não gosto muito de me antecipar aos fatos. Algumas pessoas até reclamam bastante, mas eu gosto muito de observar a política. De dialogar, mas em breve as pessoas saberão ou não se disputarei a reeleição. Eu na minha humilde inteligência não sei por que isso está gerando tanta angústia ou expectativa nos meus supostos adversários. Caso eles queiram conversar comigo, podem conversar. Dialogo com todo mundo, infelizmente alguns destes adversários tratam a disputa política com um rancor, com um ódio desnecessário, Porque nós políticos fomos eleitos para fazer o bem para o povo, dar uma condição digna para cada aracajuano. E, mesmo com toda a crise econômica que o País passa, que muitos não gostam de ouvir, mas já alertava há muito tempo, e hoje quem mais sofre somos nós os prefeitos, os mais afetados por essa crise.



BM - Seus adversários têm dito que o senhor anda muito mal avaliado nas pesquisas e que há uma rejeição muito grande à sua administração. Como o senhor analisa essa afirmação?
JAF - Eu não acredito nessa rejeição da forma como dizem e que meus supostos adversários teimam em falar. É normal numa administração não agradarmos a todos. Mas nós gestores pensamos no melhor para cada canto da cidade na hora de governar. Entretanto, temos muitas dificuldades, principalmente na questão dos recursos. Nesse tempo de crise, temos tentado fazer o possível e o impossível. Temos valorizado os professores desde que assumi a prefeitura de Aracaju. Os servidores públicos então, fiz questão que os secretários se empenhassem. E depois de mais de duas décadas o Estatuto do Servidor Público do município de Aracaju foi atualizado, dando vantagens ao servidor público – que é importante na manutenção da administração pública. Além de outras categorias que estamos dando o possível dentro do limite da administração pública.

 

BM - Como o senhor classifica a sua gestão na Prefeitura de Aracaju? Que nota daria?
JAF - Uma boa gestão! Isso porque em todas as áreas da nossa administração temos obtido avanços. Muitos não como desejaria, mas dentro da realidade de crise econômica que nós vivemos. Tanto na Educação, quanto na Saúde, assim como no esporte e no Turismo, fazendo com que centenas de pessoas sejam empregadas e tenham renda garantida, como por exemplo, a exemplo da Orla Pôr do Sol – que era uma área construída que não havia atrativo além da bela paisagem, mas na nossa gestão desenvolveu o local. Todos os fins de semana o pequeno empreendedor tem gerado receita, ou seja, é um dinheiro a mais que entra na família de cada pessoa daquela comunidade e de outras como as feirinhas de artesanato e comidas típicas que estamos disponibilizando em vários pontos das cidades. Geramos milhares de empregos através da Fundat. Na infraestrutura avançamos, no trânsito também e o Complexo Viário das Palmeiras que muita gente criticou está aí dando cada vez mais fluidez no trânsito. Sem falarmos no meio ambiente e na inclusão social que são os pontos significativamente positivos, mesmo tendo enfrentado o grande débito deixado pelo governo passado, que ultrapassava o valor de R$ 160 milhões, além da falta de apoio do governo estadual e principalmente do governo federal.



BM - Seus adversários também afirmam que o senhor não cumpriu as promessas feitas em campanha. O senhor conseguiu cumprir alguma dessas promessas?
JAF - Veja bem, o problema da oposição é criticar, mas o ideal e o bom senso dizem que devemos fazer a crítica baseada no equilíbrio, no respeito. Porque uma coisa é ser adversário político, outra coisa é ser desrespeitoso, malicioso, isso não faz bem e o povo de Aracaju sabe discernir muito bem a crítica para o bem da crítica maldosa, destrutiva. Mas vamos ao que alguns dizem que não fiz. A Secretaria do Meio Ambiente não existia, prometi, cumpri e criei porque a nossa capital era a única que não existia e essa secretaria está nos trazendo muitos benefícios e o primeiro deles foi a desativação do lixão do Santa Maria, uma área de propagação de doenças e uma humilhação para as pessoas frequentavam o local, colocando a saúde em risco, além dos riscos das aeronaves com a quantidade de urubus que sobrevoavam o lixão. Nenhum gestor antes de mim teve coragem de acabar com o lixão, eu prometi e fiz. Na Fundat ultrapassamos as expectativas, ampliamos o número de novos empregos em nossa capital e atualmente mais de 50 mil pessoas receberam qualificação profissional ampliando a possibilidade de empregos. E dados de hoje revelam que desses qualificados mais de 12 mil estão empregados com carteiras de trabalho assinadas.

 


BM - E na Educação, também houve promessas cumpridas?
JAF - Na Educação, quando assumi a gestão éramos o último lugar do Ideb. Essa era a classificação da educação em Aracaju apontada pelo órgão do Ministério da Educação. Investimos muito em gestão escolar, em conteúdo para o aluno, além da melhoria da merenda, aplicamos métodos inovadores como o diário de classe eletrônico, a criação do show de aula que premia aos professores por aulas inéditas, gerando um décimo quarto salário. As instituições ligadas à Secretaria de Defesa Social e Cidadania praticamente só existiam na teoria. Fiz questão de prometer uma Guarda Municipal forte e hoje temos um excelente resultado com uma GM equipada e referenciada. A SMTT tem feito um brilhante trabalho, antes o aracajuano falava que a SMTT só aplicava multa, hoje não, hoje é uma instituição que trabalha cada vez mais pela melhoria da mobilidade urbana, realizando várias modificações positivas no sistema viário, renovou em 60% a frota de ônibus, colocou centenas de novos abrigos de ônibus, que infelizmente alguns sofrem ação de vândalos. O Procon e a Defesa Civil municipal praticamente só existiam no Diário Oficial como figuras ilustrativas com os cargos de coordenadores. Hoje temos um Procon municipal ativo, organizador, que media conflitos financeiros que vão de encontro ao direito do consumidor, isso com estrutura, possibilitando um atendimento digno à população. Outra secretaria que não existia era Secretaria de Indústria, Comércio e Turismo e hoje divulga para todo o país as potencialidades da nossa região. A de Esportes com pouquíssimos investimentos no esporte, ao contrário da nossa gestão que viabilizou vários eventos nacionais e internacionais.

 

BM - E a Saúde, que é outra área muito criticada?
JAF - Na Saúde demos uma melhoria significativa, porque em gestões anteriores era um verdadeiro caos. Faltavam medicamentos, postos fechados, precariedade no atendimento. Hoje temos postos sendo reformados, criamos o horário estendido, que foi uma excelente atitude da nossa gestão. E para não me alongar demais, temos duas áreas que tem uma nova maneira de trabalhar, a Emsurb e a Emurb. Hoje temos uma cidade limpa, mais de 20 feiras padronizadas, mercados limpos e reformados são algumas das ações da Emsurb. Já a Emurb injeta mais de R$ 200 milhões em obras por todos os cantos da cidade. Em números de recapeamento foram mais de 160 km de asfalto, o que representa o dobro da gestão passada.

 

BM - Quais obras realizadas na sua gestão o senhor terá concluído, até o final do seu mandato?
JAF - Todas as obras da minha gestão serão entregues até o meu mandato acabar.

 

BM - E o BRT? Até quando será apenas uma faixa exclusiva para ônibus? Quando será implantada a próxima fase do projeto?
JAF - Tivemos alguns percalços com a implantação do BRT. O prefeito anterior apresentou um projeto de ônibus expresso, mas ele fez um projeto equivocado. No que ele propôs existiam apenas três eixos, três corredores e todos no sentido leste/oeste. Qual a consequência disso? Ele não atingia os principais bairros pobres da capital e ainda excluía toda a zona de expansão, além da Grande Aracaju: São Cristóvão, Nossa Senhora do Socorro e Barra dos Coqueiros. O que representaria um grande retrocesso. Fizemos um novo projeto, ampliando para dez corredores. Levamos para o Governo Federal e nos foi dito que não teríamos verba pelo aumento do projeto. Entretanto, apresentamos também que poderíamos fazer todo o novo projeto com o dinheiro destinado ao anterior. Provamos que isso seria possível, mas os recursos ficaram congelados na Caixa Econômica e a inflação acabou defasando a verba que tínhamos, não possibilitando a continuidade do que havíamos proposto. Esses são os problemas iniciais do BRT. Porém, estamos trabalhando nisso. Os corredores que fazem parte desse projeto estão melhorando a vida dos usuários, que estão elogiando. Até o final do próximo ano será possível ter a grande maioria do BRT entregue e o restante em fase de finalização. O BRT não é um tipo de ônibus, é um sistema com pistas exclusivas, entre outros elementos. A prioridade dele é o coletivo e a experiência mundial é que com esse sistema funcionando, a classe média passe a usar o transporte público, diminuindo o número de carros nas ruas. É pelo BRT que poderemos interligar a Grande Aracaju. Porque nas grandes cidades o que mais importa é a coletividade e é para isso que também trabalhamos.

 


BM - O senhor anunciou um plano para transformar a Zona de Expansão em um bairro modelo. Isso vai acontecer? Ainda há tempo?
JAF - Eu entendo que cabe ao administrador, ao bom administrador, antever o futuro, portanto, nós planejamos a Zona de Expansão como uma evolução da nossa capital. Quando ligamos a Atalaia ao Mosqueiro, nos disseram que estávamos ligando o nada a coisa alguma. Hoje ela é fundamental. Naquela região, tem muito a ser feito. Sistema de esgoto, por exemplo. Temos o canal do Santa Maria sendo realizado com grande sucesso e com seu trabalho avançado. As ruas da Atalaia e da Aruana, depois de décadas sem pavimentação alguma, estão sendo asfaltadas. Na zona norte também estamos trabalhando. Além disso, no 17 de Março tivemos que refazer toda uma infraestrutura que um ex-gestor que disse ter integrado e várias casas e apartamentos não tinham nem ligação de água. Então, tudo isso é retrabalho, outros pedidos de licenciamento, autorização do governo federal. Então, a oposição só quer observar o que não foi feito ainda, mas o que fizemos para remendar o que a antiga gestão deixou inviabilizou alguns projetos que tiveram que ficar paralisados na Zona de Expansão, porque eu não sou irresponsável. E independentemente de quem deixou de fazer, eu finalizei, assim como paguei as dívidas. Porque para mim, gestão pública é responsabilidade, é continuidade, e o povo não pode sofrer.

 

BM- O senhor sempre cita que o urbanista Jaime Lerner está à frente de projetos em Aracaju. Quais são esses projetos? Quantos contratos existem entre a prefeitura e o escritório, e qual o valor deles?
JAF - O urbanista é considerado o mais premiado do mundo. É um ícone. Temos alguns projetos contratados, mas não alcançam valores exorbitantes. Conheço Jayme Lerner há 40 anos e tenho contato com ele desde então. Ele é conceituado, tudo que contratamos será executado, ao contrário de um gestor que implantaria um museu em alguns meses e até hoje nem sequer vimos nada a respeito. O ex-gestor se reuniu também com o gênio Oscar Niemeyer, ficaram de revitalizar a Orlinha da Atalaia e construir o mirante e até hoje a população e os comerciantes esperam essa obra de Edvaldo Nogueira. E eu acho que Niemeyer ficou frustrado também porque faleceu em 2012, quatro anos depois que o ex-prefeito prometeu executar o projeto e não cumpriu. Mas o que importa na verdade é que a equipe de Jaime Lerner, juntamente com os nossos técnicos, continua trabalhando em um projeto de mobilidade para melhorar cada vez a nossa capital e isso é notório, talvez por isso estejamos incomodando tanto, porque os resultados estão aparecendo.

 

 

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