O país foi sacudido essa semana com o pedido de impeachment da presidente Dilma Roussef (PT).
Em Sergipe,
o presidente estadual do Partido dos Trabalhadores (PT), sintetiza o sentimento nacional da sigla: ele falou que a presidente possui uma vida íntegra e honesta o que é reconhecido até pelos adversários. Rogério também faz sérias críticas ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que segundo o petista, tem um currículo imundo. Confira a entrevista.
BLOG DO MAX- Há legitimidade no pedido de impeachment da presidente Dilma? Existe base legal?
Rogério Carvalho - Definitivamente, não! Vou dividir essa pergunta em dois aspectos. O primeiro, é que a própria história da presidenta Dilma Rousseff, sua própria vida, é um testemunho de integridade e honestidade, enaltecida, inclusive, por adversários. Do ponto de vista legal, o que sustentou o acolhimento do processo de impeachment pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, foram a tais “pedaladas fiscais”, o que é absolutamente extemporâneo, porque o critério de análise que serviu para análise de contas de governos anteriores ao da presidenta Dilma Rousseff é o mesmo e ao que se consta no TCU e também no Congresso Nacional, e nenhum deles teve contas rejeitadas pelos mesmos critérios com quais analisam as contas da presidenta Dilma. E mais que isso, a presidenta Dilma Rousseff faz uma gestão responsável, com respeito à legislação e aos órgãos fiscalizadores.
BLOG DO MAX – Então, na opinião do senhor, não há base legal?
RC - Renomados juristas brasileiros assinam pareceres contra o processo de impeachment, ou seja, não há nada que sustente essa maluquice de Cunha. Digo, sem medo: a presidenta Dilma Rousseff tem passado e presentes limpos. Sua vida é testemunho de ética e de honestidade com ela, com o povo e com as instituições da república. A presidenta Dilma não cometeu nenhum crime de responsabilidade e, por tudo que disse, não há nenhuma previsão legal para esse pedido de impeachment.
BM - O pedido de impeachment foi uma retaliação, uma chantagem?
RC - Sobre isso, eu quero relembrar um fato curioso que ocorreu na Câmara dos Deputados. Recentemente, o ex-governador do Ceará e ex-ministro da Educação, Cid Gomes, disse que o Congresso Nacional estava cheio de achacadores e ao vivo, para todo o Brasil, na tribuna da Câmara dos Deputados, apontou o dedo para Eduardo Cunha e disse que ele era um deles. O senador pernambucano Jarbas Vasconcelos, do próprio partido de Cunha, diz que ele é um psicopata, um debochado, um doente. Veja só que sujeito é o Eduardo Cunha. O ex-consultor da Toyo Setal, Júlio Camargo, réu em processos da Operação Lava Jato, afirmou que temia retaliações de Eduardo Cunha e que foi pressionado por ele ao pagamento de propina de 10 milhões de dólares para viabilizar um contrato de navios-sonda. Então, o que eu posso dizer mais sobre um homem público que tem um currículo tão imundo como o de Eduardo Cunha? É evidente que ele chantageia, que ele pratica atos inconfessáveis, atos deploráveis, atos que envergonham a classe política.
BM - A população apoia o pedido de Impeachment?
RC - A população acompanha com apreensão a situação do Brasil, que fica paralisado com essa turbulência irresponsável que o Eduardo Cunha vai arquitetando dia a dia. O Brasil soluça com a irresponsabilidade de Eduardo Cunha e isso tem consequência no humor da população. A imprensa tem um papel muito importante em debater essa agenda negativa tocada por Cunha e pela oposição e, mais que isso, ajudar a que a população tenha a adequada noção da aguda crise política que Cunha constrói para atender aos seus próprios interesses; interesses que não são o do povo brasileiro, tenho a mais absoluta certeza. O povo não quer retrocessos em suas vidas e não quer voltar ao escuro institucional do passado. O povo quer continuar tendo o direito de escolher seus governantes e não quer que a qualquer momento alguém passe uma borracha nas suas escolhas, muito menos figuras sem estatura ética e moral adequadas.
BM - A presidente e o PT possuem base no Congresso, para sepultar o pedido de Impeachment?
RC - Olha, nove partidos já se manifestaram contrários a um possível pedido de impeachment da presidenta Dilma. Acho muito, mas muito difícil que Eduardo Cunha consiga 2/3 dos votos nas duas casas, Câmara e Senado, para aprovação do impeachment. As movimentações dos partidos e discursos que temos observado na Câmara e no Senado nos dão a certeza disso.
BM - Todos esses acontecimentos dificultam ainda mais o governo da presidente Dilma?
RC - Dificulta na medida em que as atenções dos setores produtivos e a sociedade, de um modo geral, ficam na expectativa do que pode acontecer. Um processo de impeachment é traumático para o olhar dos investidores, para a imagem do Brasil, e isso tem repercussão direta nos níveis de investimentos que são responsáveis pelo bom desempenho de nossa economia e na performance do nosso PIB, então, em um momento em que o mundo passa por uma grave crise econômica - e o Brasil não está fora disso – qualquer turbulência política, gera problemas na economia, gera problemas para o governo, gera problemas para os empresários e gera problemas para a sociedade.
BM - O senhor acredita que o PMDB pode apoiar o Impeachment, para chegar à presidência?
RC - Temos uma relação histórica com o PMDB na defesa da democracia, na defesa das liberdades, na defesa do Brasil. Temos uma aliança com o PMDB em várias esferas de governo. Aqui mesmo, em nosso Estado, somos aliados e parceiros do governador Jackson Barreto, um projeto que transformou a fisionomia de Sergipe e que tenho certeza que, passado o momento de dificuldade orçamentária, mais transformações virão. No cenário nacional, o vice-presidente da República, o brilhante advogado constitucionalista, Michel Temer, é do PMDB e partícipe da gestão do governo da presidente Dilma, em um ambiente de perfeita harmonia e foco nos interesses do Brasil. Além disso, vários governadores do PMDB se manifestaram contrários a esse pedido e vários deputados federais não apoiam o Eduardo Cunha na Câmara, então, tenho absoluta confiança de que o PMDB, de Ulysses Guimarães e tantas outras grandezas que lutaram pela liberdade democrática, não apoiarão este ato mesquinho e descompromissado com o Brasil e seu povo, como quer Eduardo Cunha.