Poder e Cotidiano em Sergipe
CPI do HSBC pode terminar por falta de andamento da investigação 6 de Novembro 6H:33

CPI do HSBC pode terminar por falta de andamento da investigação

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que avalia as contas secretas abertas por brasileiros no HSBC da Suíça – CPI do HSBC – que enfrenta dificuldades para funcionar, discutirá na próxima semana a possibilidade de vir a ser encerrada antes do prazo por falta de condições de trabalho.


Os integrantes da CPI receberam na terça-feira (3) uma espécie de ducha de água fria, com a informação de técnicos da Polícia Federal de que somente no final do mês (quando terão se passado quase oito meses de funcionamento da comissão) é que a PF terá condições de iniciar a avaliação de todas as informações recebidas pelo Ministério Público da França sobre o caso.

 

Além dessa demora, o mal-estar entre os integrantes da comissão reside no fato de o Senado não ter recebido os documentos do Ministério Público da França que foram encaminhados ao governo brasileiro.


O acordo internacional firmado entre os governos francês e brasileiro só autoriza o compartilhamento de documentos para órgãos de fiscalização, e a CPI não é assim considerada pelos franceses.
 
Os entraves foram discutidas hoje, após audiência pública com representantes da PF e do Ministério Público Federal (MPF), que também realizam investigações em separado sobre o caso – o que complica ainda mais a situação.


De acordo com o delegado federal Tomás de Almeida Viana, os dados recebidos pela França chegaram ao Brasil em linguagem muito técnica e em estado bruto, motivo pelo qual precisaram ser compilados e separados, para posterior análise.
 


Segundo Viana, as informações que estão sendo investigadas pela PF já foram periciadas mas ainda estão em análise porque os técnicos estão tendo muito trabalho para separar o que é realmente relevante para a investigação. Viana destacou a importância da CPI e outros órgãos que estão apurando as contas secretas compartilharem informações entre si.
 


Para o procurador da República Igor Nery Figueiredo, as duas investigações realizadas sobre as contas secretas do HSBC são distintas e é preciso que os senadores tenham isso em mente. Enquanto a Polícia Federal investiga o caso de forma mais abrangente, o MPF verifica possíveis crimes de evasão de divisas ou lavagem de dinheiro, a partir da descoberta dessas contas secretas.
 


“Decidimos conversar sobre isso para ficarmos mais detalhados a respeito dos históricos das pesquisas que têm sido feitas”, reconheceu o presidente da CPI, senador Paulo Rocha (PT-PA), que pretende realizar uma reunião administrativa para discutir o encerramento ou não dos trabalhos até o final da próxima semana.
 


Divisão
Os senadores estão divididos em relação à posição a ser tomada. Mesmo criticando a demora e complicação para que possam receber informações, um grupo de integrantes da CPI trabalha com a alternativa de continuar os trabalhos, e ser enviado um senador até a França, provavelmente o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), para conversar com autoridades e ver se é possível obter documentos diretamente para a comissão.


Na mesma viagem, o senador aproveitaria para ouvir o ex-funcionário do HSBC Hervé Falciani, responsável pela denúncia do escândalo de contas secretas abertas irregularmente pelo banco na Suíça.
 


Outra alternativa colocada pelos parlamentares é de a CPI encerrar os trabalhos rapidamente, sugerindo legislações que evitem brechas para a abertura de novas contas secretas por brasileiros. Nesse caso, o relatório final explicará que o cancelamento da comissão se deu porque não houve, por parte do Senado, condições de avançar nos trabalhos.
 


“Acho que não vamos chegar muito longe com a CPI sem essas informações
. O meu pensamento é deixar que o Ministério Público e a Polícia Federal continuem a investigação”, disse o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), que defende que o MPF e a PF fiquem sendo os únicos responsáveis pela apuração do caso. “Não tivemos condições, até hoje, de fazer um bom trabalho”, criticou, também, o senador Ciro Nogueira (PP-PI).
 


Recuo
Randolfe Rodrigues, responsável pelo requerimento para criação da comissão, aproveitou para reclamar dos colegas e dizer que se não tivesse havido um recuo por parte dos próprios senadores, o rumo dos trabalhos seria outro. Conforme lembrou Rodrigues, a CPI chegou a aprovar 25 quebras de sigilo fiscal, bancário e telefônico no país, mas depois resolveu voltar atrás com o intuito de aguardar a chegada desses documentos.
 


“Se tivéssemos dado início ao trabalho, realizando audiências e convocações, poderíamos ter algo apurado hoje, o que não foi feito por culpa dos próprios integrantes que aqui estão”, reiterou o parlamentar, ao destacar que ele chegou, inclusive, a pensar em renunciar da CPI em função desse recuo.
 


A CPI do HSBC foi instalada no Senado em março passado, com o objetivo de investigar irregularidades em contas de brasileiros abertas na filial do banco na Suíça. A origem da investigação foi o vazamento, no início deste ano, de uma lista com nomes de correntistas do banco e a descrição dos valores aplicados.
 


As estimativas iniciais são de que existem cerca de 8 mil contas secretas, não declaradas, abertas por correntistas brasileiros na sucursal do HSBC em Genebra. O total existente nessas contas pode chegar a perto de R$ 20 bilhões, conforme as investigações em curso.


Fonte: Brasil de Fato
Foto: Barry Caruth

Comentários

  • Seja o(a) primeiro(a) a comentar!

Deixe seu comentário

Imagem de Segurança
* CAMPOS OBRIGATÓRIOS
Whatsapp

Receba notícias no seu Whatsapp.

Cadastre seu número agora mesmo!

Houve um erro ao enviar. Tente novamente mais tarde.
Seu número foi cadastrado com sucesso! Em breve você receberá nossas notícias.