Poder e Cotidiano em Sergipe
“Belivaldo é a bola da vez”, diz Jackson Barreto 19 de Dezembro 19H:40

“Belivaldo é a bola da vez”, diz Jackson Barreto

“2017 vai ser um ano difícil para o Brasil, para Sergipe. A crise econômica se abateu sobre o nosso país e a gente não vê uma luz no fundo do túnel”. A avaliação é do governador Jackson Barreto (PMDB), que nesta entrevista concedida ao BLOG DO MAX/JORNAL DA CIDADE lamentou a acumulação de problemas como a seca, desemprego e crise econômica.

 

Ele falou bastante sobre o tema, ressaltando que hoje a escassez de água atinge todo o estado - e não somente o sertão. Também não economizou críticas aos seus adversários, tratando do direcionamento de emendas para a Codevasf nacional, quando os recursos poderiam ser aplicados diretamente em Sergipe.

 

Apesar de evitar falar nas eleições de 2018, considerando que a população não está interessada nisso, ele acaba revelando sua simpatia ao nome de Belivaldo Chagas. Leia a seguir.

 

BLOG DO MAX - Há realmente uma disposição sua em disputar o Senado em 2018? E quem seria o candidato que o senhor gostaria de derrotar nas urnas? Valadares? Amorim?
Jackson Barreto – Na verdade não há uma disposição do governador Jackson Barreto em ser candidato em 2018. Daí porque também não há da minha parte uma preocupação com quem seria o adversário, porque se não há uma decisão em ser candidato, a mim não preocupa quem seria o adversário. Com relação aos dois nomes, o que aconteceu em 2016 é um retrato de que para nós do governo, não há nenhuma preocupação com os nomes citados.



BM – O grupo que está no governo hoje tem como opção única, ou principal, o vice-governador Belivaldo Chagas? Podem surgir novos nomes? Quais?
JB – Belivaldo é um nome, mas é evidente que poderá haver outras opções, o momento político é quem vai dizer. Mas Belivaldo é realmente a bola da vez. Só que eu acho que não há necessidade de se lançar candidatura a governador num momento de crise. Eu acho que quando os adversários dizem que o candidato a governador vai ser fulano do nosso grupo, eu diria que isso é uma burrice política. A população não está nem aí para eleição, quanto mais para nomes e para candidatos. O país e o estado vivem momentos tão difíceis que pensar em nomes e candidaturas agora, você está indo de encontro ao que pensa a sociedade, que está detestando política e políticos.

BM – Ainda assim, vamos falar de política. O candidato ao governo em 2018 será necessariamente do PMDB? Quando o apoio a Edvaldo foi anunciaram lideranças do partido afirmaram que o PMDB teria candidato ao governo.
JB – De forma natural, o partido que está no poder nunca abre mão de que o sucessor não seja da mesma legenda. Esse é um princípio que sempre orientou a todas as siglas partidárias que tiveram experiência no poder. Eu penso assim também.

BM - 2017 será um ano ruim difícil para Sergipe? Será melhor ou pior que 2016? Por que?
JB – 2017 vai ser um ano difícil para o Brasil, para Sergipe, para o governo do estado. A crise econômica se abateu sobre o nosso país e a gente não vê uma luz no fundo do túnel. País em recessão, não produz, não arrecada, não faz divisão de tributos que corresponda à realidade. Os estados, na sua grande maioria em crise, sem condições de pagar folha de pessoal, déficit da previdência cada vez mais destruindo conquistas e programas sociais. Eu lhe confesso, sempre fui um cidadão muito otimista e sempre tive ao longo da minha vida o trabalho como inspiração para resolver as coisas. Mas vejo a situação do país sem muita saída. Precisamos ver fatos novos para apostar num ano melhor, não tenho ainda os elementos para ter essa definição.

BM – Então o senhor conta em administrar durante mais um ano de crise, poucos recursos...?
JB – Poucos recursos, com dificuldades até para pagar a folha de pessoal. Pedir a Deus para pelo menos ter o mínimo, pois não tenho mais onde apertar. Governamos 2016 com os mesmos recursos, o mesmo custeio de 2014.

BM– Houve economia por parte do governo?
JB – Houve economia em todas as áreas. Não temos mais onde apertar o cinto. Há poucos dias falei a um grupo de empresários que a máquina do estado estava rodando com o custeio de 2014 e eles perguntaram como esse milagre acontecia. Apertando tudo o que tinha que apertar, cortando gastos, cortando pessoal. Mas apesar disso tudo fizemos ainda grandes investimentos, conseguimos captar recursos externos, estamos trabalhando com o Prodetur, que são recursos do o BID. O Banco Mundial financiando o programa Águas de Sergipe, levando água e esperança. E o FIDA, que é o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola, levando projetos produtivos para as diversas regiões do estado. Projetos que geram renda, seguram o homem no campo e oferece perspectiva para sobreviver, até mesmo no enfrentamento da seca.

BM – Vivemos uma das piores secas dos últimos anos...
JB – Veja o momento difícil que atravessamos: é crise na economia, desemprego e seca que dizimou 80% da produção agrícola do estado. Milho e feijão, perdemos quase toda a frase. Há uma carência de água em todas as regiões, agora não há apenas uma falta de água no semiárido, é o estado como um todo encarando cinco anos de seca. Isso destrói a economia do estado. Isso deixa qualquer governante desesperado angustiado. Mas mesmo assim ainda conseguimos trazer investimentos do porte de uma termoelétrica para Sergipe.

BM – Sobre a seca, o que o governo pode fazer ou tem feito para amenizar os efeitos dela?
JB – Tenho buscado com a Caixa Econômica um projeto de R$ 30 milhões para que a Deso possa construir sistemas singelos de abastecimento de água. Isso foi discutido com os movimentos sociais. Ficamos esperando o projeto do Canal de Xingó, lutamos inclusive para pagar o projeto, com o ex-presidente da Codevasf. Estamos colocando recursos do Fundo de Combate à Pobreza para limpeza de pequenas e médias barragens. Levamos três grandes barragens para o Ministério da Integração. Fizemos uma discussão com os municípios que decretaram estado de emergência para viabilizar a ampliação da oferta de água, através do programa do governo federal, com o Exército, utilizando caminhões pipa. E ao mesmo tempo discuti com o Ministro da Integração, meu amigo Elder Barbalho, do PMDB do Pará, para que não somente aumentasse a oferta de água para os municípios que decretaram estado de emergência, mas que levasse água também para outros dez que decretaram mais recentemente. São 21 municípios hoje com decreto de emergência. Temos projetos para ovinicultura, caprinocultura, apicultores, associação de mulheres que bordam, pescadores, piscicultura. Temos R$ 100 milhões do FIDA para isso, já levamos R$ 6 milhões e esperamos até o final do ano levar pelo menos mais R$ 4 milhões.

BM – O governo afirma que também está levando obras para essas regiões. É verdade?
JB – É sim. Há o Prodetur fazendo obras para o Turismo em diversos municípios, gerando emprego, renda. Essas obras geram trabalho para a população: uma orla em Canindé, outra em Curralinho, um atracadouro em Itaporanga, outro em Lourdes, leva asfalto para o Escurial em Lourdes. O projeto da Orla em Aracaju, da Aruana até o encerramento da parte de asfalto da Sarney, investimento de mais de R$ 20 milhões, que deveremos estar lançando até o mês de março. E aí vamos criando condições. O que temos feito de reformas em escolas, mantendo uma rede hospitalar, que Deus sabe o custo... Mas é a Saúde do nosso povo.

BM – O senhor falou sobre a Usina Termoelétrica, que inclusive durante a semana foi destaque na imprensa nacional. Quando ela estará efetivamente em atividade e por que será boa para o Estado?
JB – É um empreendimento muito importante, é uma associação das maiores empresas do mundo. A Exon, que é a maior empresa de Petróleo e a General Eletric (GE). Teremos um investimento de R$ 5 bilhões, em etapas. As atenções do mercado nacional e internacional estão voltadas para Sergipe. Na construção dela serão empregados até 3 mil trabalhadores. Num momento de crise, empregar esse número de pessoas é uma grande ajuda aos municípios da região. Todos os contratos preveem que ele deverá entregar energia até 1º d janeiro de 2020 e acredito que estará tudo pronto. Ainda teremos mais leilões e todos os grupos estão interessados.

BM– E como estão as obras do Proinveste? Esta semana os senadores de Sergipe foram ao TCU pedir informações.
JB – O pior de tudo é a pessoa não se debruçar sobre as informações corretas. A primeira parcela foi liberada no governo de Marcelo Déda e a segunda parcela não foi ainda liberada. E eles acham que o dinheiro já veio todo e o governo gastou. Este ano temos mais uma parcela a ser liberada, no valor de R$ 148 milhões. Depois teremos uma terceira parcela de R$42 milhões. As obras estão aí e o que nós usamos de recursos bate exatamente com as obras que foram e as que estão sendo construídas. Tudo está à disposição, não tenho nenhuma preocupação com o requerimento de Valadares e Amorim. Acho que eles estão criando um factoide, porque não encontram deslizes no governo. Querem criar uma discussão para cobrir a vergonha de terem colocado R$ 100 milhões do Orçamento da União para a Codevasf Nacional.

BM – O senhor afirma que o estado foi prejudicado com essa atitude dos senadores?
JB - Todos os anos o governo do estado tinha uma emenda, qualquer que fosse o governador, independente do partido e do compromisso político. Eu deputado, adversário de Albano, assinei emenda para o governo de Albano. Assinei emenda para o governo de João Alves. Marcelo Déda, da mesma forma. E agora, Valadares, com ódio porque perdeu a eleição de prefeito na capital, se juntou com Amorim, que é outro odiento, e tiraram do estado R$ 100 milhões, achando que eles estão prejudicando a pessoa do governador, quando na verdade estão legislando contrários aos interesses do estado. Queria esse dinheiro para fazer a obra do Hospital do Câncer. Aí ele foi remendar: pegou um recurso da Infraero, de R$ 100 milhões, uma emenda impositiva e tiraram da obra do aeroporto R$ 30 milhões para a obra do Hospital do Câncer. Eu não achei ruim, agora, o estado achou ruim, porque era um dinheiro já conquistado para a obra do aeroporto.

BM – Como fica então a obra do aeroporto, sem esses recursos?
JB - Eu preciso de R$ 20 milhões para terminar a pista do aeroporto, porque a Infraero parou a obra. Conforme acordado, o governo do estado investiu R$ 55 milhões em obras no entorno do aeroporto, inclusive o desmonte do morro da pissarreira. Vamos precisar de R$ 300 milhões para construir a estação de embarque e desembarque, que não ficará no mesmo local, mas um pouco à frente. Se fossem usados R$ 30 milhões para concluir a pista, você teria R$ 70 milhões para iniciar a obra da estação de embarque e desembarque, mas Valadares tirou os recursos. Ele queria que eu fosse pro rádio dizer que eu não quero essa verba para o Hospital do Câncer. Mas eu quero. Agora, ele tirou uma verba que já estava garantida para obra do aeroporto, desfalcou o aeroporto, botou para o Hospital do Câncer. Na verdade ele não aguentou as críticas da opinião pública por ter tirado R$ 100 milhões do estado e colocado no orçamento da Codevasf Nacional. O governo federal é que é responsável por colocar recursos na Codesvasf Nacional, quando formata o orçamento da União. Valadares tirou o dinheiro do estado e botou na Codevasf porque nomeou a diretora Nacional. Trabalhou contra os interesses do estado, em função dos seus interesses pessoais. Na história de Sergipe, isso nunca aconteceu. Valadares e Eduardo Amorim precisam prestar contas ao estado de Sergipe e à história. Agiram com ódio à pessoa do governador, são senadores com atitudes pequenas para o estado. Os dois deram a pior lição de como fazer política com ódio pessoal.

BM – Existem muitas obras paradas em Sergipe? Há perspectiva de que elas sejam retomadas em 2017?
JB – Não temos muitas obras paradas. As que se encontram paradas, algumas são realizadas com recursos do Governo Federal. As nossas, muitas das que estão paradas se deve mais à ação de pequenas empresas, que quebram, abandonam as obras. Há ainda problemas com licenças ambientais, complementação de documentação, falta de recursos. São empresas que vão para licitação, dão um preço abaixo da realidade e depois não têm condições de segurar a obra. Aí o governo tem que licitar novamente e a burocracia consome os recursos. Quando vai reiniciá-las, os recursos que você tem perderam valor. Esse processo desemprega pessoas e desarticula o canteiro de obras. Isso tem acontecido muito, não apenas em Sergipe, nas no Brasil. Era preciso uma legislação mais dura para enfrentar esses aventureiros que abandonam as obras. Não tem porque negar que em algumas obras há atrasos de pagamento do Governo do Estado. Isso também dificulta a vida de algumas empresas, estamos trabalhando para que essas coisas não aconteçam. Mas isso é um número muito menor.

 

 

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