Com a viagem do governador Jackson Barreto (PMDB), para tratar da Saúde, seu vice,
Belivaldo Chagas, assume o governo do estado pelos próximos vinte dias. Belivaldo já havia sido indicado por Jackson para comandar as negociações com os sindicatos, e nesta conversa com o BLOG DO MAX / JORNAL DA CIDADE, ele diz que não há pauta bomba, que os servidores apenas estão apresentando reivindicações - que estão sendo ouvidas e analisadas.
Ele afirmou que
no momento não está sendo discutido reajuste salarial, e disse que o governo não pode ser irresponsável, se comprometendo com um reajuste que mais tarde não poderá ser pago – ou colocando em risco as contas do estado, frente à LRF. Confira a conversa exclusiva com o BLOG DO MAX / JORNAL DA CIDADE.
BLOG DO MAX - Como está o diálogo do Governo com os sindicatos? O clima é tenso?
Belivaldo Chagas - O governador Jackson Barreto construiu sua trajetória política nos movimentos sociais. O diálogo sempre foi e será nossa forma de trabalho. Não existe tensão. O que existe são pontos de vista diferentes e o debate incessante por propostas que ajudem o Estado a enfrentar essa crise, que é nacional.
BM - A mesa de negociações está funcionando? Qual é o limite dela? A mesa possui autonomia, vai discutir reajustes com os servidores?
BC - Mantemos o canal de diálogo aberto com as categorias. A mesa de negociações é um dos instrumentos de conversa. No momento, não temos discussão sobre reajustes porque enfrentamos um período de queda de arrecadação e dificuldades financeiras.
BM - É verdade que o diálogo com algumas categorias não evolui, fica girando em torno dos mesmos temas?
BC - Temos demandas comuns a todas as categorias, e temas específicos. Nosso diálogo é sempre produtivo, estamos mostrando as dificuldades. Trabalhamos com transparência. Só temos dois caminhos: dialogar e trabalhar. O governo está caminhando nesse sentido. Com a mesa de negociação, vamos colocar quais as reivindicações que poderemos atender.
BM - Alguns sindicatos estão apresentando verdadeiras "pautas-bomba", propostas que poderiam desestabilizar ainda mais as finanças do governo do estado? Qual seria essa 'pauta-bomba?'
BC - Desconheço pauta-bomba. Os sindicatos estão fazendo as suas reivindicações. E nós estamos ouvindo.
JC -O diálogo está acontecendo, mas o governo tem alguma perspectiva de atender a alguns dos pleitos dos servidores?
BC - Trabalhamos por soluções. Mas é preciso deixar claro que estamos atravessando um período de dificuldades financeiras. Tivemos uma perda de R$ 100 milhões nos repasses federais. Temos um déficit da Previdência que cresceu 600% nos últimos anos, passando de R$ 100 milhões, em 2008, para R$ 890 milhões em 2015. Não podemos ser irresponsáveis e nos comprometermos agora com reajuste salarial para mais tarde não podermos pagar o nosso servidor.
BM - Quais são as principais reivindicações dos servidores estaduais de Sergipe?
BC - A pauta comum é o reajuste salarial e a implantação do Plano de Cargos e Salários. As duas solicitações estão ligadas à Lei de Responsabilidade Fiscal. Não podemos comprometer as contas do Estado, todas as decisões são estudadas com cuidado para não comprometermos o crescimento de Sergipe.
BM - O Plano de Carreira dos servidores pode entrar em vigor? O governo trabalha com essa perspectiva?
BC - Trabalhamos para isso. É essa a nossa prioridade. O Plano de Cargos é uma vitória do servidor e da gestão de Jackson Barreto, uma conquista histórica. Estamos fazendo os ajustes necessários para sairmos do limite prudencial da LRF, que é condicionante para a implantação plena dos PCCVs.
BM - É verdade que os servidores terão que escolher entre reajuste linear ou implantação do Plano de Carreira? Essa discussão já existe? Qual o pensamento dos sindicatos?
BC - Algumas categorias já têm os seus Planos de Cargos, como é o caso dos professores. Outras tiveram a implantação iniciada mas falta uma segunda etapa, como por exemplo, os servidores administrativos filiados ao Sintrase. E outras estão iniciando a discussão, como os servidores do Detran. E existem categorias que solicitam o reajuste linear. Estamos dialogando com todos e vamos tomar juntos, a melhor decisão.
BM - Quais são os pontos que unem os sindicatos e os que eles divergem, na mesa de negociações?
BC- Não há divergência entre sindicatos. As categorias possuem demandas gerais e específicas.
JC - Há perspectivas de o governo voltar a pagar os servidores em uma só parcela? Quando?
BC - O pagamento de servidores é prioridade para o Estado. Não temos como afirmar se teremos novos parcelamentos de salários porque dependemos dos repasses federais. É importante esclarecer para a população que todos os meses temos que retirar R$ 70 milhões dos cofres para cobrir o déficit da previdência, para fechar a folha dos aposentados.
Esse dinheiro poderia ser utilizado no reajuste salarial, por exemplo. A reforma da previdência é uma pauta urgente para todos os estados e estamos trabalhando, junto aos outros entes federativos, para encontrarmos o melhor caminho. Nossa expectativa é que a partir de outubro as coisas melhorem um pouco.
BM - O senhor já discutiu com o governador sobre como será a sua administração, na ausência de Jackson Barreto? Possui planos?
BC - Temos uma relação harmoniosa com o governador Jackson Barreto. Vamos dar continuidade ao trabalho e cumprir as determinações do governador. O que ele nos orientou é para que os projetos, obras e a rotina administrativa ocorram normalmente. Vamos tocar as coisas nesse curto espaço de tempo com tranqüilidade e empenho. Não há uma gestão de Belivaldo. Estamos substituindo o governador enquanto ele cuida da saúde.