Nesta entrevista ao BLOG DO MAX/JORNAL DA CIDADE o senador Eduardo Amorim (PSC),
que já apoiou a presidente Dilma no Congresso, disse que já acreditou no governo, mas hoje não acredita mais. Ele falou que
não são apresentadas soluções para os problemas graves da economia e sobre o governo do estado, garante que o atual passará para a história como o pior de todos.
Amorim também não descarta sua filiação ao PSDB e repete que a maior parte do seu grupo defende uma candidatura própria à Prefeitura de Aracaju – e ele está à disposição do grupo.
BLOG DO MAX- Como o senhor avalia o ano de 2015 para o Senado Federal?
EDUARDO AMORIM - O ano de 2015 foi marcado por uma crise política avassaladora e devastado por uma crise econômica sem precedentes. A crise, principalmente a econômica, foi diagnosticada previamente, que agora, atinge a todos os cidadãos. Mesmo passando por esse turbilhão, o Senado Federal procurou fazer a sua parte. Foram aprovadas 1.579 proposições de interesse do país, principalmente aquelas reivindicadas pelos brasileiros, como pontos da reforma política. De maneira objetiva, democrática e ampla instituímos a chamada “agenda Brasil”, uma contribuição do legislativo para a grave crise nacional que passamos.
BM - Se o pedido de Impeachment chegar ao Senado, o governo avalia que tem maioria e conseguirá barrá-lo. O senhor concorda?
EA - Dependerá do momento. Dependerá do desfecho do processo na Câmara dos Deputados. Uma aprovação ou reprovação na Câmara terá reflexos no Senado. Quando lançamos o olhar para os aspectos políticos, éticos e de governabilidade desta crise de governo, o desalento é grande. Simplesmente não há gestão, não há uma solução para problemas graves na economia. A única certeza que temos é que a presidente enfrenta um processo de impeachment de desfecho imprevisível.
BM - O senhor é favorável ao Impeachment da presidente, mesmo tendo apoiado o seu governo durante muito tempo - inclusive quando ela realizou as tais "pedaladas" fiscais?
EA - Como milhões de brasileiros, acreditei em 2010 neste governo. Tinha convicção que ela seria uma “super gerente”, que aniquilaria a corrupção, colocaria o país nos trilhos, mas não foi isso que percebemos. O que vemos é frustrante e por isso corrigimos o nosso rumo, eu e a maior parte dos brasileiros não acreditamos mais nessa gestão. Se vivêssemos em um regime parlamentarista, não teria dúvidas que no primeiro mês a presidente sairia. Motivos? Temos de sobra. Não concordei e nem aprovei “pedaladas fiscais”. Estive com senadores, do bloco parlamentar do qual faço parte, com o ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy e indagamos qual seria a profundidade da crise. Sabe quantas vezes ele respondeu? Nenhuma! Todos sabem que as “pedaladas fiscais”, também, contribuíram para esse cenário de crise política e econômica. Não associo o impeachment a golpe. Ele, a rigor, é a pena aplicada ao presidente da República, como previsto na Lei 1.079/50, em caso de condenação por crime de responsabilidade. Volto a dizer: não é golpe, está na Constituição.
BM - Como foi a sua atuação no Senado? O que o senhor destacaria de propostas, atuação legislativa, comissões?
EA - Podemos avaliar que foi o ano de muito trabalho e conquistas. Atuamos em 28 comissões, diversas subcomissões, conselhos e frentes parlamentares, apresentamos até o final deste ano 66 Projetos de Lei, 12 Propostas de Emenda à Constituição e destinamos R$ 310 milhões para obras em todo o Estado, ao longo dos anos. Estive como relator setorial do Ministério da Integração; visitei, in loco, juntamente com o presidente da Codevasf, o local de captação do Canal de Xingó, um sonho antigo dos sergipanos; e conseguimos no Ministério dos Transportes incluir a duplicação da BR-235 no PAC 3. Em 2016 continuamos com nossas pautas, concatenadas com as reivindicações dos brasileiros.
BM - E o governo do Estado, qual a avaliação que o senhor faz da atual gestão?
EA - Como disse o deputado estadual Robson Viana, esse governo passará para a história como o pior de todos. Quem pede respeito, deve saber respeitar e dar exemplos, não é o caso do governante do Estado. Não lembro de um Governo não ter pago o 13º dos servidores, de parcelar salários, e só está parcelando porque ainda temos o banco estadual. Nada disso é novidade, quem não lembra da gestão dele na prefeitura? Esse é o Governo da mentira. No dia 13 de novembro deste ano o vice-governador, Belivaldo Chagas, garantiu durante entrevista a um programa de TV que o Estado não teria problema com o pagamento do décimo; já o governador, ao reassumir, afirmou que não tinha a verba. O que aconteceu? O dinheiro sumiu em tão pouco tempo? Cadê o dinheiro? Fatiar e atrasar o salário do servidor é um grande absurdo.
BM - A oposição já definiu quem será seu líder na Assembleia Legislativa?
EA - Praticamente. Na ocasião, ficou decidido que no dia 15 de fevereiro, vamos definir um nome de maneira consensual. Os prováveis nomes são: deputado estadual Antônio dos Santos e Georgeo Passos. Nossas reuniões serão constantes e pontuais, as questões do Estado devem ser ampliadas e questionadas a todo momento. Não temos um número suficiente na Assembleia, mas a oposição está unida e o Governo continua apadrinhando.
BM - O grupo liderado pelos irmãos Amorim ainda tem fôlego, possui densidade eleitoral? Quantos partidos estão sob a orientação política de vocês?
EA – Nosso grupo ainda tem fôlego e motivação, tudo que dissemos na campanha está se concretizando, por onde passamos nas ruas e praças as pessoas reafirmam que tínhamos razão sobre a situação do Estado. Só a verdade resiste a linha do tempo, e ela veio muito rápido. Se o povo soubesse, não teria escolhido o que está aí. Observamos um estelionato eleitoral, mas para muitos não há nenhuma novidade. Procuramos realizar a política de maneira moderna e regida pela ética, tão solicitada pelos sergipanos. Posso reafirmar que estamos bem e vamos avançar nos próximos anos.
BM- Quais são os planos para o grupo em 2016? Pretendem lançar quantos candidatos a Prefeito?
EA - Gostaria de ter um número preciso, mas não depende só de mim. Vamos trabalhar para fazer um maior número possível. Nosso grupo é caraterizado pela sua pujança e propósitos bem alinhados. Vamos buscar qualidade nos nomes para refletir na gestão.
BM - Em Aracaju, o grupo terá candidato a Prefeito? Quando isso será definido?
EA - A maioria do nosso bloco defende uma candidatura própria, isso certamente será definido no próximo ano. Posso adiantar que temos caminhos definidos; podemos manter a aliança firmada em 2012 com o atual prefeito; ou podemos lançar uma candidatura própria, é o que pensa a maioria do grupo; O que posso dizer é que estaremos presentes e determinados. Estou preparado para a decisão do grupo. Assim como estudamos o Estado, estudamos a Capital, seus problemas e soluções.
BM - Machado pode ser indicado pelo PSDB para continuar como vice? Essa possibilidade é remota? O PSDB possui outros nomes? Quem?
EA - O PSDB vem passando por uma restruturação política e administrativa, depois de muito tempo suas contas estão sendo colocadas em ordem. O partido já está em 73 municípios, ou seja, quase 100%. Foi instituída, também, uma reformulação política com a estruturação do PSDB Jovem e do PSDB Mulher. A questão do vice-prefeito, José Carlos Machado, ele é quem deve construir e apresentar suas ideias e propostas ao grupo. Temos bons nomes, não apenas no PSDB como em outros partidos do nosso bloco político.
BM -O senhor já descartou mudar para o PSDB?
EA - Não. Depois das eleições municipais teremos uma definição sobre esse ponto. O que posso adiantar é que semanalmente participo das reuniões do Bloco Parlamentar do PSDB e converso sempre com os senadores Aécio Neves, Cássio Cunha Lima e Aloysio Nunes. Inclusive, continuo sendo o responsável pela agenda do bloco parlamentar união e força no Senado.