Poder e Cotidiano em Sergipe
“A população é contra a reforma trabalhista”, avalia Eduardo Amorim 3 de Julho 8H:45

“A população é contra a reforma trabalhista”, avalia Eduardo Amorim

Nos últimos dias a polêmica na política sergipana foi o voto do senador Eduardo Amorim contra a chamada reforma trabalhista, em uma comissão no Senado.

 

Nessa entrevista ao BLOG DO MAX/JORNAL DA CIDADE Amorim afirmou que é contra as reformas previdenciária e trabalhista. Para ele, o foco deveria ser a reforma tributária.

 

O senador disse que os trabalhadores perderão muitos direitos e que não podem pagar a conta da crise sozinhos. Ele ainda confirmou que permanece no PSDB e que não acredita em uma união política do governador Jackson Barreto (PMDB) com o deputado federal André Moura (PSC) – com quem Amorim afirma que mantém uma constante e excelente relação. Confira abaixo a conversa com o senador sergipano.

BLOG DO MAX - Gerou muita polêmica o seu voto contra a reforma trabalhista, na comissão do Senado. Muito se falou, mas o que gerou mesmo esse seu voto?
Eduardo Amorim – Dois princípios, o da consciência e o da coerência. O trabalhador brasileiro já vem sofrendo muito, pagando muitas contas que não são dele. Não é o trabalhador que é culpado pelas mazelas, pelas corrupções, pelo descaso que o País está vivendo. O trabalhador não pode perder direitos de décadas e conquistas históricas, sobretudo, em um momento como esse. O caminho do mais fácil, nem sempre é o melhor. Sobre o voto da coerência, reafirmo que na minha vida o que eu prego é o que eu vivo. Eu procuro, na medida do possível, ser o primeiro exemplo, ainda mais no exercício do mandato que me foi delegado pelo povo.



BM - O senhor avaliou as implicações políticas, como por exemplo uma possível rejeição da população? Sua esposa, procuradora do Trabalho, foi fator preponderante no seu voto?
EA - A população é contra a reforma trabalhista. Ninguém consegue agradar a todos, então pensei nos mais necessitados, os trabalhadores. Inúmeras vezes votei favorável ao setor produtivo e continuarei auxiliando. Já sobre uma possível influência da minha esposa, talvez tenha sido uma das grandes covardias que eu tenha sido vítima na minha vida política. Citar a minha família em um processo que envolve 90 milhões de trabalhadores desse País é uma covardia, não só comigo, mas com cada trabalhador que está sofrendo nesse momento de crise. O que prevaleceu foi o voto da consciência, pensar diferente disto é se afastar da verdade.



BM - O senhor acredita que em plenário a proposta deva ser aprovada?
EA - Vejo, hoje, aqui no Senado, uma disputa enorme nas comissões. A proposta foi rejeitada na Comissão de Assuntos Sociais, mas foi aprovada na madrugada de quinta-feira na Comissão de Constituição e Justiça por 16 votos a 9. Então, imagino que essa mesma disputa chegue ao Plenário. É lógico que o governo irá agir, mas não tenho tanta certeza da aprovação.



BM - Em que a reforma trabalhista afeta os trabalhadores?
EA – Em muitos itens. São mais de 120 itens mudados repentinamente. Não houve uma transição. Pouco diálogo. Posso elencar três pontos que não são aceitos pelo trabalhador, como por exemplo, o parcelamento de férias, a permissão que gestante e lactantes possam trabalhar em locais insalubre e o trabalho intermitente. Só citei estes, dentre outros pontos que desfavorecem o trabalhador e deixam flexível demais as relações de trabalho.


BM - O senhor acredita que a reforma vá gerar empregos, como o governo diz?
EA - A reforma retira direitos, conquistados em décadas. O governo deveria priorizar a renegociação dos municípios com o INSS. Esta medida pode reduzir o déficit da Previdência, por exemplo. A reforma tributária e não a trabalhista e previdenciária deveria ser eleita como prioritária para o ajuste das contas do nosso País. O déficit da Previdência tem diversas origens e uma delas é a falta de pagamento das contribuições pelas empresas e até pelo poder público. O povo brasileiro não aguenta mais pagar por uma conta perversa e que não pertence à classe trabalhadora. Isso é desumano.



BM- Suas divergências políticas com Laércio Oliveira contribuíram para esse voto contrário?
EA - Não, de forma nenhuma. Sei respeitar a decisão alheia e convivo respeitosamente com Laércio. Aliás, minutos antes de conceder essa entrevista, recebi a visita de Laércio Oliveira em nosso gabinete em Brasília. Nos encontramos constantemente e temos uma boa relação.



BM - E a reforma da previdência? O senhor é mesmo favorável, já definiu o voto?
EA - Meu voto está definido. Seria contra. Sou favorável à reforma tributária. O Brasil não pode mais adiá-la. Reduzir e simplificar a cobrança de impostos é condição necessária para o país estimular a economia e enfrentar o futuro. Os brasileiros pagam mais de 94 tipos de tributos e, em relação ao PIB, a carga tributária do Brasil é a maior das Américas e uma das mais elevadas do Mundo.



BM - Aumentam os comentários de um afastamento entre o senhor e o deputado André Moura. Isso está mesmo acontecendo, por conta de projetos políticos similares para 2018 - ambos pensam em disputar o governo?
EA - Reafirmo que não haverá similaridade de projetos. Não há nenhum tipo de disputa entre nós dois. Converso com André Moura quase que diariamente. Ainda essa semana fui relator de uma Medida Provisória e o parlamentar estava sentado ao meu lado e, também, participamos de audiências conjuntas na Esplanada dos Ministérios e no Interior de Sergipe. Quem fala de afastamento não está sendo verdadeiro.



BM- O senhor apoiaria André Moura ou o Senador Valadares como nomes do grupo para disputar o governo? O senhor acha que deveria ter uma preferência nesta fila, por já ter encarado a disputa?
EA - Meu nome está colocado no grupo como qualquer outro e o nosso bloco político vai decidir. Fico feliz que temos vários nomes em nosso agrupamento.



BM - O senhor teme uma aproximação entre Jackson e Moura?
EA - A história dos dois não se combina, portanto, não temo nenhuma aproximação política. Entretanto, o parlamentar tem a obrigação de atender as demandas não só do governador, mas, como também, de qualquer prefeito contrário ao nosso bloco político, como sempre fazemos. Eu mesmo atendo a todos. Posso confirmar que já enviamos emendas para os 75 municípios. Se o governador me procurar solicitando apoio para o seu governo contará com o meu apoio. Já politicamente falando, estamos em palanques diferentes e temos ideias distintas.



BM - Seu partido continua dando sustentação ao presidente Temer. O senhor é favorável a isso? Acredita que o PSDB fique com Temer até o fim do governo?
EA - Não sou favorável e não acredito que o nosso partido fique com Temer até o fim do governo. Contudo, respeito aqueles que defendem que o PSDB deve permanecer. No nosso bloco, por exemplo, o senador Valadares defende a saída do governo e o deputado federal André Moura a permanência. Respeito e considero as ideias dos dois.



BM - Esta semana circulou a informação de que o PSDB Nacional teria decidido por sua expulsão. É verdade isso?
EA - Não. Durante toda a semana mantive diálogo com o atual presidente Tasso Jereissati. Ele mesmo me garantiu que o partido respeita minhas posições contrárias às reformas. O partido respeita a minha opinião e eu respeito o partido que me recebeu tão bem. O próprio Tasso, através da Assessoria do PSDB Nacional, enviou nota afirmando que continuo no PSDB.



BM - O senhor acredita que Temer terminará o seu governo? Qual é o clima e quais são os comentários em Brasília?
EA - Difícil avaliar. São inúmeras crises. Todas as semanas temos fatos negativos. Os comentários são de dificuldades do atual governo.

 

 

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