“Sergipe tem sido um dos estados mais afetados pela crise econômica”, afirma José Augusto Carvalho

Apesar de alguns verem pequenos sinais de recuperação econômica do país, a situação ainda é muito ruim. E de acordo com o secretário de estado do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, José Augusto Carvalho, Sergipe foi um dos estados mais afetados.

Para reverter esse quadro, o governo tem buscado investimentos e parceiros, inclusive fora do país. Já há negociações com grupos internacionais.

E a chegada da maior usina termoelétrica da América do Sul também tem gerado interesse no pequeno estado de Sergipe. Leia a seguir a entrevista com José Augusto.

BLOG DO MAX - Há perspectivas de investimentos internacionais em Sergipe? A Sedetec tem mantido contato com grupos de fora do país?
José Augusto - A SEDETEC tem adotado nos últimos meses uma agenda de promoção do estado junto aos investidores nacionais e internacionais, participando de feiras, conferências e fóruns, mostrando as potencialidades de Sergipe. Como resultado disto, temos construído agendas com investidores estrangeiros e instituições de alguns países, para a realização de negócios e cooperação para o desenvolvimento econômico e tecnológico do estado.

BM - Há negociações com grupos internacionais que estejam mais adiantadas, que possam gerar um investimento efetivo no estado, a curto ou médio prazo?
JA - Recentemente realizamos reunião na Câmara de Indústria e Comércio Brasil-Japão em São Paulo, para tratar de atração de investimentos de grupos empresariais japoneses no estado. Temos também realizado esforços no sentido de dar mais competitividade ao nosso estado no comércio internacional, com a busca de investimentos para ampliação do porto de Sergipe, principalmente, na viabilização da operação de contêineres. Neste sentido, estamos em tratativas com a grande operadora logística alemã Hamburg Süd.

BM - A secretaria tem projetos específicos para o desenvolvimento dos municípios sergipanos? Quais?
JA - A SEDETEC no seu planejamento estratégico tem eleito entre seus objetivos a desconcentração econômica na Grande Aracaju. Neste sentido, tem-se buscado priorizar o interior na alocação dos investimentos captados. Como exemplo tem-se a instalação da Cooper Standard em Santa Rosa de Lima, diversificando a economia do Leste Sergipano.

BM- Existe o planejamento de aproveitar as vocações locais para potenciar empreendimentos neste sentido? A secretaria tem projetos e ações nesta área?
JA - Sim. A SEDETEC trabalha também na perspectiva de potencializar as vocações locais. Para tanto trabalha no apoio dos arranjos produtivos locais. Dentre os principais projetos em execução nesta área estão: o Complexo Empresarial de Tobias Barreto, a Rede de Extensão Tecnológica e o novo Sergipe Parque Tecnológico. Também temos investido nas vocações locais, como meio de superação da pobreza por meio de tecnologias sociais e economia criativa, através de projetos executados em parceria com o Instituto de Pesquisa, Tecnologia e Inovação (IPTI).

BM- A instalação da usina termoelétrica já está despertando o interesse em Sergipe de outras empresas?
JA - Sim. Temos percebido nas recentes reuniões e viagens para promoção do estado um grande interesse por parte do empresariado na usina Porto de Sergipe, especialmente, ligados ao setor energético, por conta do tamanho do investimento e do impacto que esse deverá ter sobre a matriz energética nordestina. Lembrando que essa será a maior usina termoelétrica a gás da América Latina. Vale lembrar também a grande importância de uma nova fonte de gás natural para empresas interessadas em se instalar na região, que é a capacidade excedente da planta de regaseificação que está chegando para atender à termoelétrica.

BM - Qual o impacto da crise financeira na indústria sergipana? Houve queda na produção? Como estão os números?
JA - Sergipe tem sido um dos estados mais afetados pela crise econômica. Isto se sente, sobretudo, no mercado de trabalho. Nos últimos doze meses, o estado acumulou mais de 7,8 mil demissões e um aumento do desemprego em 2,67%. Essa é a realidade que a SEDETEC tem enfrentado e buscado realizar ações para retomar o crescimento da atividade econômica e recuperar os empregos e a renda perdida nos últimos dois anos.

BM- Há perspectivas reais de recuperação da atividade econômica em Sergipe e no Brasil? Os empresários e investidores estão realmente dispostos a investir?
JA - Sim, Sergipe, apesar da crise, permanece uma boa opção para o investidor privado, sobretudo, dos setores de petróleo e gás, energias, mineral e automotivo. Há a expectativa de início da exploração de petróleo de alta qualidade em águas profundas, além da continuidade da construção da primeira unidade do complexo termoelétrico Porto de Sergipe. A chegada da Cooper Standard reforça o potencial de Sergipe para recuperar seu dinamismo econômico. Lembro que o Nordeste conta com duas montadoras (FORD e JEEP) que estão localizadas na Bahia e Pernambuco. Sergipe está no meio do caminho, ou seja, um ótimo local para a instalação de indústrias de autopeças.

BM- Como está o programa de atração de investimentos em Sergipe?
JA - A SEDETEC tem trabalhado de maneira assertiva, buscando o investidor, no sentido de adensar as cadeias produtivas do estado, não somente as mais tradicionais, mas também aquelas que ainda apresentam pouca representatividade, porém grande potencial de crescimento, como a automotiva e de tecnologia da informação.

BM - Há uma reclamação hoje sobre o preço do gás em Sergipe. O que a Sedetec está fazendo em relação a isso?
JA - A Secretaria tem liderado reuniões com a SERGÁS, nossa vinculada, e com representantes do setor industrial, com vistas a buscar uma tarifa mais competitiva e diminuir o custo Sergipe, ou seja, o custo de se produzir em nosso estado. Nessa jornada, contamos com a colaboração do deputado Laércio Oliveira, que tem participado conosco de reuniões de trabalho que visam encontrar alternativas para a solução deste problema. Como resultado deste esforço, haverá uma audiência pública promovida pela Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de Sergipe (AGRESE) na próxima quinta-feira, dia 31 de agosto, no auditório da CODISE, para tratar sobre as demandas relacionadas ao gás.

BM – a classe política e os deputados sergipanos podem ajudar a ampliar o desenvolvimento econômico de nosso estado?
JA - Os parlamentares sergipanos podem apoiar o desenvolvimento econômico sobremaneira, com suas articulações junto aos mecanismos políticos em Brasília para captar investimentos federais e também o relacionamento com as corporações empresariais para convencê-las a investir em nosso estado. É importante que tenhamos parlamentares focados no crescimento econômico, buscando fortalecer a cadeia produtiva, na intenção de promover uma maior geração de emprego e renda para nossa população. Temos um exemplo desse tipo de pessoa no deputado Laércio Oliveira, que tem sempre conversado comigo, para discutir ideias do que se pode fazer para projetar Sergipe como um potencial receptor de grandes indústrias, além de dialogar sobre como se pode promover o investimento interno, fomentando a cadeia produtiva por meio das micro e pequenas empresas. Sempre que podemos, discutimos os melhores mecanismos de estimular o empreendedorismo e a captação não apenas de investimentos, mas de empreendimentos estruturantes para a economia sergipana. O necessário para fazer fluir a cadeia produtiva é criar mais oportunidades de negócios, e isso discutimos muito com o deputado Laércio, que tem contribuído bastante com boas ideias para enfrentarmos a crise e recuperar, principalmente vagas no mercado de trabalho para nossa população. Com mais emprego, as coisas ficam melhores.