Poder e Cotidiano em Sergipe
“Se depender de mim, vou tentar o Senado”, diz senador Valadares 17 de Abril 18H:09

“Se depender de mim, vou tentar o Senado”, diz senador Valadares

 

A cisão dos grupos políticos do senador Antônio Carlos Valadares (PSB) e do governador Jackson Barreto (PSB), somada ao resultado da eleição para prefeito de Aracaju no ano passado, darão o tom da campanha em 2018 – e do período até lá.

 

É o que se depreende desta entrevista concedida pelo senador Valadares ao BLOG DO MAX/JORNAL DA CIDADE, onde ele faz questão de relembrar e contar a sua versão de cada parte dessa história.

 

Valadares disse que pretende dar continuidade às críticas mais ásperas que tem feito e garantiu que ninguém iria comprar o seu silêncio. Ele ainda revelou que pensa em encarar a disputa pelo Senado Federal – indo para o quarto mandato consecutivo.

 

BLOG DO MAX - Após as eleições municipais deste ano houve uma radicalização da sua postura política? Por que o tom das críticas parece ter sido elevado?
Antônio Carlos Valadares - Essa situação não foi provocada por mim. Partiu do outro lado. É só refrescar um pouco a memória e recordar a violência verbal, jamais vista em outras campanhas. Me refiro às eleições de 2016, em Aracaju. Parecia que o mundo ia se acabar se Edvaldo não ganhasse a prefeitura. Era como se fosse a última cartada de Jackson Barreto & Cia, vencer o candidato do PSB, Valadares Filho. Em desespero, entraram para a aeronave do xingamento e partiram para uma viagem do ou tudo ou nada. Criaram factoides e mentiras deslavadas. Partiram para o ataque sem dó e piedade contra um candidato moderado, que crescia a olhos vistos. A sua postura de não responder, acreditando que o povo só queria ouvir propostas não foi a melhor estratégia. Na base do vale tudo, instalou-se na campanha o marketing do mal, sob o comando de Jackson e Edvaldo e sob a batuta da mente devastadora de Cauê, com o objetivo de descontruir a imagem de Valadares Filho. Passei então a reagir, como era do meu dever, nas redes sociais, usando o meu “megafone” chamado twitter, sem, no entanto, baixar o nível.

 

BM – Mas o que motivou o início das suas tuitadas?
ACV - Chegaram ao ponto de, até nas carreatas, com a presença de Edvaldo e Eliane, orientarem os locutores de seus potentes carros de som, a esbravejarem em todos os bairros por onde circulavam que o nosso candidato estava montando uma quadrilha pra roubar os cofres da Prefeitura. Quem conhece a família Valadares sabe muito bem que não temos esse costume. Foi uma ofensa vil e covarde contra um candidato que tem uma vida limpa, que segue uma tradição e uma cultura familiar de não pegar no alheio para enriquecimento ilícito.

 

BM – Mas a campanha de Valadares Filho também não estava pegando pesado?
ACV - Pela campanha decente que vinha fazendo, Valadares Filho não merecia aquele tratamento. Essa gente aprendeu a transformar amigos ou adversários, em inimigos, a depender das conveniências. Cansei-me desse jogo baixo e atrevido. Continuo sendo um homem pacífico. Apenas resolvi assumir uma postura mais protagonista, respondendo com firmeza e indignação todas as imprecações que considero injustas. Continuarei a usar esse “megafone" moderno, o twitter. Ao fazê-lo sei que estou a incomodar os poderosos. Minhas postagens alcançam milhares de internautas formadores de opinião que multiplicam, generosamente, uma síntese do que penso, escrevo ou digo. A cantilena dos que não suportam críticas, mesmo que sejam divulgadas em espaço tão diminuto de apenas 140 caracteres, é que deveríamos simplesmente calar, diante do resultado da eleição de Aracaju, e nos conformarmos com a derrota. Claro que estamos conformados, porque respeitamos a vontade do povo, mas ninguém comprará o nosso silêncio. Quando a oposição fala, faz críticas procedentes, sem ultrapassar as regras do debate político, e sem radicalismos inconsequentes, como nos aconselha a democracia. Eu procuro agir assim, para ter o acatamento dos que me acompanham e o respeito dos que não estão do meu lado.

 

BM-  Não é delicado fazer tantas críticas a um grupo no qual o senhor estava incluído há pouco tempo? O senhor fica à vontade com essa situação?
ACV - De fato, estive incluído nesse agrupamento do qual faz parte o governador Jackson Barreto até as eleições de 2014. Dele fiz parte, e lutei por seu fortalecimento, sem interrupção, por mais de 20 anos. Essa interrupção só veio acontecer no final daquele ano, por culpa exclusiva de Jackson Barreto que me desconsiderou publicamente. Só Deus sabe as resistências que enfrentei dentro do PSB Nacional para aceitar essa aliança. Mesmo contrariando a Eduardo Campos, presidente do PSB, terminei apoiando Jackson Barreto, indicando como vice Belivaldo, um político em quem confiava, pelo seu passado de fidelidade ao nosso partido. Registro que, por causa desse acordo político que o PSB fez para eleger Jackson Barreto, Eduardo Campos ficou tão triste com nossa atitude que nunca mais pisou os pés em Sergipe. Eduardo Campos e Pedrinho me aconselhavam a ser candidato ou apoiar Eduardo Amorim para governador.

 

BM - E por que o senhor terminou apoiando Jackson?
ACV - Um fato relevante pesou, e muito, para realizarmos aquela aliança. Ainda estava bem viva na minha memória a lembrança do amigo inesquecível Marcelo Déda, o seu esforço para vencer a terrível doença que o abateu tão prematuramente, a sua luta para formar, junto comigo e de tantos companheiros abnegados, um grupo coeso para mudar os rumos de Sergipe e colocá-lo na rota do desenvolvimento. Mesmo no prejuízo, acho que valeu a pena no plano da coerência, aquela posição de tentar mais uma vez a luta pela continuidade. Cumpri a minha parte. Para minha surpresa e decepção, depois da apuração dos votos da eleição presidencial, no segundo turno, sem qualquer justificativa, fui agredido publicamente pelo governador Jackson Barreto. Foram palavras reveladoras de um oportunismo barato, que, imediatamente, receberam a minha reprimenda e o meu justo protesto. Compreendi então que eu havia sido enganado, que estava sendo descartado, que ali não havia mais lugar para mim. A minha exclusão estava decretada. Dei-lhe uma resposta dura na imprensa, e nas emissoras.

 

BM - Como o senhor avalia os 100 primeiros dias de gestão do prefeito Edvaldo Nogueira? É cedo para criticar o prefeito?
ACV- Todos aqueles que conheceram como governa Edvaldo, que passou 7 anos como prefeito, sabiam de antemão que seria grande a frustração dos eleitores de Aracaju, depois de sua posse. A promessa da revogação imediata do IPTU, que não cumpriu, e nunca será por ele cumprida; o atraso da folha de servidores; o desregramento na nomeação de milhares de cargos em comissão para atender ao apetite de aliados e atrair novos aliados na Câmara de Vereadores, fazendo o contrário do que prometeu; o escândalo do lixo que poderia ter sido evitado, caso tivesse agido com firmeza, desde a sua primeira gestão; e o abandono indiscriminado dos bairros. São, por enquanto, as mais eloquentes demonstrações de seu despreparo para governar uma Capital como Aracaju. Nunca em toda a história de nosso município vimos um prefeito, nos primeiros 100 dias de sua administração, dar tantos tropeços, próprios de um simples iniciante em gestão pública (e como ele se gabava de ser experiente!), e se transformar, em tão pouco tempo, numa figura política desgastada. Torço que ele melhore, senão seremos obrigados a suportar mais quatro anos de um desastre anunciado, que fora ocultado pelo marketing só pra conquistar a prefeitura. O povo merece um esforço além do possível e do necessário para que Aracaju tenha melhores dias com um governo mais atento, mais precavido, e mais eficiente.

 

BM - O governo do Estado afirma que tem se saído bem, frente ao momento de crise. O senhor concorda?
ACV - Tenho a sensação de que Jackson Barreto vai terminar o seu mandato sem deixar sequer uma marca representativa de sua passagem pelo governo. As obras do Proinvest que andam devagar, quase parando, são do governo Marcelo Déda, que contraiu um empréstimo junto ao BNDES. Parte desses recursos está sem uso na Caixa, esperando a conclusão de obras para o seu desembolso. O BNDES teve que prorrogar contratos por descumprimento de prazos por parte do governo. A Assembleia Legislativa, deu-lhe carta branca para fazer o que quisesse com o dinheiro do Proinvest, mas, ainda assim, as obras, em sua grande maioria, andam a passos de cágado. Até que, de uns dias para cá, depois de um requerimento de informações dos senadores junto à CGU e ao TCU, parece que algo se moveu e algumas obras estão andando. É um governo que está fazendo história pelo lado negativo. É o primeiro governo que atrasa salários, não tem um calendário definido, e nem está aí pra isso. Todavia, sabendo como poucos atrair apoios com o uso da máquina, o seu trabalho preferencial, para não dizer a sua prioridade como gestor, é atrair políticos adversários para a base de apoio, como se, com esse expediente, lesivo ao contribuinte, levasse também o povo.

 

BM - O senhor já definiu se disputará o senado ou o governo em 2018? Tem discutido isso com aliados? Existe a possibilidade de aposentar-se, como já sugeriu o governador Jackson Barreto?
ACV - Quando chegar a hora todos juntos vamos definir o que será melhor para o futuro de Sergipe. Se depender de mim, vou tentar o Senado. Quanto à sugestão de Jackson Barreto, de que eu deveria me aposentar, acho melhor que cuide do Estado, e não fique como um velho mexeriqueiro se metendo na vida dos outros, e em assuntos que não lhe competem.

 

BM - O senhor está visualizando uma aproximação entre o deputado André Moura e o governador Jackson Barreto? Acha isso possível?
ACV – Não tenho procuração para falar em nome do líder André Moura político que admiro por sua capacidade de engolir sapos, e de fazer de conta que não está entendendo o jogo do adversário. Jackson tem o poder da sedução da caneta para atrair neófitos. André Moura não é marinheiro de primeira viagem para se deixar seduzir pelo canto da sereia.

 

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