Grupo de militantes deixa PSTU

Um grupo de 739 militantes anunciou a sua saída do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU). Entre os que deixam a legenda, a vereadora de Natal(RN) Amanda Gurgel, que obteve 32.819 votos em 2012, a maior votação para o cargo na história da cidade.

Intelectuais de renome internacional, como o historiador Valério Arcary, também anunciaram o desligamento. Apesar de não vislumbrarem imediatamente o ingresso em outro partido, nem a fundação de uma nova legenda eleitoral, os 739 lançaram um manifesto convidando a esquerda brasileira a construir uma nova organização socialista. O manifesto tem o título entusiasta de “Arrancar Alegria Ao Futuro”.

 
Em Sergipe, alguns nomes importantes fazem parte desse grupo. Toeta é um deles. Diretor do Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro), Toeta já foi candidato a vereador, deputado e a governador pelo partido. O líder comunitário Erílio Bispo também embarca nessa nova jornada. Junto com Zeca Oliveira, ex-presidente do diretório do PSTU, além de outros militantes.

 Motivos

“Saímos do PSTU por divergências políticas e programáticas importantes. Respeitamos muito o partido que ajudei a construir por mais de 10 anos. Mas acreditamos que temos o direito de apresentar as saídas que acreditamos ser as mais corretas para a atual conjuntura”, explica  Toeta. O petroleiro acrescenta que o nível das divergências abrange desde questões internacionais e programáticas, como a análise da conjuntura política mundial pós queda do muro de Berlim, bem como a situação política nacional.

 

Os dissidentes criticam a postura do PSTU diante da queda do governo Dilma e sua palavra de ordem “Fora Todos Eles”. “Acreditamos que a queda de Dilma, junto com a posse de Michel Temer representa um retrocesso para a classe trabalhadora. Não defendemos Dilma, nem queremos que ela volte ao governo. Mas precisamos reconhecer que Dilma foi derrubada pelo Congresso mais reacionário desde 1964 e não pelos trabalhadores. Temer assumiu a Presidência da República para impor aos trabalhadores o ajuste fiscal que Dilma não conseguiu fazer porque não conseguiu unificar as elites do País. Portanto, o governo Temer, na nossa opinião, representa um golpe na classe trabalhadora, sim”, argumenta o bancário Zeca Oliveira.

 

“Acreditamos que situação política do Brasil impõe uma tarefa à esquerda: união. União para nos defendermos dos ataques que virão à classe trabalhadora. União também para construir uma referência política diferente do PT e dos partidos de direita. Referência que hoje nem PSTU, nem PSOL, nem PCB, nem outra organização sozinha consegue ser. Por isso defendemos uma Frente de Esquerda entre esses partidos para as eleições deste ano”, afirma o operário da construção civil Erílio Bispo.

 

Lançamento
A nova organização que será conformada pelos militantes que deixam o PSTU e outros ativistas dos movimentos sociais será lançada oficialmente num ato nacional no dia 23 de julho. O ato será em São Paulo e contará com a presença de militantes de todo o Brasil além da representação de outras organizações e partidos políticos.

 

Essa nova organização também deverá lançar candidatos já nestas eleições. “Aqui em Sergipe, queremos lançar o companheiro Erílio Bispo como candidato a vereador. Ele, que é uma importante liderança dos bairros Santa Maria e 17 de Março, será o porta-voz desse novo projeto que tem como lema a unidade da esquerda socialista”, adianta Toeta. Após um acordo com a Direção Nacional do PSTU, o partido deverá ceder democraticamente a legenda 16 para que a nova organização lance seus candidatos, repeitando alguns critérios pré estabelecidos.

Assessoria