Poder e Cotidiano em Sergipe
Em carta, Valadares manifesta insatisfação com demissões de pessoas indicadas por deputados federais 26 de Junho 11H:06

Em carta, Valadares manifesta insatisfação com demissões de pessoas indicadas por deputados federais

O senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) enviou uma carta ao ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, para manifestar sua discordância com as ações do presidente Michel Temer (PMDB), que demitiu todos os aliados dos deputados federais que votaram contra o projeto da reforma trabalhista.

 

Para o senador, a ação foi truculenta e em "nenhum momento antes da posse do presidente Temer, foi colocada na mesa das conversações a aceitação de qualquer acordo para priorizar as reformas trabalhista e da previdência". 

 

Confira o documento na íntegra:

 Senhor Ministro da Casa Civil Eliseu Padilha,

 

Dirijo-me a Vossa Excelência não para reclamar das demissões de pessoas indicadas por deputados federais por não terem votado na Reforma Trabalhista.

 

Na verdade quero manifestar a minha discordância com o método truculento que o governo agora resolveu adotar ao assinar atos claramente vistos como de pura retaliação, mesmo tendo sido vitorioso na Câmara.

 

Pergunto: com isso, pretende-se dar um recado duro ao Senado que deve aprovar essas medidas já decididas pela Câmara dos Deputados, sem manifestar divergências quanto ao seu conteúdo? E tentar na Câmara a aprovação da Reforma da Previdência oferecendo cargos aos que se dispuseram a votar?

 

Devo assinalar que, em nenhum momento antes da posse do presidente Temer, foi colocada na mesa das conversações a aceitação de qualquer acordo para priorizar as reformas trabalhista e da previdência, como condição exigida para participação no governo.

 

Essa atitude de represália contra parlamentares da base aliada, enxotando-os do governo como infiéis, revela também um pensamento retrógrado de sua cúpula dirigente, ao confundir espaço político legítimo com troca de favores e participação fisiológica em cargos da administração federal.

 

O fato de participar de um governo de transição, que enfrenta uma crise ética, política e econômica sem precedentes, deve ser encarado pelo executivo como uma missão temporária sacrificante, em nome do Brasil, e não como uma benesse, ou como uma simples demonstração de força, prestígio e poder.

 

Querer o presidente fazer constar na sua biografia que atuou como governo das reformas é uma pretensão legítima.

 

Todavia, deixar de avaliar o custo político, exigindo apoio incondicional a propostas ainda não assimiladas pela população, nem aceitas consensualmente, data maxima venia, nos parece uma decisão extemporânea e equivocada.

 

Com certeza, muitas carreiras políticas estarão encerradas pelo confronto da política com o pensamento prevalente no meio social. No senso comum não há palavras que possam chegar à absolvição de quem votar favorável. Essa concepção está arraigada na maioria esmagadora da população.

 

O governo que hoje tem maioria no Congresso, apesar de sua reconhecida impopularidade, ao tratar com desapreço a todo parlamentar que exerce o direito do voto consciente, em questões tão polêmicas, corre o sério risco de perder o seu maior bastião de apoio, o Congresso Nacional, que lhe tem assegurado a aprovação de tantas matérias para recolocar o Brasil no rumo do desenvolvimento e da reativação do emprego.

 

Para aprovar as reformas o governo precisa das duas Casas do Congresso. Não pensem os falcões do governo que a luta na Câmara ou no Senado vai ser fácil, especialmente depois que o apoio exigido se faz acompanhar de ofertas vergonhosas de cargos em comissão ou de ameaças explícitas de perda de espaço político daqueles que divergem dessas reformas.

 

O Brasil tem uma democracia forte e consolidada. Não será pela aplicação de um modelo antigo de convencimento, que não mais se acomoda ao nosso meio, que iremos vencer as resistências para mudar, ou conseguir o apoio e o sacrifício de todos em torno de temas de difícil consenso.

 

Senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE)

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

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