O deputado federal João Daniel (PT) defende a realização de eleições diretas, com a candidatura do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. Segundo ele, até agora não há provas contra o ex-presidente, apenas uma perseguição política de setores que estariam usando a Polícia Federal e o Ministério Público Federal.
Daniel também criticou parte da bancada sergipana em Brasília, avaliando que em certas votações alguns integrantes têm votado de costas para a população trabalhadora.
Ele ainda disse que o PT pretende manter a aliança com o PMDB, indicando o candidato ao governo ou senado. O petista falou ainda sobre o momento atual que seu partido e o país vivem. Confira abaixo a conversa com o BLOG DO MAX/JORNAL DA CIDADE.
BLOG DO MAX- O que representou a eleição de Gleisi Hoffmann para o PT, neste momento difícil da política nacional? O senhor defendeu o nome dela?
João Daniel - Nós defendemos a convocação do Congresso antecipado para que o partido fizesse um debate sobre a real situação da conjuntura política nacional e internacional. Os dois nomes que se colocaram para disputar a Presidência do partido – os senadores Lindbergh Farias e Gleisi Hoffmann – são dois grandes parlamentares e dirigentes que se tornaram muito conhecidos por conta de terem sido grandes senadores que combateram firmemente a questão do golpe contra a presidenta Dilma e têm o reconhecimento da militância do partido. Temos uma boa relação e debatemos com ambos, mas estávamos com Lindbergh. Tanto a Gleisi quanto o Lindbergh representam o novo momento do partido: a necessidade urgente de estar unido e antenado ao clamor das ruas, para que o partido esteja, mais do que nunca, voltado para os seus grandes compromissos históricos, que são compromissos com a classe trabalhadora, com a democratização do nosso país, no sentido amplo dos direitos da população brasileira, seja na área da saúde, da terra, da habitação. Esse é o grande desafio e este é o tom, o novo momento que o partido vive, a militância, os filiados e a população brasileira exigem. Um partido firme e comprometido com as mudanças estruturais para o nosso país.
BM - Críticos ao partido avaliam que em meio a tantas acusações o PT poderia ter escolhido alguém sem envolvimento na Lava Jato. Por que não fizeram essa opção?
JD - Primeiro, precisamos saber que todas as acusações precisam de provas. Até o momento não há prova nenhuma contra a presidenta eleita do PT. Nós, nosso partido e todos aqueles que conhecem, sabem que foi o nosso partido que deu total autonomia, pela primeira vez no Brasil, para que estivessem fortalecidas as estruturas de fiscalização e controle no país, a exemplo da Controladoria Geral da União (CGU), Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal. Portanto, nosso partido sempre teve e tem interesse que a justiça seja justa, no sentido de que todas as denúncias precisam ter provas e, neste momento, não há prova nenhuma contra a atual presidenta do PT.
BM - Uma candidatura de Lula em 2018 é algo irreversível?
JD - É um debate que está sendo feito e no partido há uma unanimidade, hoje, de que o PT precisa retomar esse grande debate do projeto da nação brasileira que foi iniciado em 2003, no governo Lula e dado continuidade no primeiro mandato da presidenta Dilma, tocado durante os 12 anos do governo do PT. Há a necessidade de o partido debater com o povo brasileiro este novo momento político nacional, que é um momento que se coloca à disposição da sociedade brasileira o nome do presidente Lula. E para fazer esse grande debate defendemos eleições diretas hoje e defendemos, sim, a candidatura de Lula à Presidência da República.
BM - O partido já analisou um cenário eleitoral onde Lula possa estar preso? O PT já pensou em seu posicionamento caso haja uma prisão contra Lula?
JD - Primeiro, nós confiamos na Justiça e todas as denúncias contra o presidente Lula até aqui foram feitas sem nenhuma comprovação. Portanto, elas não cabem condenação e prisão e é nisso que nós confiamos e acreditamos. Então, nosso partido não tem esse cenário, porque para que uma pessoa seja condenada precisa prova. E o que tem contra Lula até agora é uma perseguição política de setores conservadores que usaram a Polícia Federal e o Ministério Público Federal para fazer acusações, sem nenhuma prova.
BM - Em Sergipe o PT já definiu o seu destino em 2018? Há possibilidade de o PT e PMDB não marcharem juntos em Sergipe?
JD - Nós trabalhamos para que em Sergipe possamos continuar construindo um projeto comprometido com os interesses populares, da maioria da população. E nesse sentido nosso partido tem muita confiança de que possa ser dado continuidade para fortalecer um projeto de compromisso social com toda população sergipana, para garantir um projeto progressista. E nesse projeto achamos que essa aliança que levou à vitória do governador Marcelo Déda, de Jackson Barreto e depois à vitória de Edvaldo Nogueira à Prefeitura de Aracaju continue reunindo forças progressistas dentro de um programa comprometido com um projeto de mudança em todas as áreas: social, na valorização dos servidores e dos serviços públicos, na valorização da educação e nos grandes desafios que o Estado de Sergipe ainda tem, entre eles a erradicação da miséria e do analfabetismo e das demandas por terra e moradia.
BM - Em Sergipe, o senhor acha que o PT deve apresentar candidato ao governo, além do Senado?
JD - Depende. A princípio trabalhamos com a possibilidade de uma aliança e numa aliança termos vários partidos. Nosso partido quer estar na chapa majoritária, que na composição pode ser como governador ou senador. Nós teremos quatro vagas majoritárias, que são duas para o Senado, governador e vice. Nós trabalhamos para estar na chapa majoritária, como governador ou senador.
B - O senhor será o único candidato a deputado federal pelo PT? Estão levantando essa tese no partido?
JD - Não. Nosso partido sempre teve várias candidaturas e eu acredito que deverão ter outros candidatos. Agora, nós estamos debatendo com o PT e o próprio presidente Lula a importância da retomada de um projeto de desenvolvimento nacional que compreende ter uma bancada progressista maior na Câmara e no Senado. Nós precisamos avançar nisso. Nós estamos à disposição para disputar uma vaga na Câmara federal, mas compreendermos a necessidade de ampliarmos o campo progressista.
BM - O PT em Sergipe rejeita aliança com algum partido, em 2018?
JD - Claro. Isso será um debate feito com o partido em nível nacional e estadual e nós não temos interesse nenhum em termos alianças com partidos que não têm compromisso e programa dentro dessa aliança que nós pretendemos construir. Então, certamente, alguns partidos não estarão e não temos interesse de estar compondo.
BM - Há hoje uma aproximação entre o governador Jackson Barreto e o deputado André Moura? O senhor acha que isso pode evoluir para uma aliança política?
JD - Não sei. Eu sei que o que eu ouvi e presenciei sempre foi um debate em cima de projetos importantes para Sergipe.
BM - Como o senhor analisa o posicionamento da bancada sergipana nos temas que estão agitando a nação, como as reformas trabalhista e da previdência?
JD - Quem tem que avaliar é a população sergipana que elegeu seus oito deputados federais e três senadores. Essas duas reformas são reformas bancadas pelos setores conservadores da elite brasileira para tirar direitos dos brasileiros e rasgar a legislação de garantias históricas. Portanto, o povo que deve avaliar. Parte da bancada de Sergipe, em certas votações, tem votado de costas para a população trabalhadora. Mas cabe à população fazer essa avaliação. Nosso mandato não votou nem votará em nenhum projeto que retire direitos do povo sergipano e brasileiro.
BM - O fato de figurões do PSDB estarem sendo presos afasta o discurso de estar havendo uma perseguição ao PT, na Lava Jato?
JD - No caso da Lava Jato de Curitiba até agora houve, sim, perseguição ao PT e ao presidente Lula. Inclusive o nosso partido levou a cortes internacionais as denúncias sobre isso. O que queremos é que a Justiça faça julgamento baseado em provas, na nossa Constituição Federal, tanto para a situação quanto para a oposição. Que trate o PT como todos os outros partidos, sem nenhuma perseguição. Nós não queremos nenhum privilégio, mas um julgamento em que a justiça seja feita para todos, com respeito à Constituição, com direito de defesa e condenação quando houver provas, para membros de todos os partidos.
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