Poder e Cotidiano em Sergipe
“As denúncias da Lava jato não vão interromper nosso trabalho”, diz André Moura 24 de Abril 15H:46

“As denúncias da Lava jato não vão interromper nosso trabalho”, diz André Moura

A orientação do presidente Michel Temer é essa: que as denúncias da Operação Lava Jato não interrompam o trabalho do governo. Quem afirma é o líder do governo no Congresso, deputado federal André Moura (PSC).

 

Em entrevista concedida ao BM/JC ele diz que foram citados políticos de todos os lados, mas que isso não pode gerar uma paralisação do Congresso, sob pena do país parar de funcionar.

 

Moura também falou sobre a reforma da Previdência, que segundo ele, não prejudica quem ganha menos. Pelo contrário, atinge quem ganha mais. Ele avalia que até junho a reforma já deva ter sido votada. Sobre o cenário para 2018, o deputado lembra que quase todos os candidatos importantes à Presidência da República estão citados na Lava Jato. Leia a seguir a conversa.

BLOG DO MAX- O governo federal tem condições de tocar as reformas que propôs, mesmo em meio a tantas denúncias de corrupção?
André Moura - Sim, todas as condições, até porque, como tem dito o próprio presidente Michel Temer, as reformas são fundamentais para a retomada do crescimento e a estabilidade econômica. Aliás, neste tocante, a boa notícia é que a economia do País já mostra crescimento. Quanto às denúncias de corrupção, elas não podem, em hipótese alguma, paralisar a Nação. Não podem ser motivo para que o Executivo e o Legislativo deixem de trabalhar. É uma questão de responsabilidade com o futuro do Brasil. A orientação do presidente Michel Temer é exatamente essa: que as denúncias da Operação Lava Jato não interrompam o nosso trabalho. A Justiça também deve continuar a fazer o seu trabalho, porque é importante passar o Brasil verdadeiramente a limpo, até para que possamos discutir uma reforma política mais eficiente, que reaproxime os políticos da população.



BM - O presidente da República, nove ministros e parte dos congressistas foram atingidos em cheio pela Lava Jato. Esse pessoal tem legitimidade para tocar reformas que irão impactar tanto a vida do brasileiro?
AM - Em primeiro lugar, essas são propostas técnicas, fundamentais para o futuro do País. Se pararmos para analisar, foram citados e atingidos pela Lava Jato políticos de todos os lados, de todos os matizes políticos. Por esse conceito, o Congresso Nacional não vai trabalhar mais, porque há parlamentares do PMDB, PSDB, PT, PCdoB, entre tantos outros. São partidos de oposição e da situação. Se isso for tirar a legitimidade do Congresso, vamos paralisar o Brasil. Vamos aguardar passar 2017, 2018, para termos novas eleições e, então, tudo voltar a funcionar? A nossa maior responsabilidade deve ser com o País. Penso que todos terão a oportunidade de se defender, e tudo deve ser minuciosamente analisado. As delações são importantes, mas, da mesma forma que os delatores citam, os citados também devem ter oportunidade de se defender. Não se deve incriminar ninguém antecipadamente. O Judiciário certamente instaurará todos os procedimentos para garantir o amplo direito à defesa e quem se tornar réu, no caso dos ministros, o presidente já disse que irá afastá-los.



BM - A reforma da Previdência não prejudicará apenas quem ganha menos? Por que o governo não estuda formas de cobrar a enorme dívida das grandes empresas com a Previdência?
AM - O governo tem cobrado as dívidas das empresas com a Previdência. Mas não adianta você receber – e esse processo é demorado – e continuar gastando muito. Se recebe e gasta mais do que arrecada, é inútil. É uma bola de neve que não para nunca. Agora, um ponto tem que ser colocado de forma muito clara: a reforma Previdência não prejudica quem ganha menos, muito pelo contrário. Não atinge, por exemplo, quem recebe um salário mínimo, ou seja, quase 66% dos aposentados e pensionistas. Também não afeta quem ganha até dois salários mínimos, que são 22%. Então, a reforma não mexe em cerca de 88% dos que estão no sistema previdenciário. Não existe regra de transição para quem ganha um salário mínimo, pois, com a aposentadoria proporcional, esse cidadão passaria a receber menos de um salário, o que é vedado pela Constituição. A reforma atinge, frontalmente, aqueles 12%, 13% que recebem mais e, diga-se, são justamente esses que mais fazem barulho, que criticam e se mobilizam, porque sabem que serão atingidos.



BM - O governo conseguirá aprovar a reforma da Previdência, com o novo texto? Há previsão para a conclusão das votações?
AM - O novo texto atende às demandas dos parlamentares da base e dos Estados, conforme foi solicitado. A nossa equipe técnica, junto com o relator da reforma, ouviu as nossas bancadas e levou as sugestões ao presidente. Ele autorizou que fossem acolhidas as propostas. Então, a reforma atende ao que foi solicitado pela bancada do Congresso e permitirá que haja união da base em torno de um projeto tão importante para o País. Quanto à conclusão das votações, existe uma previsão. Nossa meta é votar tudo até o início de junho, mas temos etapas a cumprir. Votar o relatório na comissão especial, depois votar em primeiro turno no plenário, e após o prazo regimental de cinco sessões, votar o segundo turno. Fechada a votação na Câmara, a proposta segue para o Senado.

 

BM - Com tantas denúncias envolvendo políticos, como o senhor vê o cenário eleitoral de 2018?
AM - É um cenário de muita incerteza. Quase todos os candidatos importantes à Presidência da República estão citados na Lava Jato. Evidentemente, todos terão a oportunidade de se defender, mas é preciso aguardar os desdobramentos de tudo isso. Hoje, está tudo muito incerto. A população está muito descrente da política. O mandato que cada um de nós temos exercido, seja como deputado, senador ou governador, servirá como parâmetro para análise da população no próximo ano. Com relação a possíveis candidaturas em 2018, o que se começa a fazer são possíveis cenários, isso é natural. Diria ser um tanto precipitado discutir agora. É preciso aguardar o desenrolar do ano para que haja definições mais claras.


BM - O que o senhor achou das citações do presidente, dos nove ministros e dos dois senadores sergipanos na Lava Jato? Os sergipanos não são alvo de inquéritos, mas foram citados por delatores.
AM - Com relação ao presidente, ele já deu as devidas explicações e foram muito oportunas e necessárias. Quanto aos ministros, certamente cada um terá a oportunidade de se defender e se explicar. Não cabe a mim prejulgar quem quer que seja. Aqueles que virarem réus, serão afastados das atividades, conforme, repito, já disse o presidente. No que diz respeitos aos parlamentares sergipanos, todos conhecemos a história do senador Eduardo Amorim e da senadora Maria do Carmo. Eduardo é um homem de muita correção, sério, de um passado limpo que orgulha a todos os sergipanos. Foi escolhido há alguns anos o melhor senador da Casa. Tem uma história de muita correção e honestidade com a coisa pública. A senadora Maria do Carmo, da mesma forma. Terem sido citados não quer dizer nada, até porque sequer tiveram contato com pessoas da Organização Odebrecht, aliás, conforme afirmação dos próprios delatores, e é por isso que eles não são alvos de inquéritos. O fato de o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, não abrir inquéritos contra eles, deixa claro que não há qualquer tipo de envolvimento.



BM - Há um distanciamento do senhor da bancada da oposição em Sergipe? Há uma aproximação com o governador Jackson Barreto?
AM - Não estou distanciado da oposição. Continuo fazendo oposição, mas de forma construtiva. Aqueles que pensam que terão em mim um oposicionista do estilo “quanto pior, melhor”, uma oposição pequena, rasteira, estão equivocados. Faço oposição, mas meu mandato sempre foi dedicado a buscar o melhor para Sergipe. Quanto à aproximação com o governador Jackson Barreto, se dá de forma institucional, em função dos interesses maiores de Sergipe. De que me adiantaria ser líder do governo no Congresso, estar próximo ao presidente da República, ter acesso aos ministros, estar envolvido nas grandes decisões do Brasil, e não poder ajudar o nosso povo? Quero olhar o futuro e saber que a confiança depositada em mim pelo presidente da República rendeu bons frutos para Sergipe, e, neste aspecto, o governador é Jackson Barreto. Muitas dessas ações passam pelo governo estadual. Então, sempre que o governador me procurar publicamente para o diálogo, para pedir ajuda, em especial em termos de obras estruturantes, não me negarei a colaborar. Mas que ninguém pense que o diálogo está politizado, que quando chegar 2018 estarei fora do meu palanque. Vamos para um embate respeitoso. Mas no momento, o meu interesse, o do governador e o da bancada no Congresso é cuidar dos interesses de Sergipe. Vestimos a camisa da sergipanidade, que foi esquecida durante o governo do PT. Obras como o Canal Xingó, a duplicação da BR-101 e da BR-235, a reforma do terminal de passageiros do Aeroporto de Aracaju vão sair do papel graças à parceria entre o governador e a bancada sergipana, num trabalho em prol do nosso povo.



BM- Quais seus planos para 2018? O posto que ocupa hoje lhe fortalece para disputar um cargo majoritário em 2018?
AM - É uma visibilidade natural em virtude do cargo que ocupo atualmente, e isso me permite realizar ações importantes para Sergipe, por ser um cargo estratégico. Mas não diria que me fortalece, pessoalmente. No entanto, sem dúvida, fortalece o nosso grupamento político e também a Sergipe. Sobre 2018, creio que seja prematuro falar agora. Cabe ao povo analisar o trabalho que cada um realiza. Colheremos os frutos nas próximas eleições. Mas, neste momento, meu foco não é 2018. Quero cumprir a missão que me foi confiada pelo presidente da República e, também, continuar a trabalhar por Sergipe, que, aliás, mesmo sendo o menor Estado da Federação, tem a oportunidade de ter o líder das duas casas parlamentares, em meio a 513 deputados e 81 senadores. Em resumo: trataremos sobre 2018 no momento certo, junto ao nosso grupamento político, mas sempre com olhos e ouvidos voltados para a opinião pública, até porque não se constrói uma candidatura, qualquer que seja ela, apenas por vontade própria.



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