Poder e Cotidiano em Sergipe
Gualberto vence, a Política também 12 de Dezembro 18H:12

Gualberto vence, a Política também

*Anderson Defon, 26 anos, Dirigente do Partido dos Trabalhadores

Em cinco de outubro deste ano começou uma novela que só terminou na última quinta-feira (11/12). Acompanhamos o Deputado Francisco Gualberto ter sua eleição ameaçada pela possibilidade de validação dos mais de 33 mil votos conferidos a Sukita. A iminência desta substituição colocou em risco o mandato daquele que Lulu Santos certamente chamaria de “Último Romântico” da política sergipana.

Adepto a campanhas franciscanas, porém líder de uma base fiel e consolidada, Francisco Gualberto é, sem dúvida, figura única no atual cenário político sergipano. Enquanto as campanhas demandam cifras cada vez mais altas, Gualberto segue indo aos semáforos com seus companheiros pelas manhãs, sem equipes de panfletagem pagas, pedindo voto pelas janelas dos carros, e fazendo dos adesivos a principal ferramenta de divulgação de seu número.


Não destaca-se apenas o aspecto franciscano da campanha, mas também a sua coragem enquanto candidato. Numa sociedade onde a criminalização da atividade política é discurso unânime, usar uma abordagem direta não é algo que todos se atrevem a fazer. Gualberto o faz com a tranquilidade de quem sabe que, em seu íntimo, o cidadão ainda “separa o joio do trigo”.


Suas características únicas, porém, não se limitam ao seu perfil de candidato. Como parlamentar, Gualberto é dono de uma postura aguerrida e defesa veemente de seus pontos de vista (provável herança de sua origem sindical), e foi essa mesma postura que o fez liderar a bancada governista na Assembleia Legislativa e lhe rendeu alguns episódios icônicos, como a famosa história do “facão”.


A figura de líder e defensor do governo se tornou a marca de Francisco Gualberto. Nas defesas dos governos Déda e Jackson, Gualberto, por muitas vezes sozinho, assume tarefas impopulares, mas que nem por isso o fazem hesitar. Os folclóricos embates com Venâncio eram apenas uma amostra de como o “Chiquinho”, como seus companheiros o chamam, encampou a batalha contra uma elite que se viu profundamente incomodada com a chegada de Marcelo Déda ao governo.


E para defender seu governo e seu projeto, muitas vezes colocou a disposição dos mesmos sua credibilidade e sua irretocável história política. A recíproca nem sempre foi verdadeira, mas nisso também Gualberto se faz diferenciado. Não é conhecido nos bastidores por ser “cobrador de faturas”, nem adepto das manobras da política fisiológica, que soam rotineiras aos que convivem intimamente com a atividade.


Com essa metodologia de campanha e esse perfil político, Gualberto conseguiu em 2014 a mais alta votação de sua história política: 25.405 votos. Resultado que o colocou como décimo mais votado da principal coligação proporcional para deputado estadual ligada à candidatura de Jackson, coligação essa que elegeu justamente dez deputados. Que caiba aos juristas argumentar acerca das decisões que não deferiram a candidatura do ex-prefeito de Capela.
Uma coisa é certa: a eleição de Gualberto é simbólica.


Precisamos de mais “Chiquinhos” na política. Não que precisem necessariamente defender o mesmo lado que ele, mas que usem da mesma coerência entre o discurso e a prática, que tenham na defesa de seus projetos a verdadeira motivação política, que sejam lideranças e referências para seus grupos.

Sim essa política ainda pode existir, ainda pode funcionar, temos 25.405 motivos para acreditar nisso.

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