Poder e Cotidiano em Sergipe
Estaríamos nós vivendo no ‘País das Maravilhas’? 16 de Outubro 16H:31
ARTIGOS | Por Max Augusto

Estaríamos nós vivendo no ‘País das Maravilhas’?

Por Márcio Macêdo*

O ano era 1865 e o mundo conhecia um dos mais fabulosos contos infantis da história da literatura: Alice no País das Maravilhas. Escrito por Charles Lutwidge Dodgson, sob o pseudônimo de Lewis Carroll, a célebre obra apresenta a fascinante trajetória de uma garota que, ao cair numa toca de coelho, é transportada para um universo paralelo, povoado por criaturas um tanto peculiares e antropomórficas. Algo surreal. Delirante. Um sonho.

De tão forte e marcante, a narrativa, que apresenta um cenário de realismo fantástico, ganhou o coração de leitores e, também, de roteiristas e diretores teatrais e de cinema importantes.

Em 2010, o premiadíssimo Tim Burton trouxe à tona uma versão para as telonas que prendeu a atenção de milhões de pessoas. Lotou salas. E faturou bilhões.

Passados 155 anos desde o seu lançamento, o fabuloso conto "Alice no País das Maravilhas" ganhou uma nova conotação entre os jovens que, nas rodas de conversa, se tornou uma expressão para indicar àqueles que vivem tentando se enganar. Delirou demais, pronto, ganha o nome de Alice. "Está em outro mundo", dizem.

Mas o que isso tem a ver com a política atual? A resposta é simples: muito.

Recentemente, o prefeito Edvaldo Nogueira resolveu falar sobre educação. E sonhou muito. Virou Alice.

Em um de seus programas eleitorais, o gestor disse que Aracaju tem uma educação de qualidade, que os alunos e professores são bem cuidados, que as aulas seguem com a mesma eficiência, mesmo durante a pandemia, entre tantos outros devaneios.

Mas, veja bem, gente: de qual ‘País das Maravilhas’ ele está falando? Recentemente, Aracaju figurou em último lugar no ranking do Ideb, com nota 4,8 nos anos iniciais do ensino fundamental. Já nos anos finais, a nota foi 3,9, colocando a capital sergipana entre as três piores do Brasil.

A peça de marketing mostra, também, que as aulas online têm sido eficazes desde o início da pandemia, ressaltando uma parceria com a TV Câmara para disponibilizar, gratuitamente, o conteúdo para os alunos. Porém, essa alternativa só começou no mês de agosto. Cinco meses após a cidade registrar o primeiro caso e todas as aulas presenciais serem suspensas. Ainda assim, segue acumulando críticas e atrasos no ano letivo.

Além disso, os professores e professoras estão sem reajuste do piso salarial há 4 anos. E, segundo denúncia do Sindicato dos Profissionais do Ensino do Município de Aracaju (Sindipema), educadores contratados estão sendo demitidos em plena pandemia.

E, ainda, há uma denúncia no Ministério Público Estadual (MPE) dando conta que aposentados estão sendo pagos com recursos desviados da Educação, conforme dados do Sistema de Informações Sobre Orçamentos Públicos da Educação (Siope).

Diante disso, surge o questionamento: isso é responsabilidade e compromisso com a educação municipal, prefeito?

Será que estamos vivendo em uma nova releitura de Lewis Carroll e, por conta disso, temos desfrutado de um novo "País das Maravilhas" que só existe na propaganda eleitoral?

O problema é que, assim como no livro, o amanhecer vem. E, por isso, é preciso acordar antes de afundar, mais ainda, em mundo fantástico que só existe nos sonhos mirabolantes de quem insiste em ludibriar a população.

**Márcio Macêdo é biólogo, mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente, radialista e candidato a prefeito de Aracaju pelo Partido dos Trabalhadores

 

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