Poder e Cotidiano em Sergipe
Ação do Corpo de Bombeiros de SE repercute em rede nacional 22 de Julho 17H:08

Ação do Corpo de Bombeiros de SE repercute em rede nacional

O Corpo de Bombeiros Militar de Sergipe (CBMSE) participou, nesta terça-feira, dia 22, do Programa Encontro com Fátima Bernardes, da Rede Globo, para destrinchar detalhes do resgate das quatro vítimas do desabamento de um prédio que aconteceu na madrugada do último sábado (19), em Aracaju/SE. O indicado para representar a instituição foi o aspirante a tenente BM José Roberto Mesquita, que estava dentre os 151 bombeiros do CBMSE que atuaram na retirada dos escombros e salvaram a família que ficou soterrada por 34 horas.



Ao ser questionado sobre o trabalho e o sentimento de emoção que tomou conta da tropa ao término do resgate, Mesquita afirmou que os bombeiros trabalham sob pressão e que, apesar das dificuldades da ocorrência, é preciso manter uma postura firme e não demonstrar nervosismo, de forma a tranquilizar as pessoas que estão sendo socorridas.


“A situação pode ser muito difícil, mas não podemos passar isso pra vítima. Depois de tudo, quando a vítima é socorrida, é que acabamos demonstrando o quanto estamos emocionados. O momento mais difícil de segurar a emoção foi quando tive acesso a ele e falei: ‘Cara, é por pouco. Você é um vencedor’. No dia seguinte ao resgate, fomos visitar a família no hospital. É gratificante ver o sorriso de cada um deles. O abraço das vítimas é realmente nosso pagamento”, revela o aspirante no Encontro.


A atuação do Corpo de Bombeiros de Sergipe repercutiu em toda imprensa local e nacional. O trabalho de resgate feito pelos bombeiros ganhou as manchetes dos principais sites, jornais e emissoras de TV e rádio do país, a exemplo do Uol, O Globo e Folha de São Paulo, que destacaram as ações dos profissionais de busca e salvamento, desde o acionamento das equipes de bombeiro até a localização e retirada das vítimas.


O desabamento aconteceu no Bairro Coroa do Meio, na capital sergipana, às 2h do sábado (19) e as vítimas foram retiradas por volta das 12h do domingo (20). Três dos sobreviventes resgatados – o servente de pedreiro Josevaldo da Silva, de 24 anos; sua esposa Vanice de Jesus, 31; e a enteada de 8 anos de idade – continuam internados no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse). O estado de saúde deles é considerado bom. Já o corpo do bebê de 11 meses, que não resistiu e sofreu uma parada cardiorrespiratória, morrendo a caminho do hospital, está no Instituto Médico Legal.


Além dos bombeiros que estavam em serviço de plantão 24 horas, foram acionadas as equipes especializadas de Busca e Resgate com Cães e de Busca e Salvamento em Estruturas Colapsadas (BREC), para fazer uma varredura no local e identificar onde poderia haver sobreviventes. Foram os cães do CBMSE que identificaram onde estavam soterradas as vítimas e os bombeiros começaram as escavações para a abertura do acesso.


De acordo com o capitão BM Sílvio Leonardo Prado, que foi um dos primeiros bombeiros a chegarem ao local, em princípio, a escavação foi feita com equipamentos de pequeno porte para evitar maiores vibrações. “O local era instável e o uso de máquinas pesadas poderia ocasionar acomodações nos escombros. Ao perfurarmos a quinta laje, mantivemos contato de audição com os possíveis sobreviventes e obtivemos retorno. A partir deste momento, percebemos que estávamos no caminho certo e aperfeiçoamos as ações para conseguirmos chegar o mais próximo possível das vítimas”, explica o capitão.


Uma equipe de 17 bombeiros da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) chegou na noite de sábado, para ajudar nas ações, munida de um sonar – equipamento de detecção de vítimas. Após vários testes, foi confirmado que realmente havia sobreviventes na área que já estava sendo aberta pelas equipes locais. “Percebemos que, nesta abertura, havia três fileiras de caixa de piso, que dificultavam a continuidade da prospecção. Além disso, tínhamos que romper uma parede para chegar às vítimas. Pensamos em fazer uma entrada horizontal, mas a edificação nesse tipo de ocorrência fica mais instável nas laterais e não achamos prudente continuar com essa abertura na horizontal. Decidimos então fazer uma nova abertura a cerca de 2 metros do primeiro acesso, de forma a garantir maior possibilidade de resgatar as vítimas com segurança. Foi então que tivemos o primeiro contato visual e passamos água, soro e demais suplementos passados pela equipe do Samu, para diminuir o processo de desidratação das vítimas”, destaca o capitão Sílvio.


Segundo o comandante do CBMSE, coronel Reginaldo Dória, que acompanhou de perto a ocorrência e ajudou na atuação das equipes operacionais, o trabalho foi minucioso, para evitar a derrubada de escombros em cima das vítimas e reduzir possíveis danos. “O contato verbal foi mantido a todo instante. A cada meia hora, nós nos comunicávamos para manter as vítimas calmas e dizer que estávamos avançando, que em pouco tempo conseguiríamos chegar até elas”.


Em Boletim Geral Ostensivo (BGO) do CBMSE, publicado na última segunda-feira (21), o coronel Reginaldo Dória fez um elogio coletivo aos bombeiros militares pelo árduo trabalho de resgate e pelo êxito nos resultados. "Foram 151 bombeiros do Estado de Sergipe, incluindo aqueles de férias e de folga que atenderam prontamente nossa solicitação, demonstrando assim um alto grau de profissionalismo e amor para com o seu semelhante. A cada um dos participantes, receba este honroso elogio do comandante geral e do chefe do Estado Maior da corporação, pela brilhante atuação e que Deus os abençoe sempre", descreve a publicação.


Para a aluna do Curso de Formação de Sargento, BM Waléria Andrade, que esteve a todo o momento na linha de frente do resgate das vítimas, a sensação é de dever cumprido. “Foi uma experiência para a vida toda. Tenho o curso de BREC há seis anos e até então nunca precisei usar as técnicas. A emoção é inevitável, pelo cansaço e pelo êxito da operação”, revela a militar que atua há 12 anos na corporação. A tenente BM Flávia Emanuela de Oliveira, que também participou da operação, ressalta: “Quando chegamos lá, achamos que nosso trabalho seria de resgatar corpos, não de salvar vidas. Fomos testemunhas de um milagre”.


Foto: Marcelle Cristinne

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