90% dos pequenos empresários que buscaram crédito tiveram seus pedidos negados

Câmara de Serviços da Fecomércio aponta excesso de exigências e poucos recursos disponíveis para esta finalidade

Segundo dados obtidos através da Câmara de Serviços da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Sergipe (Fecomércio/Sergipe), que tem o relevante papel de orientar empresários nesse momento, apenas 40% das empresas que solicitaram crédito junto às instituições bancárias foram atendidas.

A situação é preocupante e traz à tona centenas de microempresários que padecem com o acúmulo de dívidas decorrentes de quase cinco meses impedidos de abrir seus estabelecimentos comerciais devido à pandemia da Covid-19.

Segundo levantamento apresentado pelo Sebrae Sergipe no mês de junho, até o final do mês de maio quase 70% dos empreendedores sergipanos apontaram para a necessidade de crédito para manter seus negócios em funcionamento.

Apesar disso, 90% dos pequenos empresários que buscaram ajuda junto aos bancos tiveram seus pedidos negados.

De acordo com Laura Figueiredo, coordenadora da Câmara de Serviços da Fecomércio, exigências como certidões negativas e garantias para a aquisição dos empréstimos são as principais dificuldades encontradas pelos empresários.

“Era a coisa que mais os empresários estavam reclamando, devido às dificuldades em ter acesso a essas linhas de crédito. Geralmente, as empresas que mais necessitam, que são as micro e pequenas empresas, são as que menos estão conseguindo, em virtude dos gargalos. O que mais se pede nessas linhas de crédito? As certidões negativas, as garantias. As pequenas empresas estão sofrendo muito na pandemia, justamente porque não têm caixa suficiente e não possuem tantas garantias para oferecer quando vão tomar crédito”, analisa Laura.

A gestora vai mais além e pontua de forma detalhada como se dá o acesso a essas linhas de crédito. “Algumas linhas de crédito do Governo Federal estão facilitando nessa questão das garantias, ou seja, a garantia pode ser real ou pode ser pessoal. Quando é real é mais difícil porque você tem que dar um bem como garantia. Porém, quando os próprios sócios da empresa podem ser os garantidores, podem dar o aval do empréstimo, facilita bastante”, afirma.

E continua: “Existem linhas de crédito do Sebrae, que passaram a valer agora e agosto e são muito boas. O próprio Sebrae entra como garantidor de 80% do valor do empréstimo, isso é bem interessante. Mas, não são todos os bancos que estão conveniados com o Sebrae. Também existe uma dificuldade em relação a valores disponíveis para crédito. Por exemplo, o Pronamp, que é um crédito famoso do Governo Federal, logo no primeiro lote o valor colocado disponível para que o empresário pudesse ter acesso, acabou muito rápido e boa parte dos empresários não conseguiu porque o dinheiro acabou. Agora veio uma segunda autorização de Pronamp e a fila está imensa e a gente sabe que nem metade desses empresários irão conseguir”, explica a coordenadora.

Questionada sobre a principal destinação do recurso pleiteado pelos empresários, Laura é categórica ao afirmar que o dinheiro servirá como fluxo de caixa para cobrir pequenas despesas e manter seus negócios em funcionamento.

“Muitos empresários querem dinheiro para fluxo de caixa, para conseguir girar o mínimo dentro da empresa e fazê-la funcionar. Por exemplo, você tem o setor de restaurante que pode funcionar com delivery, eles precisam do mínimo de dinheiro para fazer a empresa funcionar com o básico, pois existe os planos para pagamento de funcionários, planos para postergação de imposto, mas eles precisam de dinheiro para fluxo de caixa para pequenos investimentos”, finaliza Laura Figueiredo.

A Câmara de Serviços da Fecomércio Sergipe tem o papel de promover atividades dentro do setor empresarial para desenvolvimento das empresas, estreitar as relações com setores afins e impulsionar a economia local.