Poder e Cotidiano em Sergipe
“Sergipe precisa de projetos estruturantes”, diz Albano Franco 16 de Janeiro 8H:30
PODER | Por Max Augusto

“Sergipe precisa de projetos estruturantes”, diz Albano Franco

A consolidação da reforma trabalhista sancionada em 14 de julho e que passou a vigorar em 11 de novembro representa a modernização das relações do trabalho e possibilidade de geração de novos empregos.

Essa é a avaliação do empresário, ex-governador, ex-senador e ex-deputado federal Albano Franco, possivelmente um dos sergipanos mais influentes no país.

Nesta conversa com o BLOG DO MAX, Albano considerou de suma importância que também sejam tocadas as reformas tributária e política. Ele falou sobre o quadro econômico e político nacional e local, destacando a credibilidade da equipe econômica do presidente Michel Temer.

Em relação a Sergipe, para ele, o estado precisa de projetos estruturantes que garantam a retomada do crescimento econômico. Acompanhe a conversa.

BLOG DO MAX – 2017 foi um ano bom para Sergipe e para o Brasil?
Albano Franco – Apesar das dificuldades, devido à instabilidade na política nacional, com os pedidos de abertura dos processos criminais contra o presidente da República, foi um ano positivo no aspecto econômico, com estancamento da recessão, controle da inflação, redução dos juros e até uma ligeira retomada do crescimento, que no final do ano, apresentou PIB positivo, o que não vinha acontecendo nesses últimos anos.

BM – A aprovação da reforma trabalhista foi um passo importante?
AF - A consolidação da reforma trabalhista sancionada em 14 de julho e que passou a vigorar em 11 de novembro representa a modernização das relações do trabalho e possibilidade de geração de novos empregos. Vocês sabiam que 80% das reclamações trabalhistas no mundo são no Brasil? Então realmente era uma coisa muito importante.

BM - E no aspecto pessoal, 2017 foi um ano bom para o senhor?
AF - Sobre o balanço de 2017, no aspecto pessoal, ressalto que foi um ano feliz para mim. Entre outros fatos positivos houve o lançamento do meu segundo livro, Artigos Globais e outros artigos esparsos, no final de outubro, em Aracaju e Itabaiana. A sessão de autógrafos em Aracaju foi um sucesso, reconhecido pela imprensa e pelos intelectuais. Cerca de 500 pessoas estiveram presentes. 346 delas ficaram na fila para receber a dedicatória. Foram artigos sobre economia publicados no Globo e em outros jornais.

BM – O senhor falou sobre economia. Os críticos dizem que os percentuais de crescimento ainda são pequenos e podem representar um chamado “voo de galinha”. O que o senhor acha disso?
AF – Hoje eu quero dizer bem claro: a equipe econômica tem credibilidade. A gente tem que fazer Justiça. O controle da inflação por exemplo, o índice ficou abaixo da meta, foi menor do que a previsão. Foi um sucesso, nesses 19 anos, foi o maior sucesso. O clima melhorou muito na economia, agora, o crescimento ainda está pequeno, a gente sente isso.

BM – Isso é indício de que a crise continuará em 2018, que vai persistir?
AF – Não. Acho que teremos um 2018 diferente, com obtenção de um crescimento melhor. Não aquele que seria ideal ainda, porque o pessoal acha que como é um ano eleitoral, teremos definições. Em janeiro teremos uma decisão importante...

O ano eleitoral o povo terá oportunidade de escolher o presidente da república, os novos governadores e os representantes no Congresso Nacional. Mas também é um ano de superar desafios, com a continuidade das reformas que o Brasil precisa para atingir o necessário ajuste fiscal. Eu considero importantíssimas as reformas tributária e política. São muito importantes.

BM – E a reforma da previdência também?
AF – Também, é claro que é muito importante. A previdência é um aspecto mais complexo, delicado e polêmico. Mas todos entendem que é preciso fazer também uma reforma. Mas o que defendo mesmo é a reforma tributária e política. Não é possível continuar com esse número de partidos. E a reforma tributária, você veja, é fundamental, porque o brasil precisa se modernizar. A reforma tributária é necessária para se promover a justiça fiscal, porque hoje o Brasil está entre os países com maior carga tributária.

E a sociedade não pode continuar sendo onerada. Todos são, pessoa física ou jurídica. E a contrapartida de prestação de serviços públicos deixa muito a desejar.

BM – E Sergipe, o que precisa para deslanchar em 2018?
AF - Em relação a Sergipe, o estado precisa de projetos estruturantes que garantam a retomada do crescimento econômico. Mas desejo destacar como muito importante para o estado a Termoelétrica. Uma decisão importante. Localizada na Barra dos Coqueiros, durante a sua implantação vai gerar dois mil empregos, depois de pronta vai gerar mil. Mas principalmente porque depois de pronta vai gerar energia, inclusive importando gás.

São necessários investimentos em projetos estruturantes, como a geração de energia, seja termoelétrica, eólica e outras fontes de energia. Continuação do projeto de aeroporto de Aracaju, imediata retomada da duplicação da BR 101, com a duplicação do trecho de estância até Cristinápolis. Precisa continuar investindo na ampliação da oferta de água e do saneamento básico, acho que é importante.

BM – Algum setor mereceria uma atenção especial?
AF – Acho que a política de Turismo precisa ser muito mais eficiente. O Turismo gera emprego, gera renda, e você tem uma vocação boa no estado, estamos localizados entre Salvador e Recife, temos cidades históricas como São Cristóvão e Laranjeiras, tem Xingó que é uma atração. As praias que são uma beleza. É algo que poderia ser trabalhado.

BM – Sobre a Usina, que o senhor citou, acredita que vai conseguir atrair novos investimentos para Sergipe?
AF – Eu acredito. Mas veja, como conselheiro emérito na diretoria do Conselho Nacional da Indústria e membro do Conselho Superior de Economia da Fiesp, tenho defendido lá a manutenção da Lei de Incentivos Fiscais. Porque eu trouxe dezenas de indústrias para Sergipe? Por causa dos incentivos fiscais. Eles fizeram Sergipe crescer.

Trouxe empresas como a Brahma, Azaleia, Mabel, Leite de Rosas, crescimento do grupo Maratá, criação dos distritos industriais de Itaporanga e de Socorro... Era muito amigo de Antônio Ermírio de Morares e consegui quando fui governador a ampliação da fábrica de cimento, que na época era a segunda maior do Brasil. Tudo isso fomos nós.

BM – A concessão dos incentivos acaba sendo uma briga dos estados mais pobres com os mais ricos, correto?
AF – Exatamente. Principalmente São Paulo, porque tem tudo, é quem ganha com ICMS. É um tema que tenho procurado defender na confederação, levamos ao presidente da República, ao ministro da Fazenda, a questão da manutenção dos incentivos fiscais. No Conselho de Economia em São Paulo, cujo presidente é Delfim Neto, a discussão é diferente.

BM – Já é hora de um novo pacto federativo para o Brasil?
AF – Exatamente. Um pacto que possibilite também o encaminhamento da reforma tributária.

BM – Qual a sua avaliação sobre o quadro político em Sergipe?
AF – Uma coisa importante hoje em Sergipe, que é preciso destacar, é a presença de André Moura no Congresso Nacional. Ele tem tido habilidade, competência, dedicação, prestígio junto ao presidente e junto ao Congresso Nacional. Você vê que ele tem conseguido aprovar praticamente todas as medidas que ele defende. Além do mais, tem trazido muitos recursos para Sergipe. E sem levar em conta a parte política. Porque por exemplo, o prefeito Edvaldo tem conseguido muitos recursos para Aracaju.

André Moura tem sido muito bom para o estado, tem tido habilidade, ele tem se saído bem, conseguindo muitos recursos para o interior do estado. E não tem discriminado assuntos de governo, tanto do estado como da Prefeitura.

BM - André Moura pode ser a surpresa da eleição de 2018? O senhor é simpático ao nome dele?
AF – Não sei, sou suspeito para falar. Sou totalmente simpático ao nome dele, já declarei isso. Porque ele tem feito ajuda sem qualquer discriminação política, colocando acima os interesses de Sergipe e do povo.

BM – E o senhor, tem participado das discussões sobre Sergipe?
AF - O governador, naquele almoço do final de ano da federação, fez um apelo: “Albano, você precisa também me ajudar lá em cima, com o presidente da Federação e da Confederação, irem conversar com o Michel, pra gente tomar esse empréstimo”, disse o governador. Ele fez um apelo e eu vou ajudar. Tudo o que for importante para Sergipe, eu estarei presente. Sem exercer mandato, sem ser mais candidato a nada, vou participar de tudo o que interesse a Sergipe.

BM – Essa definição sobre não ser mais candidato é irrevogável?
AF – É irreversível.

BM – Quando o senhor deve conversar com Michel Temer?
AF – Até o final de janeiro vou visitar o presidente Temer. Acompanhado do presidente da Federação e da Confederação da Indústria, vamos pedir a liberação do empréstimo. Vou combinar com eles. Afinal, Jackson pediu que fôssemos ao presidente, interferir por Sergipe, solicitando a liberação do empréstimo.

BM – Sergipe já esteve melhor, já viveu momentos melhores que o atual?
AF – Os índices, os números estão piores, infelizmente. Mas a situação nacional é muito difícil também. Infelizmente, se você comparasse há 15 anos Alagoas e Sergipe, Sergipe era outra coisa, pujante mesmo. Hoje você vai daqui para Maceió e vê a BR 101 praticamente toda duplicada lá, e a nossa, nada. De Maceió para Recife, toda duplicada. Esse governador e prefeito de lá estão conseguindo muito para Alagoas.

BM – Falta força política para que Sergipe tenha acesso aos mesmos recursos?
AF – Não sei se é força política. É alguma coisa que Sergipe tinha e hoje Alagoas é que está tendo. Está aí o Canal do Sertão em Alagoas. Se você pegar os oito anos de Teothônio Vilela, do PSDB, quanto ele levou de recursos para Alagoas... Agora, eu tenho torcido e rezado para que Jackson faça um bom governo. Mas estamos em um ano político, eleitoral, o que vai atrapalhar um pouco.

BM – Michel Temer descrimina Sergipe, por conta das posições políticas do governador?

AF – Não acho, não entendo assim não. Também não sei de detalhes. Mas o próprio André Moura tem dito que tudo de Sergipe tem recebido apoio. E o próprio Jackson tem tido o cuidado, não se houve ele dizer que está sendo perseguido.

BM – A demora para a liberação do empréstimo do Finisa se deve a que?
AF – Isso não acontece só com o estado de Sergipe. Sergipe vai conseguir. Só que esses recursos virão para ser aplicados em investimentos específicos, não irão para o caixa único, como o Proinveste. E serão importantes porque serão voltados para infraestrutura. São obras estruturantes. As rodovias precisam de melhorias.

As de Alagoas, por exemplo, estão uma beleza. Na Bahia, o ex-secretário de Planejamento de Jaques Wagner está trabalhando muito bem. ACM Neto também trabalha muito bem, dizem as pesquisas que é o prefeito com maior aprovação do Brasil.

BM – E o Edvaldo Nogueira, o senhor acha que são boas as perspectivas para ele? O prefeito da capital vem trabalhando bem?
AF – Eu sou suspeito de falar, mas acho que ele está trabalhando bem sim. Agora mesmo já estamos rodando no macio em várias ruas. Dentro do possível, ele está se esforçando muito e tem conseguido recursos externos. Ele me convidou à solenidade onde conseguiu a liberação de R$ 50 milhões e mostrou que irá realizar obras de infraestrutura em Aracaju. E André Moura tem ajudado muito, isso tem sido importante. E Edvaldo tem agradecido.

BM – Quais seriam hoje os maiores desafios para Sergipe?
AF – Vejo como grande problema o atraso no pagamento dos aposentados. Veja que em Alagoas mesmo não tem isso, estão pagando em dia, sabia? Quem era Alagoas há 15 anos. Eles diziam que Sergipe é que era um exemplo. Nossa bancada se unia para defender os assuntos de Sergipe. Quando deixei o governo tínhamos a maior renda percapta do Nordeste, o melhor PIB e melhor IDH, são dados do IBGE e ministério do Planejamento. Trouxemos muitas indústrias.

BM – Quais são os rumos mais prováveis para Sergipe crescer, a partir de agora?
AF – Por exemplo, quando fui governador fui com Marcos Melo ao ministro de Minas e Energia pedir o início da exploração da carnalita. Até hoje, nada. Temos que aproveitar as nossas riquezas minerais. O governo precisava dar uma atenção especial à questão da carnalita, forçar mais mesmo. É importante, significa desenvolvimento e mais empregos.

Foto: Arquivo Pessoal

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