Poder e Cotidiano em Sergipe
“Edvaldo nunca foi bom gestor”, afirma Valadares Filho 14 de Agosto 13H:30

“Edvaldo nunca foi bom gestor”, afirma Valadares Filho

O deputado federal Valadares Filho (PSB) vai votar contra a reforma da previdência. Em conversa com o BLOG DO MAX/JORNAL DA CIDADE ele disse que essa conta não pode ir apenas para as costas do trabalhador.

 

Ele ainda considerou como fundamental a realização de uma efetiva reforma política, como forma de resolver os problemas de país. VF ainda duras avaliações sobre as gestões do governador Jackson Barreto (PMDB) no governo do Estado e sobre Edvaldo Nogueira (PC do B) na Prefeitura de Aracaju.

 

Para ele, os dois não têm sido bons gestores. Confira a entrevista. 

 

BLOG DO MAX- O Governo Federal pretende agora tocar a reforma da previdência. O senhor manterá a posição que vem anunciando, de ser contrário a ela? Por que?
Valadares Filho - Sabemos que é preciso discutir uma reforma da previdência, mas o que não pode é colocar tudo na conta da sociedade. A questão do déficit da previdência não é de agora, é fruto da incompetência e da má gestão de vários governos. É injusto querer resolver o problema nas costas do trabalhador. É preciso que o governo encontre alternativas viáveis, justas e sustentáveis para a recuperação da receita previdenciária. Como por exemplo, por que não cobrar das grandes fortunas, das grandes empresas, dos grandes devedores? E aplicar esses recursos na previdência? A previdência é superavitária, o problema é que ao longo dos anos retiraram recursos para tudo, inclusive para obras como a ponte Rio-Niteroi. O governo Temer não contará com o meu voto para essa injustiça.

 

BM - O PSB nacional vai fechar questão neste caso? É uma decisão unânime?
VF - O PSB já fechou questão contra a reforma da previdência, assim como fez na reforma trabalhista. Foi uma decisão unanime da Executiva Nacional.

 

BM - O governo pretende já colocar a reforma em tramitação na próxima semana. O governo tem força para aprovar esta reforma?
VF - Acredito que o governo está com muita dificuldade para conseguir os votos necessários para aprovar a reforma da previdência. Isso ficou claro na votação que infelizmente não recebeu a denúncia contra o presidente Temer, onde o governo teve 263 votos. Como a reforma é uma proposta de mudança na Constituição, são necessários 308 votos, dois terços dos deputados.

 

BM - Qual é o clima na Câmara? Pelo que o senhor ouve dos seus colegas deputados, o projeto será aprovado?
VF – Não vejo hoje clima favorável para o governo. Já senti durante esta semana parlamentares reclamando da falta de cumprimento de compromissos firmados na votação da denúncia contra o presidente Temer. Inclusive o próprio Centrão e o DEM declararam que têm muita dificuldade de votar favoravelmente à reforma.

 

BM - Também está em pauta a reforma política. Há tempo para discuti-la, para que ela esteja em vigor na próxima eleição? Dá para mudar algo realmente relevante já para o próximo pleito?
VF - Não tem como retomar o desenvolvimento econômico do país sem uma profunda reforma política. Com isso estabeleceremos a governabilidade, a geração de empregos. Hoje temos cerca de 14 milhões de desempregados, segundo o IBGE. Creio que aprovaremos alguma coisa já para as eleições 2018, mas ainda muito longe do ideal. Pessoalmente sou favorável ao fim das coligações proporcionais, que fortalecem a vida partidária e ideológica. Sou favorável à cláusula de barreira para acabar com o absurdo de termos no Brasil, mais de 30 partidos políticos - e sou favorável ao financiamento público de campanha. Tenho convicção que um dos grandes problemas da corrupção no país, identificada com veemência na operação Lava Jato, foi essa relação de anos e anos de candidatos e empresários, por isso sou veementemente contra a volta do financiamento privado.

 

BM- É ruim para Sergipe o fato da maioria dos deputados federais ter votado contra Temer, no processo de admissão da denúncia? Pode dificultar o acesso a verbas?
VF - Um presidente que se diz comprometido com a sociedade não pode penalizar o Estado pelas convicções de cada parlamentar. E espero que isso não aconteça em relação a Sergipe. Até porque se acontecer irei denunciar na tribuna da Câmara dos Deputados. E em relação ás emendas impositivas, ele não pode, mesmo que queira prejudicar. Porque obrigatoriamente elas terão que ser liberadas.

 

BM- O PSB ainda mantém cargos indicados no governo federal? Manterá algum diálogo com o presidente Temer?
VF - Desde a minha votação contra a reforma trabalhista que não tenho nenhuma participação no governo Temer. Tudo aquilo que o PSB entender ser importante para o Brasil não há porque não dialogar.

 

BM - Em Aracaju o prefeito e seus aliados acham que a oposição foi muito rápida em criticá-lo, sem esperar pelo menos um prazo mínimo. Isso é verdade?
VF - Na verdade o prefeito Edvaldo Nogueira queria que Aracaju não tivesse oposição, por ter consciência das suas limitações como gestor. Consequentemente, ele não consegue cumprir as promessas que ele tanto dizia que faria de forma imediata, a exemplo da revogação do aumento abusivo do IPTU. Nós temos uma cidade sem medicamentos nas unidades básicas, esburacada, um governo atolado num dos maiores escândalos da história da capital, a questão do lixo, inclusive com dirigentes da Emsurb afastados por ordem judicial, sob suspeita de irregularidades no processo de licitação emergencial. Um prefeito formalmente investigado pelo Ministério Público Federal por suspeita de corrupção eleitoral durante a reta final do segundo turno no ano passado. Com tudo isso se tornando um governo frágil e um administrador que não sabe liderar e enfrentar os problemas de Aracaju. E ele queria que a oposição ficasse calada?

 

BM - Como o senhor avalia a administração de Edvaldo? O que precisa melhorar? Que conselho daria para o seu adversário, no sentido de melhorar a cidade?
VF - Como já disse na resposta anterior o governo Edvaldo tem uma gestão frágil tendo à frente um prefeito também muito frágil. Edvaldo erroneamente acha, como dizia durante a campanha, que é um grande gestor, consequentemente não aceitaria os meus conselhos. Bom gestor é coisa que Edvaldo nunca foi e continua a não ser. Mas que ele pelo menos saiba que nesse momento a cidade precisa de um líder administrativo com sangue no olho, que se debruce nos problemas e que ao lado da equipe (inclusive a que ele formou anda muito tímida) possa resolver pelo menos os graves problemas básicos que ainda existem em nossa capital.

 

BM- Qual o seu futuro político em 2018? Tentará a reeleição? Aceitaria ocupar o posto de vice de Eduardo Amorim ou André Moura, na disputa pelo governo? Isso está em debate?
VF - Não é o momento de discutir candidaturas. Tenho dito que é o momento de pensar Sergipe e nós da oposição já estamos fazendo isso. Sergipe vive sua maior crise econômica revelada também pelos dados do Anuário Socioeconômico de Sergipe 2017 elaborado pela UFS. Então o nosso Estado pode ter a certeza que terá do nosso bloco um grande conteúdo programático para resgatarmos Sergipe.

 

BM - O que a oposição vê hoje como o grande problema na gestão do governo estadual? Quais são as propostas para corrigi-lo?
VF - O governo Jackson Barreto infelizmente inaugurou a pior página administrativa de nosso Estado. É uma gestão que só tem marca negativa, com notícias ruins sempre para o nosso povo. Pela primeira vez na história de Sergipe nós temos um atraso frequente no pagamento dos servidores ativos e aposentados. É um Estado sem nenhum planejamento para a melhoria da infraestrutura. Há, por exemplo, o abandono completo das rodovias estaduais, que estão totalmente esburacadas. Uma gestão que trata a saúde como trampolim político, por isso diariamente a imprensa de nosso Estado divulga o caos. Veja a humilhação que vem passando nossos conterrâneos que precisam de tratamento de combate ao câncer. É algo desumano. Não tem nenhum programa efetivo na área da educação. É um governo que não tem uma política pública de geração de empregos.

 

BM – Mas o governo tem inaugurado e lançado obras...
VF - Jackson só vai ao anterior para inaugurar obras dos projetos Sergipe Cidades e Proinvest, deixados pelo saudoso governador Marcelo Déda. E com todos esses problemas, no último mês ele simplesmente abandona o governo, tira férias de 16 dias no mar Mediterrâneo, achando normal tudo isso. É simplesmente lamentável termos um governador com esse comportamento. Sergipe se tornou um Estado inseguro hoje, temos os piores índices da nossa história. Perdemos uma grande característica, que sempre foi de sermos um Estado pacato. Nós precisamos neste momento, com planejamento e criatividade, buscar novos investimentos, equilibrar nossa política fiscal, assim como Alagoas e Paraíba, que sempre tiveram o mesmo patamar econômico de Sergipe e equilibram as finanças. Inclusive concedendo aumento salarial aos servidores. Temos que cortar na própria carne, fazer economia, não usar o Diário Oficial para fazer política eleitoral. Buscar o aumento da receita sem necessariamente onerar o cidadão, como já foi anunciado que serão enviados projeto à Assembleia com esse intuito. Ou, seja a sociedade e o servidor pagarão a conta novamente.

 

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