Poder e Cotidiano em Sergipe
“A oposição em Sergipe está definhando”, avalia Silvio Santos 16 de Janeiro 9H:24

“A oposição em Sergipe está definhando”, avalia Silvio Santos

Se a gestão de Edvaldo Nogueira é de reconstrução, na área cultural esse papel caberá ao experiente Sílvio Santos, que assumiu a Fundação Cultural de Artacaju (Funcaju).

 

Em entrevista ao BLOG DO MAX/JORNAL DA CIDADE, o ex-secretário da Casa Civil do Estado e ex-vice-prefeito de Aracaju pretende agitar os espaços da cidade e tornar a fundação mais ativa. Uma das propostas é a abertura de escolas nos finais de semana para receber várias oficinas de teatro e dança. Sílvio Santos afirma que a Funcaju estava parada no tempo e que imprimirá uma gestão com a marca de Edvaldo Nogueira.

 

O Forrocaju, lembra ele, terá parecerias, pois “não dá para fazer apenas com recursos públicos”. Sobre a oposição, Sílvio Santos vê alguns membros desse agrupamento político tomando decisões equivocadas. Confira a seguir.

 

BM- Por que muitas vezes uma política cultural é tão frágil, que se desmancha com a mudança de uma gestão?
SS - Isso acontece porque há muito paternalismo na área cultural com ações filantrópicas. Quando você pensa que fomentar determinado setor cultural é apenas dar dinheiro, sem se consolidar como uma política pública. O poder público tem que ter objetivos e dizer que quer desenvolver um trabalho numa determinada comunidade que tem uma produção cultural, eu tenho que ter contrapartida. Eu vou estimular aquilo porque é importante não só para o artista, mas para a comunidade para desenvolver o gosto por determinada cultura. É preciso atentar para o que as comunidades estão produzindo, a exemplo da periferia, que produz o HipHop e que precisa ser mais difundido.

 

BM - E como chegar a eles?
SS - O caminho é fazer com que a sociedade e as comunidades conheçam mais da produção nos mais variados segmentos. Um bom exemplo disso é o que o senso comum fala sobre música erudita. Quando eu estava na Emsurb, na outra gestão de Edvaldo Nogueira, eu fiz um programa chamado “Domingo no Parque” em que se levava a Orquestra Sinfônica para tocar e virou um sucesso com as pessoas lotando o parque da Sementeira pra assistir. Então isso prova que as pessoas gostam de música erudita sim, basta que se tenha oportunidade de conhecer, ter acesso. Isso vale para todos os outros gêneros. O que precisa é a gente estimular esses artistas a desenvolver seu trabalho seu trabalho e formar público. Se eu tenho política paternalista com determinado artista eu não desenvolvo o gênero e sim o artista.

 

BM - Como garantir um público mais diversificados aos bens culturais?
SS - Tenho conversado bastante com a secretária de Educação do Município, Cecília Leite, sobre a abertura das escolas aos finais de semana para receber várias oficinas de teatro, dança, enfim ocupar esses espaços. Ao fazer isso você desenvolve talentos e cativa um público para esse tipo de cultura. Temos que compreender que a educação formal abrange todo esse tipo de conhecimento. Temos no Centro Cultural um ambiente extraordinário com teatro, museu, cinema, biblioteca. Nessas duas semanas que estou à frente da Funcaju tenho visto muitos grupos visitando, mas não vejo estudantes. Não vi ainda professores ocupando os espaços do centro para dar aulas sobre história da arte ou correntes de pensamento nas artes. É preciso ofertar aos estudantes um cardápio variado para que ele conheça mais sobre esse universo tão amplo que é o da cultura.

 

 

Foto: 247

BM - Por que a parceria do setor público com o privado ainda gera tantas críticas?
SS - Quando a Funcaju foi criada foi justamente para facilitar a relação buscando recursos não só de ordem financeira, mas de recursos humanos e expertises também. De movimentação e interlocução com vários setores. O prefeito nos orientou e nos determinou buscar esse dinamismo da fundação, essa interlocução com os vários setores. Por exemplo, temos uma festa grandiosa que é o Forrocaju que não dá para fazer apenas com recursos públicos. Nós temos que ir buscar parcerias com o setor privado e outros entes federados. O fato de sermos fundação facilita essa relação. Temos que fazer projetos bem feitos com transparência, que é outro mote importante pregado pelo prefeito e eu tenho total compromisso com essa transparência.

 

BM - Do que você viu, qual a situação geral na Fun caju. O que pretende fazer?
SS - Estamos numa situação dramática tanto de crise no país todo, mas especialmente na prefeitura de Aracaju. Tivemos uma gestão anterior que foi muito despropositada no cuidado com os equipamentos públicos. Todo foco da gestão é reconstruir. Há um compromisso de voltar a respeitar o servidor público pagando seus salários em dia dentro do mês. O prefeito pegou a gestão com décimo terceiro pra pagar, mês de dezembro e janeiro. Então o esforço é de contingenciamento do orçamento de plena austeridade para fazer frente a isso. Ainda mais com furo nos cofres da prefeitura de mais de 500 milhões de reais. Um terço do orçamento de 2017 está comprometido com dívidas deixadas por João Alves. Vamos usar criatividade e eu estou muito entusiasmado em fazer as coisas acontecerem. Não vou ficar esperando nem vamos ficar de "mimimi". Temos um Centro Cultural que permite uma boa agenda com programação de cinema para um público que já frequenta o centro da cidade. Colocaremos naquele espaço gente que está produzindo e muito na área e essas pessoas tem que ganhar visibilidade.

 

BM - A proposta então é ocupar os espaços urbanos?
SS - Mesmo com os locais que temos é preciso colocar pra funcionar, porque muitos estavam parados. O Centro Cultural estava parado sem oferecer à sociedade uma agenda com uma boa programação. A galeria Álvaro Santos está parada. A Escola Valdice Teles está praticamente depredada com equipamentos sucateados

 

BM - Por que você acha que João Alves deixou tudo assim?
SS - Eu acho que a Funcaju foi relegada a segundo plano. Esvaziaram a Funcaju e eu acho que é muito menos responsabilidade da professora Aglaé do que do próprio governo. O governo tirou daqui o que interessava tirar e levou para a Secom os eventos que davam retorno político. Deixou a cultura com o resto. O prefeito desde o início sinalizou que o Forrocaju seria comandado pela Funcaju, inclusive já começamos a trabalhar a volta do evento naquele modelo antigo, que o prefeito tem interesse em reativar. Mas essa não é nossa única agenda, estamos discutindo uma agenda perene, com a volta do Salão de Novos, exposições, enfim, dar vida útil a tantos espaços que estão sem nada.

 

BM - E como ficam as parcerias como governo federal?
SS - Aqui nós somos governo e tem que haver relacionamento, como o prefeito disse. Agora é prefeito de todos e tem responsabilidade com todos. Se precisar ir a Temer, como foi essa semana, ele vai a Temer, que tem também a responsabilidade de contemplar a sociedade como um todo. O governador Jackson Barreto é governador de todo mundo e também tem bom relacionamento com Temer.

 

BM - Porque alguns senadores fazem críticas a Jackson dizendo que 'são eles' que têm que ir a Temer:
SS - Acho um erro político impressionante dessea senadores. E acho que é por isso que a cada dia que passa essa oposição tem perdido credibilidade. Não dá pra dizer 'olha o governo Temer nós colocamos lá e como é nosso, o governo do estado que faz oposição não tem que ter acesso a ele', ou fica incomodado quando se tem acesso a ele. Não pode ser assim. Que você tenha suas preferências políticas é uma coisa, agora o governo é para toda a sociedade. Vai penalizar o povo de Aracaju por que o prefeito que ganhou não disputou as eleições com aliados do governo federal, então esse prefeito não pode ter acesso às obras? Essa é a lógica dos coronéis e talvez seja por isso que o grupo liderado pelo senador Valadares tem perdido eleições uma atrás da outra em Simão Dias, porque a lógica deles é 'eu me elejo prefeito e só governo para os que me elegeram'. Essa política está vencida, é por isso que a nossa oposição não tem credibilidade e perdeu a eleição no estado, na capital e pelo andar da carruagem, vai perder mais espaços. Olhe para a Assembleia Legislativa e veja o que é a oposição em relação ao que era no governo Déda. A oposição em Sergipe está definhando. Não queria nem alertar, porque dizem que quando o adversário está errando, deixe errar. A luta política de oposição e situação sempre vai haver, mas o governo é outra coisa e é bom que haja essa luta. Achar que o governo tem que ser apenas dos amigos é um equívoco grande.

 

BM - A oposição tomou muito como surpresa a eleição de Edvaldo?
SS - Sem dúvidas. Primeiro porque eles continuam incorrendo no erro que eleição é aritmética, bastava somar alguns caciques, algumas lideranças que estava resolvida a eleição. E em eleição não é assim, quando você junta dois tipos de liderança, que é meio água e meio óleo, nem sempre dois mais dois são quatro. Às vezes é nenhum. Vamos lembrar que na eleição de 2000, quando Déda acabou se elegendo, era PT, PC do B, PCB e PSTU. Valadares era candidato a prefeito numa coligação que envolvia além dele, Jackson, João Alves e Abano Franco. As chamadas grandes lideranças do Estado estavam no palanque e Valadares terminou, se não me engano, em terceiro lugar. Incorreram no erro de tentar transformar um desgaste de governo e achar que era um desgaste da liderança de Jackson Barreto, tentaram pegar o desgaste nacional do PT, forçar a barra achando que todo mundo do partido estava desgastado e não viram a credibilidade que tem o PT pelo que fez no estado e na prefeitura de Aracaju, e tem um quadro como Eliane que além da imagem e do legado de Déda, é uma mulher que tem luz própria e credibilidade na sociedade. O eleitor raciocina e tem gente que acha que eleitor é manipulável.

 

 

Comentários

  • Seja o(a) primeiro(a) a comentar!

Deixe seu comentário

Imagem de Segurança
* CAMPOS OBRIGATÓRIOS
Whatsapp

Receba notícias no seu Whatsapp.

Cadastre seu número agora mesmo!

Houve um erro ao enviar. Tente novamente mais tarde.
Seu número foi cadastrado com sucesso! Em breve você receberá nossas notícias.